domingo, 4 de dezembro de 2016

PARA ALÉM DA TUA BANDEIRA



Desconfio da tua isenção
─ os tempos são duros,
o mundo é múltiplo-caótico
                      (como sempre).
Atenha-se, módico amigo,
a pensar um pouco!
Há vida, para além da tua bandeira
(teu fígado falante e assoberbado).
Ontem, éramos mais que essa trincheira
estendida por sobre as nossas palavras,
os nossos atos e as nossas esperanças.
Hoje, malquistos mutuamente,
espreitamos, cismados, atrás de muros,
e somos menos, exceto em agonia.

Repara que o teu incêndio parte das tuas mãos.
São tuas palavras, empreiteiras de mundos,
os frutos que fabricas contra ti e contra tudo.

Queres guerras?
Quero leveza.
Não me resolvo em trânsitos de não-se-chegar
                                                           a lugar algum.

E estou sempre em voo.


│Autor: Webston Moura
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