terça-feira, 22 de dezembro de 2020
Livro investiga o aparecimento da figura do editor no Brasil
segunda-feira, 19 de maio de 2025
Inteligência artificial ajuda a distinguir galáxias espirais das elípticas

ESA / Hubble & NASA
Uma equipe internacional liderada por astrofísicos do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF) classificou o formato de cerca de 164 mil galáxias visíveis no céu do hemisfério Sul com o emprego de dois algoritmos de inteligência artificial desenvolvidos no país. O primeiro analisou as imagens e identificou objetos que poderiam comprometer a categorização das galáxias de acordo com seus contornos, como a presença de um corpo extremamente luminoso no campo de visão. Atribuiu ainda a cada imagem qual era sua probabilidade de ser útil para determinar a forma de uma galáxia. O segundo algoritmo fez a classificação em si desses enormes agrupamentos de bilhões de estrelas a partir da distribuição e concentração dos menores pontos luminosos (pixels) que compõem as imagens. Foram usados no estudo registros das galáxias obtidos pelo telescópio robótico brasileiro T80S, em funcionamento no Chile desde 2016.
quinta-feira, 4 de agosto de 2022
Invasões caribenhas
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Desenho feito em meados do século XIX do boto-cor-de-rosa da Amazônia, mamífero aquático cujos ancestrais viriam do mar do Caribe |
DEA / Biblioteca Ambrosiana / Getty Images
O boto-cor-de rosa (Inia geoffrensis) povoa o folclore brasileiro e os rios amazônicos deixando a impressão de ser uma espécie que não pertence totalmente ao ambiente que a rodeia. Pesquisas recentes corroboram essa percepção. Os ancestrais do maior golfinho conhecido de água doce seriam originários do Caribe e teriam chegado à região a bordo de incursões do mar da América Central pelo noroeste da Amazônia entre 23 e 5,3 milhões de anos atrás, durante a época geológica denominada Mioceno. Não há consenso sobre a frequência, a duração e a extensão dessas invasões das águas do Atlântico caribenho, que devem ter influenciado a formação da atual fauna e flora amazônica. Um novo estudo defende a hipótese de que essas infiltrações marinhas teriam sido em maior número ou mais intensas do que indica boa parte da literatura científica, uma visão alternativa que começou a ganhar corpo nos últimos cinco anos.
“Consideramos dois cenários possíveis”, explica o palinólogo Carlos D’Apolito Júnior, da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), um dos autores de um artigo publicado em agosto de 2021 no periódico científico Global and Planetary Change. “Teria havido três eventos de incursão marinha, em vez dos dois usualmente considerados, ou o segundo teria sido mais duradouro e se espalhado por uma área maior.” Assinam o estudo com D’Apolito a palinóloga Silane Caminha, também da UFMT, e o mestrando Bruno Espinosa, que é orientado por D’Apolito.
A proposta é amparada em dados produzidos a partir da análise de grãos de pólen obtidos de um poço perfurado pelo Serviço Geológico do Brasil (CPRM) no município amazonense de Atalaia do Norte, na bacia do rio Solimões, perto da tríplice fronteira entre Brasil, Peru e Colômbia. A uma profundidade de 34 metros abaixo da superfície, quase 20% dos 374 microfósseis orgânicos estudados eram provenientes de algas do plâncton marinho, um indício de que a água salina do mar um dia penetrou naquela região. A camada geológica de onde provêm as amostras é a menos profunda da Amazônia em que foram encontradas evidências de seres de origem marinha. Sua idade é estimada entre 11 e 10 milhões de anos atrás.
