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quarta-feira, 14 de agosto de 2024

Café Filosófico: Hamlet e o Mundo Como Palco | Leandro Karnal





"Hamlet é o personagem fundador da modernidade, dono de seu destino, ele é o primeiro personagem que vive “O Príncipe”, de Maquiavel, tem a crença no poder do eu e na glória. É dele, e de mais ninguém, o poder de se proclamar e a decisão de não se matar. Ele é, sobretudo, um grande crítico da retórica da etiqueta, dos personagens que interpretam o tempo todo e que sempre dizem apenas o que deve ser dito. Segundo o historiador Leandro Karnal, o personagem era um grande crítico da sociedade contemporânea. Hamlet é melancólico, tem uma consciência brutal e quem tem consciência brutal não sorri nem compartilha sua vida medíocre o tempo todo. Ele é o anti-facebook”, disse o historiador .Segundo o historiador, somos cada vez mais solitários porque temos cada vez mais dificuldade em estabelecer algo significativo com o mundo. Na peça de Shakespeare, o príncipe se questiona o tempo todo. O que Hamlet nos diz é: só interpretamos cenas, etiquetas e formalidades porque não aguentamos saber que todos fazem parte de um teatro. Hamlet, lembrou o palestrante, não governou seu reino, ele foi o primeiro homem livre, o primeiro homem moderno. E pagou um preço altíssimo por isso."

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Webston Moura
, administrador deste blog, é Tecnólogo de Frutos Tropicais, poeta e cronista. Natural do Ceará, Brasil, mora no município de Russas, na região do Vale do Jaguaribe. Aprendiz de Teosofia, segue a Loja Independente de Teosofistas - LIT. Tem apreço por silêncio, música, artes plásticas, bichos e plantas. É também administrador dos blogs O Caderno Livre e Só Um Transeunte.
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terça-feira, 23 de abril de 2024

Raiva de Monteiro Lobato | Mário Sérgio Cortella





Vídeo do Canal do Cortella: ljust64bhtr9T

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Webston Moura
, administrador deste blog, é Tecnólogo de Frutos Tropicais, poeta e cronista. Natural do Ceará, Brasil, mora no município de Russas, na região do Vale do Jaguaribe. Aprendiz de Teosofia, segue a Loja Independente de Teosofistas - LIT. Tem apreço por silêncio, música, artes plásticas, bichos e plantas. É também administrador dos blogs O Caderno Livre e Só Um Transeunte.
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terça-feira, 2 de agosto de 2022

A América Latina de Erico Verissimo: vizinhança, fraternidade, fraturas


Em “A América Latina de Erico Verissimo: vizinhança, fraternidade, fraturas”, o autor Carlos Cortez Minchillo (Dartmouth College) aponta como a trajetória do escritor brasileiro se aproxima com a História da América Latina, especialmente no romance O senhor e em seu relato de viagem México.

O artigo, que faz parte do volume 30, número 54 de Varia Historia, apresenta, portanto, como se desenvolve a leitura de América a partir das obras de Erico Verissimo. O trabalho pode ser acessado de forma online e gratuita pela plataforma SciELO. Acesse o link pela bio.

Imagem: Erico Verissímo

SciELO - Brasil:




