https://www.facebook.com/etnomatematicasbrasis/ |
quinta-feira, 27 de dezembro de 2018
domingo, 23 de dezembro de 2018
ESSES DIAS DE CALOR
Esses
dias de calor
com que
lidamos,
a
contragosto.
As
horas consumidas
em sobreviver
enquanto
a noite se
guarda
detrás
dos ocultos.
Dado
isso,
não se
estranhe
a
exaustão
em
nossos gestos,
as
falas guardadas
atrás
da imagem,
os
olhares aguados
aos
quais nos damos
e a
vontade de fugir
para
reinos inventados.
│Autor:
Webston Moura│
sábado, 22 de dezembro de 2018
À HORA DESERTA
Dada a
pressa que julgamos necessitar,
nem nos
vemos senão nesse não-sentir.
E nos
acostumamos.
Por
isso,
à hora
deserta,
com a
rua deserta,
dá-me
vontade de correr
como
quem, nascendo,
sabe um
rio nalgum lugar
fora deste
corpo excessivamente funcional.
Por
isso,
a dança,
a anti-destreza,
o andar
como vagar,
o
sair-por-aí
que, à
hora deserta,
me tomam,
ao
menos imaginadamente.
Dada a
pressa que julgamos necessitar,
perdemos
os ciclos das coisas que vivem de graça
e só nos vemos nesse não-sentir
dentro deste corpo excessivamente funcional.
dentro deste corpo excessivamente funcional.
│Autor:
Webston Moura│
ESTA MÚSICA
Escuto
esta música
e me
retiro.
Sei:
estou aqui
(contudo,
não estou).
É meu
sentimento
que por
aí vai,
notas
harmonizadas
nalguma
máquina feliz
por
sobre uma montanha
e com
espírito de pássaro,
águas
mais adiante.
Não há
palavras exatas
para
dizer disto.
Por
isso, paro;
escuto esta
música
e me
retiro.
│Autor:
Webston Moura│
O PESCADOR ANÔNIMO
Vai-se
o sol forte; a tarde é áspera.
Na lagoa
suja de progresso urbano
o homem
simples pesca os peixes impróprios.
Sorri
ao aceno, é simples sua índole.
Ali já
está desde velhos tempos
quando havia
água que se punha pura.
Resta-lhe,
agora, como sorte última,
ir-se com
a lagoa ao cabo das forças,
esquina
final donde não se volta.
Por
ora, se apega à pesca de agora,
neste dia
pleno de rotina e fome.
│Autor:
Webston Moura│
PEDREIROS
Ardem
sob o sol mais inclemente
enquanto
erguem paredes cujo fim não lhes servirá.
Não
têm e não terão casas suas,
que a
sorte de serem o que são,
pedreiros,
tem
esta contradição:
vestir
a nudez alheia enquanto sobram nus,
seja de
casa, de melhor comida ou de futuros leves.
│Autor:
Webston Moura│
quinta-feira, 20 de dezembro de 2018
MURMURANDO
Essa
revolta concentrada há anos,
pedra escondida
sob a aparência da normalidade.
E a
vergonha de não vivê-la,
de não dizê-la,
de não fazê-la,
que só se confessa assim a miúdo
e sob
sigilo,
murmurando,
murmurando,
murmurando.
│Autor:
Webston Moura│
SOB A HORA DESCANSADA DA MANHÃ
O ar
cheira a plástico queimado:
revolta
pequena de algum morador.
É
manhã, mas maculada da mão que lhe suja.
Alguém
vai, alguém vem;
a rua,
sem ênfase, acontece.
Lá no
possível céu, cinza no cinza,
um
pássaro vagueia sob a dureza da luz.
Atrás de
si, acima, melhor dizendo,
a
promessa incerta de chuva.
O sol
começa seu ofício:
a barra
do horizonte,
entre
laranja e outros fugidios tons,
parece
alegrar-se, ainda que nebline.
Enquanto
se dissipa o odor acre,
permite-se
alguma flor subir seu aroma
e um
cão, já menos incomodado, ergue-se do sono
e,
descabido de cismas, lança-me um olhar.
│Autor:
Webston Moura│
segunda-feira, 26 de novembro de 2018
BREVE PENSAR ENQUANTO O SOL DESCE
Twilight (1909) - Umberto Boccioni |
Viajante,
sei-me estrangeiro
de passos
que já se cansam
sob
o peso da viagem.
O que
sei, saber possível
recolhido
das andanças,
já se
coloca à margem
dos
homens mais apressados,
estes
que inventam o agora
e, agitados,
alegram-se
como
quem descobre o fogo.
Velho, aprendo
a viver.
Mas,
como gastar a voz
deste saber
mais profundo
se mais
me conforta a sombra
que o rugido de mil mundos?
Por
isso, mais admiro.
Por
isso, mais observo.
E, se
me permito algo,
sinto,
pois, pena do homem.
│Poema
da Série “Tempo e Vida” – Autor: Webston Moura│
.....................................................................