domingo, 19 de novembro de 2023
Sítios arqueológicos brasileiros on-line
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Inscrições rupestres de cerca de 6 mil anos em Pedra do Ingá, na Paraíba Claudio JJ / Wikimedia commons |
Sabe qual o sítio arqueológico mais antigo do Brasil? E o mais próximo da sua casa? Essas informações estão disponíveis no site do projeto Brazilian Radiocarbon Database. Construído pela equipe do arqueólogo Lucas Bueno, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), o site reúne 3.769 datações de 1.249 sítios arqueológicos brasileiros registrados no Cadastro Nacional de Sítios Arqueológicos (CNSA). No ar desde 2021, permite aos usuários colaborar para a atualização das informações. Bueno e seus colegas completaram os registros do CNSA com informações de 459 documentos (artigos científicos, teses e dissertações) sobre a localização dos sítios e a idade de materiais neles encontrados. Um mapa interativo permite acessar informações de cada sítio, com o número de datações realizadas e datas mais antigas e mais recentes. As mais longínquas são dos sítios Abrigo do Morro Furado, na Bahia, e Boqueirão da Pedra Furada, no Piauí, ambos com cerca de 40 mil anos. “Uma rápida comparação entre a quantidade de sítios para os quais conseguimos, até o momento, reunir dados sobre datações radiocarbônicas e a quantidade de sítios registrados hoje no CNSA, dá uma dimensão do que precisa ser feito”, afirmam os autores em um artigo científico no qual descrevem o projeto (Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi, 2023).
Este texto foi originalmente publicado por pesquisa FAPESP de acordo com a licença Creative Commons CC-BY-NC-ND. Leia o original aqui.
terça-feira, 2 de agosto de 2022
Como a ciência ajuda a preservar o ambiente
O programa Biota-Fapesp completa vinte anos colaborando com bases científicas para a criação de áreas de conservação e a busca por um desenvolvimento sustentável em São Paulo.
Este texto foi originalmente publicado por pesquisa FAPESPde acordo com alicença Creative Commons CC-BY-NC-ND. Leia o original aqui.
quarta-feira, 28 de junho de 2023
As viagens das tartarugas marinhas
|por: Maria Guimarães
São animais discretos na água e em terra parecem vulneráveis demais, quando se arrastam pela areia em busca de onde depositar os ovos. No mar, as tartarugas-de-pente estão em casa e, deslizando debaixo d’água, podem migrar de uma área de reprodução nas ilhas Seychelles, no oceano Índico, para alimentar-se no Atlântico, na região de Fernando de Noronha. São pontos com latitudes muito próximas, mas para chegar de um a outro é preciso contornar a África, o que elas parecem fazer quase como se fossem do quarto à cozinha, mesmo que raramente. A geneticista Sarah Vargas, professora da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), quer entender melhor esses trajetos, em parte para indicar áreas que possam ajudar a evitar a extinção da espécie, considerada criticamente ameaçada pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês). O trabalho da pesquisadora já trouxe uma boa notícia: essas tartarugas, famosas por desovar no lugar onde nasceram, parecem ter alguma flexibilidade em suas rotas, de acordo com artigo que será destacado na capa de uma das próximas edições da revista Journal of Heredity.
quinta-feira, 30 de novembro de 2023
Musgos são grandes sumidouros de carbono
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Os musgos foram uma das primeiras plantas a conquistar o ambiente terrestre, há quase 500 milhões de anos Lyou Yin/Wikimedia Commons |
por: Guilherme Eler | edição 329 - julho de 2023 | Revista Pesquisa FAPESP
Solos cobertos por musgos absorvem da atmosfera anualmente 6,43 bilhões de toneladas de carbono a mais do que ambientes terrestres não revestidos por esse tipo de vegetação. O valor, calculado por um estudo internacional publicado em maio na revista científica Nature Geoscience, equivale a mais de seis anos de todas as emissões globais de carbono associadas a mudanças no uso da terra, como a transformação de trechos de florestas em áreas agrícolas ou de pastagens. Como todos os vegetais, os musgos captam, por meio da fotossíntese, dióxido de carbono (CO2) e contribuem para diminuir o nível desse gás na atmosfera, principal responsável pelo aumento do efeito estufa, que provoca o aquecimento do clima global.
O trabalho, que contou com a participação de pesquisadores radicados no Brasil, também calculou a área do planeta ocupada por esse tipo de vegetação: 9,4 milhões de quilômetros quadrados (km²), território quase igual ao da China. Essa extensão foi projetada a partir da coleta de amostras de musgos de 123 ecossistemas de todos os continentes.
