A
cidade nova
traz um
aroma de sol-de-suor,
dos
operários
que lhe
atravessam incansáveis,
da
grama pelos quintais sem verdor.
Tomada
de uma outra fauna
(bichos
que se movem
na ferida
do pó vermelho),
a cidade
pulveriza meu pensamento;
detona-se-me!;
constrói-se
num corpo paradoxal
sobre a
ossatura do pensador ―
pois
que já ele anunciara
este grandiloqüente
funeral
que
adoeceu o domingo
das
crianças no parque.
Nova
Jaguaribara, outubro/2001
│Autor: Dércio Braúna │
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# Poema constante de O Pensador do Jardim dos Ossos; Edição do Autor, 2005.
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* Dércio Braúna é poeta, contista,
historiador; autor de O pensador do jardim dos ossos, A selvagem
língua do coração das coisas, Metal sem húmus, Como um cão
que sonha a noite só, Uma nação entre dois mundos: questões
pós-coloniais moçambicanas na obra de Mia Couto e Nyumba-Kaya: Mia Couto e a
delicada escrevência da Nação Moçambicana.
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