Nada
sou fora do meu corpo.
Não
existo alhures: cá estou
nesta geografia
que se vai no tempo
e sente
enquanto vive e suporta.
Quando
digo “coração”, sei que lhe cabe
a Alpinia Purpurata e o Blueberry.
Mas,
sem miocárdio, o músculo em si,
nenhuma
massa que se diga mundo
(o ser
que por mim passeia,
denso
corpo que sou)
existiria.
Careço,
não por capricho,
de água,
arroz e teto
(o
tanto quanto de fala,
escuta
e carinho).
Mais
que isso:
careço,
com este eu-corpo,
existir
sem medo e andar livre
por
livres ruas, vento a me lamber a pele.
Por
condição, corpo acirrado,
matéria
organizada em sistemas e aparelhos,
componho-me
insistência de vida
que se entende com estrelas e paredes
― não sem alguma luta.
│Autor: Webston Moura │
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