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LEIA TAMBÉM: CaligemEnquanto O Sisal Amadurece O TempoAlgaAldebarã Vista Pela Primeira VezPequeno Lugar PerdidoSecretos AlfabetosLugares de SerSafiras LiquefeitasInsinuaçãoMaisTudo é Vão no Fragor de Todas as GuerrasVenturaO Preço da Passagem,  Áridos em Nós MesmosNo Verde Secreto de Seu FrenesiEnquanto O Vento Me RuminaSertãoDeclaraçãoO Ouro Rútilo dos Círculos SibilinosTu Não Ouves DebussyIdílioAnte a Flor e a Estrela Explodidas de DelíciasLíricas EstelaresO Que Sei de CorUm Pequeno Anjo InócuoO Ermo Homem da Casa AbandonadaRéquiem Para O Quasar Caído na OpacidadeAgreste, Cá Entre NósMensagemDentro do SilêncioNau Sinal e ChiaroscuroAté O Júbilo Desfazer-se Em SuspirosRomagemFastio, DianaVoltar Ao Sopro, Um PássaroO Motoqueiro do SábadoConsumaçãoViajando na MadrugadaÁvida Flama IncessanteÁguas Sob O SolO Vento Sobre As Águas, RomagemNesta Praia Sem NomeEntre O Leve e O EscassoE Tudo me Fez AntigoCinco PerasPaisagemA Casa de CristalAmareloCidade do InteriorUm Pássaro do JapãoCavalos Selvagens, Gato e PássaroDentro dePãoNuvensAmareloA Casa de CristalPaisagemCinco PerasE Tudo Me Fez Antigo, O Mamoeiro MortoO Tamarindeiro FalmboyantGoiabeiraO Guarda-ChuvaPulseira e EscapulárioA CarteiraA JarraO LivroO PianoConsumaçãoSertãoÁguas sob o SolRecessoO Vento Sobre as ÁguasTeus NomesEstranhosAquele CãoInfinitos de MimAqueles Olhos NoturnosJanela Aberta Para O MarA Surpresa da ManhãViajante VozContra O EsquecimentoAo Som de uma SalsaO CãoO RelógioImagem Sobre O EscuroUma Concha Nas MãosDe Branco e AzulPalavraPalavras SecasLi PoesiaCoisa SussurranteEnquanto Te Ouço Nas MarésTua PresençaUm Cão Dentro de Um QuartoCom Seu Inofensivo OlharUm Vulto ao VentoÉ Uma PessoaO AnjoUm Homem PacatoUm Domingo CinzaUm Distinto SenhorAquele Pôster da Marlene DietrichTempo de ViverA PedraA Cadeira VaziaO MamoeiroLembrançaO Lado Esquecido da CidadeO Olhar do RibeirinhoContra O RelógioAsa e VooDiante da ClaridadePor Um InstantePara Além da Tua BandeiraEnquanto Ela VoaQuero LevezaTomar CaféAs MãosEsmeraldas FluidasMãe Mulher TempoPassarinhoAmarelo, Grous AzuisChuva em YabakeiNo Sigilo dos Lábios, Benigno Vazio.
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quinta-feira, 12 de março de 2020

PUBLICAÇÃO DA PRIMEIRA EDIÇÃO DE "OS LUSÍADAS, de Luís de Camões



Luís de Camões


No dia 12 de março de 1572 foi publicada a primeira edição de "Os Lusíadas", de Luís Vaz de Camões, considerada "a epopeia portuguesa por excelência", que em dez cantos narra a viagem de Vasco da Gama à Índia e a aventura dos portugueses desde a fundação da nação.

A 1 de março de 2019, foi inaugurado no auditório do Camões, I.P., pelo Primeiro-Ministro português, António Costa, um mural do artista Vhils, com o busto de Camões, e cuja memória descritiva transcrevemos abaixo:

- Palimpsesto –

«Qual é significado de uma língua nos dias de hoje? É algo que cria pontes? Algo que se fez impor? Algo que nos une? Algo que facilita o crescimento económico e o interesse em criar um mercado maior? Algo que facilita a troca cultural? Algo que explora ou explorou? Algo que hoje nos transmite tudo aquilo que somos ou queremos ser através de comunicação no espaço público? Ou algo que nos transmite cultura e identidade? Algo que nos protege? Ou algo que nos afasta? Algo que nos dá? Ou que nos tira?

É tudo isso, na sua ambiguidade, e apenas será mais do que isso, quando a língua de Camões for de quem a fala hoje e não de quem a criou. A intenção desta obra é criar uma justaposição entre o passado e o futuro da utilização da imagem e da palavra de modo a expor uma época onde uma ponte se criou ou uma ferida se abriu.»