Ao contrário das chamadas plantas vasculares (árvores, arbustos, ervas e samambaias), os musgos são um tipo de vegetal, do grupo das briófitas, que não apresentam reforço de lignina em sua parede celular. Por isso, eles não dispõem de partes lenhosas, rígidas. Os musgos foram uma das primeiras plantas a conquistar o ambiente terrestre, há quase 500 milhões de anos. São especialmente importantes nos lugares onde as plantas vasculares não sobrevivem e podem forrar o chão de florestas e campos, além de crescer no tronco de árvores e rochas. Hoje abrangem pelo menos 12 mil espécies vegetais, espalhadas por todos os continentes.
terça-feira, 21 de junho de 2022
O mistério de uma nau portuguesa
segunda-feira, 16 de junho de 2025
Alteração em quatro genes pode explicar o gigantismo das baleias
Mecanismos moleculares envolvidos no processo parecem proteger os animais contra o câncer. Artigo de Letícia Naísa, da Revista Pesquisa FAPESP ![]() |
Baleia-azul na costa oeste norte-americana: pode chegar a 30 metros de comprimento Saintsfc / iNaturalist |
Como um animal que há quase 50 milhões de anos era do tamanho de um lobo, com 1,6 metro (m) de comprimento no máximo, deu origem a outro que pode chegar a 30 m? Essa foi uma das perguntas que moveu a bióloga Mariana Nery e sua equipe no Instituto de Biologia da Universidade Estadual de Campinas (IB-Unicamp) a investigarem a evolução molecular dos genes dos cetáceos gigantes, como as baleias-azuis. Eles estão entre os maiores animais que já existiram na Terra, incluindo os dinossauros, afirma Nery. “A evolução desses animais é uma história maravilhosa”, comenta a bióloga.
Nas últimas décadas, muito se aprendeu sobre essa história por meio de fósseis muito bem preservados. Nery e sua equipe se concentraram em um material menos explorado: o molecular. Em um artigo publicado na revista Scientific Reports nesta quinta-feira (19/1), os pesquisadores brasileiros apresentam os resultados de uma análise de nove genes previamente associados ao tamanho grande de cetáceos. Em pelo menos quatro genes – GHSR, IGFBP7, NCAPG e PLAG1 – foram detectados indícios evolutivos de que houve forte seleção natural pelo gigantismo nessa linhagem. “Esses genes são excelentes candidatos a serem os responsáveis, ao menos em parte, pelo tamanho enorme dos golfinhos e baleias”, explica. Eles também aparentam estar envolvidos em mecanismos de supressão de câncer, atuando no controle de divisão, migração e desenvolvimento celular. O artigo é resultado da pesquisa do biólogo Felipe Silva, estudante de mestrado orientado por Nery. As análises foram feitas com base em bancos de dados já existentes com genomas sequenciados de cetáceos.
terça-feira, 7 de novembro de 2023
Historiador dos números
por: Christina Queiroz, em 19 de maio de 2021
Teórico da educação matemática e pioneiro na área da etnomatemática, campo de estudos que analisa a aplicação do conhecimento matemático em diferentes universos culturais, Ubiratan D’Ambrosio morreu no dia 12 de maio, aos 88 anos, em São Paulo. Era professor emérito da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e docente do Programa de Pós-graduação em Educação Matemática do Instituto de Geociências e Ciências Exatas da Universidade Estadual Paulista (Unesp), campus de Rio Claro. Deixa a mulher, Maria José, um filho, quatro netas e duas bisnetas.
Paulistano, D’Ambrosio graduou-se em matemática pela Universidade de São Paulo (USP) em 1955. Defendeu o doutorado em matemática pura, em 1963, na mesma universidade. Também foi professor na Escola de Engenharia de São Carlos, na Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas) e na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Rio Claro. Ao longo de sua trajetória profissional, lecionou no Programa de História da Ciência da PUC-SP, no Programa de Pós-graduação da Faculdade de Educação da USP e foi professor visitante no Programa Sênior da Universidade Regional de Blumenau (Furb).
