O mais
assustador é a luz, não o escuro.
Como
uma flor, a luz nasce; o olhar, não.
Carrego
a velha pessoa que sou,
lembrança
e peso, passado.
Tal à
maioria, creio, carrego
ossos imprestáveis,
óbices
cultivados (por hábito e inércia).
O tempo
me cobra oxigênio
ao corpo,
nova respiração,
uma
fagulha que se possa acender
num
instante e em todos.
O tempo
me cobra ver, querer ver,
sem delongas, agora.
O tempo
me quer à mão uma candeia
diligente,
um gesto de abrir janela e porta,
mas
não para trás.
Carrego
os olhos de imagens
já mastigadas,
maceradas
e recuperadas
em outros fantasmas.
Não as
quero!
Carrego
a consciência disso:
a violência
do revés sempre revisitado.
Sou um
homem, a carga de saber e ignorância
ajustada
ao gatilho de arrepender-se ou continuar.
Sou um
personagem:
o poeta,
parteira e parturiente
esforçando-se
para fazer a criança chorar
─ à luz do sol mais incandescente.
─ à luz do sol mais incandescente.
│Autor: Webston Moura│
________________________
________________________