– Alexandre Farto aka Vhils


│Da página Instituto Camões



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Ver também:
- Os Lusíadas na Biblioteca digital Mundial: https://www.wdl.org/pt/item/14160/
- Os Lusíadas, por Alcir Pécora: https://www.youtube.com/GQCf8Dze5KI

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2020

CENSURA A LIVROS EM RONDÔNIA






Machado de Assis, Ferreira Gullar, Caio Fernando Abreu, Carlos Heitor Cony, Rubem Fonseca, Nelson Rodrigues, Franz Kafka e Edgar Allan Poe são alguns dos autores cujos livros a Secretaria de Educação de Rondônia mandou recolher das escolas. “A justificativa é a de que as obras contêm ‘conteúdo inadequado às crianças e adolescentes’”, conforme matéria do jornal O Globo: https://oglobo.globo.com/.


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Leia também:

quarta-feira, 29 de janeiro de 2020

"ESTA SOLIDÃO ABERTA QUE TRAGO NO PUNHO" [Resenha)






por: W.J. Solha,
em seu perfil no Facebook,
em 27/08/2019


Acabo de ler um livro MUITO estranho – ESTA SOLIDÃO ABERTA QUE TRAGO NO PUNHO, do cearense Dércio Braúna – Deleatur Editorial, 2019. Na verdade, DOIS livros: AQUI, JUNTO À CASA DA SENHORA DE HERBAIS – narrativa em XLVI partes; e POR ENTRE AS SOMBRAS, PERGUNTAR AINDA PELO MAR – com quinze poemas. O impacto foi tão forte, com o primeiro deles, que vou deixar pra digerir o segundo noutra ocasião. Foi mais ou menos o que me aconteceu quando recebi, quando vivia em Pombal ( entre 63 e 70), um disco da poderosa obra pra órgão - Tocata e Fuga em Ré Menor - , de Bach, tendo - do outro lado - a delicada Chacona – também dele - pra solo de violino. Extasiado pela Tocata, somente fui perceber a maestria da Chacona... muito depois. OK.

Mas como Santo Agostinho ao dizer que se não lhe perguntassem o que era o Tempo, ele sabia do que se tratava, mas se lhe perguntassem – nem pensar, a verdade é que não tenho o instrumental necessário pra ir fundo no primeiro livro. Porque jamais li nada de Mia Couto, nem da “Senhora de Herbais”, nem do Prémio Camões de 2007 - Lobo Antunes, e infelizmente AQUI, JUNTO Á CASA DA SENHORA DE HERBAIS, deriva diretamente, parece-me, de duas pesquisas de Braúna: a que fez em 2011 “sobre questões pós-coloniais a partir da obra do escritor moçambicano Mia Couto”, pra seu mestrado em História Social pela Universidade Federal do Ceará, e a que – doutorando pela mesma UFC – faz agora sobre as relações entre História e Literatura , com foco no pensamento sobre a História na obra de Saramago. A narradora de Braúna é portuguesa e seu pesado sutaq´h é tão carr´gado quant´u u d´ meu avô – Joaquim Solha – sempre muitíssimo pr´sente em minha m´mória. Mas tem mais: como diz o autor nas considerações finais, “sua escrita tem duas imensas forças-moventes”. Sua “alma-fulgor”, a escritora portuguesa Maria Gabriela Llansol (1931-2008), com seu “pacto de inconforto, e pesa, também, uma dívida com o também lusitano Antonio Lobo Antunes, nascido em 42, hoje aos 77 anos, Prémio Camões de 2007, dívida com seu “ modo de fazer dos signos pretextos de superfície, a fim de, através deles, conduzir ao fundo avesso da alma”.

segunda-feira, 20 de janeiro de 2020

A CASA JOSÉ SARAMAGO



A Casa José Saramago


«El libro continuaría siendo, en este y en todos los futuros, aquello que es hoy: un comentario sin prejuicios sobre casos y gente, el discurrir de alguien que quiere echar mano al tiempo que pasa, como si dijese: 'No vayas tan deprisa, deja una señal de ti'».
9 de enero de 1994
José Saramago


"O livro continuaria a ser, neste e em todos os futuros, aquilo que é hoje: um comentário sem preconceitos sobre casos e pessoas, o discorrer de alguém que quer dar mão ao tempo que passa, como se dissesse: ' não vá tão rápido , deixe um sinal de você ' ".
9 de Janeiro de 1994
José Saramago




Casa Museo José Saramago en la Isla de Lanzarote [Canary Islands] abierta de lunes a sábados desde las 10,00 h a 14,30 h. Última visita a las 13,30h.
E-mail: acasajosesaramago@gmail.com

quinta-feira, 9 de janeiro de 2020

CENTENÁRIO DO POETA JOÃO CABRAL DE MELO NETO



http://agenciabrasil.ebc.com.br/


Exatamente hoje, 9 de janeiro de 2020, comemora-se o centenário do poeta pernambucano João Cabral de Melo Neto, autor de significativa obra. Reproduzo abaixo seu perfil disposto no website da Academia Brasileira de Letras – ABL, casa da qual ele fez parte.

