Ouvindo
Pequeno Mapa do Tempo
e praticando
meu plano de fuga.
Você é
a cidade deserta.
Cheguei
tarde, depois da explosão.
Havia
idade em ti, outro tempo,
e você
era o algodão doce, a meus olhos.
Meus
olhos mesmo eram o acolhimento,
ainda não
haviam sentido o infortúnio.
Viam, sem
aspas e sem receios, o abrir-se
de cada
coisa que, pura e nova, era tão vida!
Você é
a cidade saqueada, agora taciturna.
Cheguei
tarde, depois do atroz.
Ao cimo
de um poste, presbítero de reveses,
um negro
pássaro espreita minha figura de sol.
Talvez
se apiede de não poder me ajudar.
Nem
canta, nem se mexe, nem nada.
As
quatro estradas vão dar aonde?
Não há
placas, sinais, indicações.
É quase
noite, preciso seguir.
Você,
que os tolos não concebem,
ausência
que se corporifica no que restou,
é a
cidade de um talvez-futuro,
quando
retornará numa estrela azul-arcano.
Por ora, apenas a cidade deserta no meu coração.
│Autor: Webston Moura │
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