“A Fantaisie-Impromptu de Frédéric Chopin em dó sustenido menor, Opus póstumo 66, é uma composição para piano solo e uma de suas peças mais conhecidas. Foi composta em 1834 e dedicada a Julian Fontana, que a publicou, apesar de Chopin ter lhe pedido para não fazê-lo.” [https://pt.wikipedia.org/]
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domingo, 1 de novembro de 2020
Fantaisie-Impromptu, de Chopin
sexta-feira, 30 de outubro de 2020
RELÂMPAGO
para uma face o mundo se ilumina
com uma claridade repentina
capaz de, só por si, fazer brilhar
e através da luz se dissemina
por entre imagens vãs, até formar
a que estes olhos quase não reagem
salvo se nesse instante o rosto for
.
transfigurado pela fantasia.
E às vezes é só isso que anuncia
aquilo a que chamamos o amor.
│Ilustração de © Sonja Wimmer
quinta-feira, 29 de outubro de 2020
VARIA HISTÓRIA, uma revista
ex-voto, 1770/Museu Regional de São João del Rei https://www.facebook.com/variahistoria/ |
1982-4343.”
Relembre hoje o artigo “Os pretos devotos do Rosário no espaço público da paróquia, Vila Rica, nas Minas Gerais”, publicado em 2016 (vol. 32, no. 59) na Revista Varia Historia e escrito por Francisco Eduardo de Andrade, professor da Universidade Federal de Ouro Preto.No artigo, Andrade analisa o significado do espaço público para a representação social negra a partir da “dimensão pessoal da devoção”, das “situações aflitivas do cotidiano” e da “corporação coletiva de classificação dos pretos da irmandade de Nossa Senhora do Rosário” enquanto aborda a “a espacialização das devoções negras e escravas, no enquadramento territorial das paróquias fronteiriças do termo de Vila Rica”. Este artigo é de acesso aberto, assim como todo o conteúdo de Varia Historia, e pode ser acessado em https://bit.ly/3ivaFip
quarta-feira, 28 de outubro de 2020
voto de pobreza - a mala.
Todos os anos vinha nos visitar.
Minha avó, sua cunhada, cozinhava doce de ameixa.
Comíamos com banana batida a garfo.
Ele me ensinou a ler e escrever cartas.
E a olhar as estrelas depois do jantar.
Era o único em que ele e o irmão, meu avô, coincidiam.
Os dois olhavam estrelas após a janta.
Todos os anos Raimundo trazia uma velha mala.
Voltava sempre com uma nova, presente familiar.
No outro ano regressava com uma mala ainda mais velha.
Raimundo morreu atropelado.
E até hoje espero religiosamente suas cartas.
SORTILEXIO DE TORQUES
que así é como te percibo.
A ti, que me pretendes
con versos bensentidos,
con rosas de namorar,
con sortilexio de torques
e viaxe de agarimo.
A ti, meu amigo,
que non me faltes, solo pido.
Que este NON que eu pronuncio
non te manque.
Que de meu lado non te afaste.
Que sexa perenne teu latido
nunca lonxe do meu camino.
A ti, benquerido,
druída,
poeta,
branco e tinto,
que apareces de improviso
e pretendes un SÍ o unísono,
cando menos eu o preciso.
Non quixera dotarte de corazón malferido.
Non quixera soterrarte no carreiro do olvido.
Minas ás, xa grandes, non precisan cautivo
se non ar libre no que voar ao meu ritmo.
Amigo, preciso.
Amante, lonxe e esquivo.
│Fotografia: Looking Outside, de Kinga Cichewicz
terça-feira, 27 de outubro de 2020
ENQUANTO CHOVE
a uma distância de quase me molhar,
escutando a natureza inteira derramar-se,
paz.
e eu nem o percebo,
como também não percebo
a força enorme e inteira
de cada planta crescendo.
inteira vida,
sem esses remendos brutos
que fazemos.