João Cabral de Melo Neto nasceu na cidade do Recife, a 6 de janeiro de 1920 e faleceu no dia 9 de outubro de 1999, no Rio de Janeiro, aos 79 anos. Eleito membro da Academia Brasileira de Letras em 15 de agosto de 1968, tomou posse em 6 de maio de 1969. Foi recebido por José Américo.

Filho de Luís Antônio Cabral de Melo e de Carmen Carneiro Leão Cabral de Melo. Parte da infância de João Cabral foi vivida em engenhos da família nos municípios de São Lourenço da Mata e de Moreno. Aos dez anos, com a família de regresso ao Recife, ingressou João Cabral no Colégio de Ponte d’Uchoa, dos Irmãos Maristas, onde permanece até concluir o curso secundário. Em 1938 freqüentou o Café Lafayette, ponto de encontro de intelectuais que residiam no Recife.

Dois anos depois a família transferiu-se para o Rio de Janeiro mas a mudança definitiva só foi realizada em fins de 1942, ano em que publicara o seu primeiro livro de poemas - "Pedra do Sono".

No Rio, depois de ter sido funcionário do DASP, inscreveu-se, em 1945, no concurso para a carreira de diplomata. Daí por diante, já enquadrado no Itamarati, inicia uma larga peregrinação por diversos países, incluindo, até mesmo, a República africana do Senegal. Em 1984 é designado para o posto de cônsul-geral na cidade do Porto (Portugal). Em 1987 volta a residir no Rio de Janeiro.

A atividade literária acompanhou-o durante todos esses anos no exterior e no Brasil, o que lhe valeu ser contemplado com numerosos prêmios, entre os quais - Prêmio José de Anchieta, de poesia, do IV Centenário de São Paulo (1954); Prêmio Olavo Bilac, da Academia Brasileira de Letras (1955); Prêmio de Poesia do Instituto Nacional do Livro; Prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro; Prêmio Bienal Nestlé, pelo conjunto da Obra e Prêmio da União Brasileira de Escritores, pelo livro "Crime na Calle Relator" (1988).


segunda-feira, 30 de dezembro de 2019

LIVROS DE NILTO MACIEL (I)


Alguns livros do escritor cearense Nilto Maciel à disposição no website da Estante Virtual. É só consultar: https://www.estantevirtual.com.br/


A Guerra da Donzela, novela,
l.ª ed. 1982, 2.ª ed. 1984, 3.ªed. 1985,
Editora Mercado Aberto, Porto Alegre, RS

Estaca Zero, romance,
1987, Edicon, São Paulo, SP


O Cabra que Virou Bode, romance,
1.ª ed. 1991, 2.ª ed. 1992, 3.ª ed. 1995, 4.ª ed. 1996,
Editora Atual, São Paulo, SP


Os Varões de Palma, romance, 1994,
Editora Códice, Brasília


Blog que pertencia ao escritor:


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Acesse também:

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BRINCAR COM ARMAS



http://www.topbooks.com.br/



Este livro de contos do escritor cearense Pedro Salgueiro, apresentado pela acadêmica Rachel de Queiroz e e pelo jornalista e escritor José Louzeiro, ganhou vários prêmios nacionais e internacionais. Louzeiro elogia a novidade temática e a construção formal dos contos do autor. E a respeitadíssima Rachel afirma que sua expressão lingüística é original e inteligente. [Editora Topbooks: http://www.topbooks.com.br/sinopses1.asp?chave=16&topico=Brincar+com+armas]


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Acesse:

Conversa com o autor: Editora da UFC entrevista Pedro Salgueiro


Com o objetivo de oferecer aos leitores um contato ainda mais próximo com nomes que já publicaram pela casa, bem como ampliar o diálogo com os autores que constam em seu catálogo, a Editora da UFC entrevista o escritor Pedro Salgueiro. Em uma conversa franca e descontraída no Bosque Moreira Campos, no Centro de Humanidades do Campus do Benfica, o autor nascido em Tamboril (CE) em 1964 rememora momentos importantes de sua vida e obra, destacando o papel da Universidade Federal do Ceará (UFC) em sua carreira e apontando os rumos da literatura produzida no Ceará.