Webston Moura, administrador deste blog, é Tecnólogo de Frutos Tropicais, poeta e cronista. Natural do Ceará, Brasil, mora no município de Russas, na região do Vale do Jaguaribe. Aprendiz de Teosofia, segue a Loja Independente de Teosofistas - LIT. Tem apreço por silêncio, música, artes plásticas, bichos e plantas. É também administrador dos blogs O Caderno Livre e Só Um Transeunte.
..............................................................................
[Jornal de Poesia] [Alguma Poesia] [Antonio Miranda] [Quem lê Sophia de Mello Breyner Andresen] [Agulha Revista de Cultura] [Triplov] [TriploV INFO] [Território Inimigo] [Lílian Maial] [Sibila - Poesia e Cultura] [Acrobata] [Google Artes & Culture] [BBC Culture] [Mundo Fantasmo]
PEQUENO LUGAR PERDIDO
Nogueira Régia |
É
uma nogueira,
o
que sobrou dela,
como
a oiticica,
um
pouco mais adiante,
e
estas de sem-nome
(os
quais não aprendi),
todas
mortas árvores,
paisagens
de só-triste.
Ou,
se preferires,
poemas
de pé,
palavras
guardadas
na
seiva perdida,
imagens
de pedra
que
a terra sustém,
onde
nosso amor
vive
e se comove.
Atrás
do casarão,
antes
verde-sempre,
o
pó de um milharal
extinto
de anos muitos.
Apesar
de não,
há
pessoas, sim,
o
que delas se lembra.
Conta-se
de uma moça
que
o vento sugere
vagando
no branco
da
névoa tranquila,
como se ontem fosse
e ainda houvesse
árvores e vida.
árvores e vida.
│Autor:
Webston Moura│
sábado, 24 de novembro de 2018
TEMOR
Muito é
temor.
Quase tudo
é temor.
Sente-se.
Mais:
investe-se.
Mais
ainda: reinventa-se.
Tudo que
se possa
e que
se queira
ou não
se queira,
por alguma
razão
ou por
todas,
assentadas
as imagens na cabeça,
temor.
Para-se
diante do espelho.
Ouve-se
um barulho na porta dos fundos.
Pensa-se
ser o famigerado fulano dito no rádio.
Não é.
São os gatos.
Mas, agora
é tarde: temor.
A água,
o ônibus,
o remédio,
o
vizinho,
o
carteiro,
o
açougueiro,
o
governo,
todos
juntos na conspiração.
(Ninguém
está vendo isso?!
É a
nova ordem mundial, porra!!).
Temor.
Vamos
beber?
Não! Faz mal!
│Autor:
Webston Moura│
SE VOCÊ TIVER PACIÊNCIA
São
muitos meses sem chuva,
demoras
que quase não se findam.
Neste
tempo, como o boi e o tamarineiro,
aguentar
a existência e, se der, vivê-la.
Saiba,
velho, que há tardes incômodas
a dar
mais que aquilo que pedimos!
Estão, dia
a dia, a nos cozinhar.
E,
desta enormidade vazia de molhados,
é que
te envio a poeira de um sobrevivente,
busca e
remessa de amizade e lembranças.
Todavia,
não tome por isto queixa!
Bicho
nascido e crescido, sou daqui, sou aqui.
Ontem,
à noite, fiquei sob o tamarineiro e dormi.
Eram
águas tão suaves, as que me fizeram sonho.
Assim
é, diz-se que é reinventar-se.
O
tamarineiro que o diga.
E o
boi, também.
Como diz o povo, se você tiver paciência...
│Autor:
Webston Moura│
quinta-feira, 8 de novembro de 2018
SOBRE O EDUCADOR PAULO FREIRE
Paulo Freire, um honrado brasileiro. |
Este
blog não é para estas coisas, mas eu, o administrador, resolvi postar aqui
mesmo. Vamos lá! Do perfil do professor Rudá Guedes Ricci, no Facebook, retirei
o que se vê abaixo:
“Paulo
Freire acabou com o nosso ensino”
Engraçado; ele não acabou com o
da:
Austria - Instituto Paulo Freire
Alemanha - Paulo Freire
Kooperation, Oldenburg
Finlândia - Paulo Freire Center
Holanda - Centro Paulo Freire,
Vrije Universiteit Amsterdam
Portugal - Instituto Paulo
Freire
África do Sul - Paulo Freire
Project, University of KwaZulu
Inglaterra - Freire Institute,
University of Central Lancashire
Estados Unidos - Paulo Freire
Democratic Project, Chapman University
Canada - The Freire Project
DOIS POEMAS DO NOVO LIVRO DO PEDRO DU BOIS
http://www.projetopassofundo.com.br/ |
Alguém
descobre que as cores
atuam sobre
os sentimentos: pintam
a sala
de jantar
de amarelo
e o
quarto
de azul
e o
banheiro
de
verde: despintam o demônio
em
cores retiradas do arco-íris.
Ao
branco dizem significar
abstrações.
O descolorido
envolve
sentimentos
no que
se faz anódino.
..............................................