"No início o resquício" - excerto de poema de Pedro Du Bois
surpreende quem se aproxima
trazido pelo imponderável.
contempla: calores
abrasam a finitude
até as cinzas
se fazerem
pedras logo
adiante.
indevido o esforço.
olhos perduram
sobre a presa:
a certeza do propósito.
apagadas o predador
sente cansaço: a presa mede
distâncias
com olhos
diagramados.
se confunde: onde os olhos
se desinteressam?
remanesce a dúvida
pelo incomparável.
se reapresenta em murmúrios
e palavras
e gritos
e atos.
DESCONSOLO
sei que bem não nos vemos,
apesar do trajeto comum,
esta rua nossa descalça de pavimento,
este nosso conviver cego, silencioso,
diria mesmo alienado
– eu do senhor e o senhor de mim
e nós, suponho a vós também, do mais
que poderíamos ser nesta vida.
a sina de pagar por tudo
a outros senhores que nos querem
apenas braços, votos, disciplina
e docilidade escrava, coisas amansadas
que somos, vozes amiudadas.
Rogo-vos nada mais
que a escuta a este lamento!
E se tiverdes um, também o escutarei.
Quem sabe, canção se faça entre nós,
ao menos para não nos doermos sós,
tão sós, ensimesmados de medo.
abandonado bicho!
Cata aqui e ali.
Algures consegue água,
um pouco de comida
e até a atenção dalguma alma caridosa.
Poesia
nunca lerão um poema.
que bebem café,
tomam banho de rio,
têm filhos e um cachorro.
conhecerão meus versos.
nos meus versos?
Que tenho saudade de casa?
Que há noites em que fico sem dormir?
talvez melhor seja
telefonar a cada um desses homens.
que não se pode contar?
para ajudar a rimar.
_____________________
Sérgio Queiroz de Medeiros – Mossoroense-RN, 1981. Autor de “Um lugar azul” (2009), “Para ler na chuva” (2012). O poema acima faz parte do livro “Guardados”, publicado pela Sarau das Letras, em 2019. Um blog: umlugarazul.
ESPAÇOS EM BRANCO, de Tânia Du Bois
http://projetopassofundo.com.br/ |
Tania Du Bois – Residente em Balneário Camboriu, SC. Pedagoga, articulista e cronista. Autora de: O Exercício das Vozes"; Amantes nas entrelinhas; O eco dos objetos; Comércio de ilusões; Autópsia do invisível; Vidas desamarradas; Arte em movimento; Entrelaços; A linguagem da diferença, etc. Onde encontra-la: Recanto das Letras [tâniadubois], Letras et cetera [nanquin]; Projeto Passo Fundo [projetopassofundo]
terça-feira, 29 de setembro de 2020
BASTANTE
- no arremedo improcedente
das ausências me apresento
à luta: ponto
engajado em guerras
vespertinas: compro
avisa sobre o corpo: velho
o aviso na porta indica a saída
que essa luta não é minha.
│Autor: Pedro Du Bois
│Do blog do autor: http://pedrodubois.blogspot.com
OUTONO
Por não sei que pintor.
Nunca vi tanta cor...
Tão colorida!
Se é de morte ou de vida,
Não é comigo.
Eu, simplesmente, digo
Que há tanta fantasia
Neste dia,
Que o mundo me parece
Vestido por ciganas adivinhas,
E que gosto de o ver, e me apetece
Ter folhas, como as vinhas.
O LUGAR DA CASA
deserto; que nem casa fosse;
só um lugar
onde o lume foi aceso, e à sua roda
se sentou a alegria; e aqueceu
as mãos; e partiu porque tinha
um destino; coisa simples
e pouca, mas destino:
crescer como árvore, resistir
ao vento, ao rigor da invernia,
e certa manhã sentir os passos
de abril
ou, quem sabe?, a floração
dos ramos, que pareciam
secos, e de novo estremecem
com o repentino canto da cotovia.
SEM OUTRO INTUÍTO
à água para o silêncio vir à tona.
O mundo, que os sentidos tonificam,
surgia-nos então todo enterrado
na nossa própria carne, envolto
por vezes em ferozes transparências
que as pedras acirravam
sem outro intuito além do de extraírem
às águas o silêncio que as unia.
│ LUÍS MIGUEL NAVA, in VULCÃO (Quetzal Editores, 1996); in POESIA (Assírio & Alvim, 2020)
│Fonte: Quem lê Sophia de Mello Breyner Andresen