No fim da tarde, o vento e a amizade.
O homem
de pouca conversa,
com uma
gaiola sem canário
e uma
coleção de gravatas borboleta.
Comprava
o jornal, tomava o café,
fumava,
punha-se a olhar a cidade,
passeava
praças e ruas.
Sabia dos
terminais de ônibus
e do
preço dos legumes.
Era de
pouca conversa
e,
assim, não lhe apetecia
dar-se
ao saber alheio mais que
o
exposto em sua figura.
O mais
era a imaginação dos outros.
Comer,
dormir,
banhar-se,
vestir-se,
tomar
sabência
da
pressão arterial
e do
fígado,
ver
subir e descer
governos,
pagar
impostos
e
taxas.
Abria,
entrava
e
fechava
aquela
porta.
Sua
casa,
aquela
das janelas que só
às vezes
eram abertas:
nada se
via de mais.
(Nas
nuvens do peito,
ao som
do Hyperborea,
Teresa
dançava enamorada
de Vinícius
de Moraes
─ e
ninguém sabia).
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NOTA:
1. Hyperborea refere-se a um dos álbuns da banda alemã Tangerine Dream.
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│Autor: Webston Moura │
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Interessante e belo o jogo com que as palavras nos envolvem em curtos dribles. Abraços.
ResponderExcluirGrato, Pedro! Abraços!
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