Amo a
inconsistência da chuva
no endurecer
palavras. Contenho ternuras
no
embasar discursos. No ultrapassado
recrio
imagens: habito ocasiões
indiferentes.
Olho apenas
o
confortável: resseco dizeres
em
reencontros. Desdigo adeuses
em
divindades. Ao obstáculo
dirijo
gestos de desconfiança.
_________________________
Poemas
constantes de Tristeza & mínimo e a menor parte, de Pedro Du Bois, Projeto
Passo Fundo, 2018. Pedro mantém o seguinte blog: http://pedrodubois.blogspot.com/. Para ler outros poemas do Pedro neste blog, clique [aqui]
SERVIÇO:
Tristeza & mínimo e a menor parte (poemas)
Pedro Du Bois
Projeto Passo Fundo
quarta-feira, 7 de novembro de 2018
O RIO QUANDO O SABÍAMOS
Não vá para o fundo, dizia
a mãe.
O
rio, que passava dentro da cidade,
nem
estava tão cheio, pois era o tempo de estio.
Mas,
continha água suficiente para nós,
pequenos
aventureiros de cada manhã.
Íamos,
mas não no perigo.
Exceto
uns, por vocação de desobedecer,
atreviam-se
e subiam em árvores à beira do rio,
na
parte em que havia poços, diziam, água escura, funda.
Pulavam
e faziam algazarra, mergulhavam, eram ágeis.
De
longe, nós, os mais quietos, não os invejamos.
Gastávamos
o tempo no fazer-nada que a água dá,
além
de buscarmos, aqui e ali, piabas e outros bichinhos.
Do
outro lado do rio, uma comunidade,
gente
ainda mais pobre, sem luz elétrica,
sem
água encanada, sem filtros de barro,
enfim,
com muitas ausências,
mas
sem graves tristezas.
Sorriam
para nós enquanto passavam.
Sempre
olhávamos o sentido da corrente,
para
onde o rio se findava nalguma curva.
Que
outros povos encontrava?
Que
outras histórias percorria?
Disso
tudo,
o
rio interno que carregamos espelhado
naquele,
águas
que se foram e
que voltaram
quando
não estávamos mais lá.
Hoje,
perdendo tempo enquanto podem,
há crianças no rio,
naquele
ou no que dele restou?
│Autor: Webston Moura│
Assinar:
Postagens (Atom)
Posts Antigos
Aquário Cá Entre Nós O Homem Calado da Rua Discreta Mensagem Idílio Eu Queria Fugir Para Antje Traue Isabelle Um Homem no Escuro Aldebarã Vista Pela Primeira Vez Nau, Sinal e Chiaroscuro Tu Não Ouves Debussy Para Que Feches Os Olhos As Mãos Contra o Relógio Aquele Navio A Algarobeira Um Dia Só Até O Júbilo Desfazer-se em Suspiros O Preço da Passagem Tudo é Vão No Fragor de Todas as Guerras Enquanto O Vento me Rumina Saiu Para Dançar Contra O Relógio Asa e Voo De Passagem Densidade Restar Íntegro Entre A História e o Rumor Rosário Aquele Cão Perguntamos ao Mistério Contra O Esquecimento Na humana Paisagem Que Me Passeia Uma Canção de Olhos Fechados Tua Presença Enquanto Te Ouço Nas Marés De Soslaio A Primavera Sempre Aquele Homem Cismando Aqueles Olhos Noturnos Janela Aberta Para O Mar A Surpresa da Manhã Viajante Voz Asa e Voo Diante da Claridade Para Um Coração de Olhos Abertos É um Poeta Andando de Bicicleta Filme de Ação
Posts Recentes
A Nona Onda Ameno Acaso Peixes Paris Numa Pintura Antiga Fazer Nada Enquanto Escuto Andrea Doria Pétalas Vermelhas Labirinto Salamandra Despedida Apreço Retrato Um Dia Poema de Mário Cesariny Leila Pinheiro - "Abril" João Carlos Martins' | Bach - Concertos Para Piano e Orquestra 1-3-5 - Oficial A Inteligência do Solha U2 - "40" (Live) Branford Marsalis Quartet - Snake Hip Waltz (Live) Teca Calazans (1982) - Completo/Full Album Madredeus | "Oxalá" Natureza Morta Sítios arqueológicos brasileiros on-line Dr. Leonardo Sioufi: Física Quântica, Matemática e Filosofia | Lutz Podcast #193 Roberto Crema e Marcus Viana - KABIR - O Vaso O Canto da Cigarra Algum Lugar RUMI - Te Direi em Segredo - Roberto Crema e Marcus Viana Pó Epifania Romance Ode à Cachoeira Coisa Milagre Estranhos Passageiros Topázio Amarelo Blandícia Penitencia Historiador dos números Estalo Luzes da Cidade O Moinho Paisagem Ardente e Terna Deuses Caídos A Lagoa Golinha "Amar", de Simone Bittencourt Corpo Nunca Coisa em Falta Roteiro Sobre Como Estudar Teosofia Névoa da Manhã Imperecível