EDIÇÕES UFC – Pedro, como você começou a atuar na literatura?

PEDRO SALGUEIRO – Comecei como leitor, lendo tudo o que aparecia, e aos poucos comecei a selecionar. Quando surgiu o desejo de escrever, comecei pela poesia, na década de 1980, mas outro gênero (a prosa) foi se impondo: O peso do morto foi o primeiro conto que escrevi, inspirado em um crime ocorrido nos Inhamuns. A esse tempo, em Fortaleza, os escritores já consagrados integravam o Grupo Clã (ao lado deles, surgia uma nova geração de autores). Moreira Campos, Dimas Macedo e Sânzio de Azevedo, dentre outros, foram os primeiros a incentivar meus trabalhos literários.

EDIÇÕES UFC – Que livros você publicou pela Editora da UFC e que importância teve essa parceria na sua carreira?

PEDRO SALGUEIRO – Depois da publicação do meu primeiro livro (também chamado O peso do morto) em 1995 pela Editora Giordano, de São Paulo, veio a lume no ano seguinte O espantalho, pela Coleção Alagadiço Novo, da Editora da UFC: foi a estreia na minha terra, o Ceará, aos 32 anos. Na verdade, posso dizer que a UFC é minha casa intelectual; nela, estudei durante oito anos: concluí o curso de História e cursei Agronomia até o sexto semestre, tendo de me mudar para o Recife a fim de tomar posse em um cargo público. Outro momento importante de minha história com a Universidade foi o lançamento do Almanaque de contos cearenses (1997), responsável por lançar a geração de 1990 dos nossos prosadores, no bosque que iria receber o nome de Moreira Campos. Mais adiante, em 2005, meu livro Dos valores do inimigo foi indicado ao vestibular da UFC por dois anos seguintes, e publicado pela casa: sem dúvida, foi um momento importante na consolidação da minha carreira como escritor.

EDIÇÕES UFC – Você é originário de uma cidade da região dos Inhamuns, conhecida historicamente por uma violenta luta entre famílias (os Montes e os Feitosas). Em seus contos, a violência é um tema recorrente, e, nas crônicas, você passa ao leitor a sensação de estar “exilado” na cidade grande, a ideia de que este não é o seu lugar. De que modo, a seu ver, o lugar de origem exerce uma influência sobre a temática escolhida por aqueles que escrevem?

PEDRO SALGUEIRO – Costumo dizer que minha infância foi terrivelmente feliz, e ela acabou aos 15 anos, quando tive de me mudar de Tamboril para Fortaleza a fim de cursar o Ensino Médio. A partir daí, mantive uma relação ambivalente com a capital: após me mudar para o Recife, percebi ter desenvolvido de fato uma relação afetiva com ela, e, hoje, morando em Fortaleza já há 36 anos, reafirmo essa ligação, embora minha relação com o sertão seja muito mais forte. Acredito que, na infância, o indivíduo é como uma esponja seca que absorve tudo o que lhe ocorre, por não existir ainda uma barreira chamada “razão”, a qual somente após a adolescência começará a predominar. Desse modo, a maioria dos escritores tem nessa fase inicial da vida – em que a fixação das emoções atinge toda a sua potência – uma fonte especial de inspiração. Minha relação com o sertão, portanto, é muito próxima, e aparece até mesmo no meu livro Fortaleza voadora (2007), que não enfoca apenas a capital cearense (a propósito, atualmente entregue aos cuidados de Regina Ribeiro, uma nova coletânea de crônicas deve ser publicada pela Fundação Demócrito Rocha em 2018).