terça-feira, 17 de dezembro de 2019
SOBRE COMO MACHADO DE ASSIS FOI RECEBIDO PUBLICAMENTE
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Escritor Machado de Assis |
segunda-feira, 20 de setembro de 2021
A cena mais antiga
Uma cena com porcos nativos da Indonésia é possivelmente a pintura figurativa mais antiga atribuída a seres humanos modernos (Homo sapiens) identificada até o momento. A equipe coordenada pelo arqueólogo Adam Brumm, da Universidade Griffith, na Austrália, encontrou em 2017 o painel em que estão representados ao menos três exemplares do suíno na caverna Leang Tedongnge, que integra o complexo de grutas calcárias Maros-Pangkep, na porção sul de Sulawesi, a maior ilha da Indonésia. A datação de sedimentos acumulados sobre a pintura indica que tenha sido realizada há pelo menos 45,5 mil anos. Na interpretação dos arqueólogos, a imagem, produzida com pigmentos à base de óxido de ferro, que lhe dão o tom avermelhado, retrata um exemplar de porco verrugoso de Sulawesi (Sus celebensis), suíno de porte médio endêmico da região. A cena é composta por ao menos mais dois exemplares do animal, que estão incompletos por causa da esfoliação da parede da gruta (Science Advances, 13 de janeiro). Anos atrás o grupo de Brumm havia encontrado uma pintura de porco datada em 43,9 mil anos em outra caverna da região. Essas representações seriam as evidências mais antigas da presença de seres humanos modernos nas ilhas que compõem a atual Indonésia. Na Espanha, existem pinturas rupestres mais antigas, com idade estimada em 65 mil anos. Elas, no entanto, são atribuídas aos neandertais (Homo neanderthalensis), uma espécie de seres humanos arcaicos, e não são figurativas.
Este texto foi originalmente publicado por Pesquisa Fapesp de acordo com a licença Creative Commons CC-BY-NC-ND. Leia o original aqui.
sábado, 6 de abril de 2024
Ação humana transformou 89% da Caatinga
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Desmatamento e queimada eliminam a vegetação nativa e facilitam a ocupação humana (Embrapa Semiárido) |
Carlos Fioravanti | Revista Pesquisa FAPESP - Edição 335 - jan. 2024
A expansão da agricultura, da pecuária e do desmatamento tem causado mudanças drásticas na Caatinga. As áreas agrícolas e pastagens abandonadas ou em uso cobrem 89% desse bioma, único inteiramente brasileiro, que se espalha por 10 estados do Nordeste e Sudeste. Restam apenas 11% da área coberta pela vegetação típica do Nordeste, em comparação com a que deve ter existido, sob as mesmas condições de clima e solo, antes da ocupação humana, de acordo com análises de biólogos das universidades federais da Paraíba (UFPB) e de Pernambuco (UFPE) publicadas em outubro na revista Scientific Reports.
“A Caatinga resiste ao clima e a temperaturas mais altas, mas não à mão do homem”, observa o biólogo da UFPB Helder Araujo, principal autor do estudo. Com seus colegas, ele refez a área de florestas e de vegetação arbustiva da Caatinga por meio de um método chamado modelagem de distribuição potencial de espécies, com indicadores como aves de florestas atuais e mamíferos herbívoros que viveram no atual Nordeste há milhares de anos.
Em seguida, os pesquisadores acrescentaram informações sobre a cobertura vegetal atual da Caatinga, publicadas pela organização não governamental MapBiomas, o clima, da plataforma WorldClim, e as modificações humanas na região apresentadas na revista Scientific Data em agosto de 2016. A análise das transformações em 12.976 hexágonos com 5 quilômetros quadrados (km²) cada um evidenciou as áreas que permaneceram cobertas por floresta e as que foram ocupadas por uma vegetação de menor porte. “A maior parte da área potencialmente ocupada por floresta hoje é tomada por arbustos”, observa Araujo.
domingo, 24 de setembro de 2023
Heide Hackmann: Conhecimento unificado
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Hackmann: intenção de ampliar a articulação entre a produção científica e a elaboração de políticas públicas Léo Ramos Chaves |
Criado em julho de 2018, o International Science Council (ISC) é uma organização não governamental com sede em Paris, na França, que nasceu da fusão entre um conselho voltado às ciências naturais, o International Council for Science (ICSU), e outro dedicado às ciências sociais, o International Social Science Council (ISSC). Em entrevista à Pesquisa FAPESP, a CEO do ISC, a sul-africana Heide Hackmann, doutora em ciência e tecnologia pela Universidade de Twente, na Holanda, conta que a união das organizações visa fomentar pesquisas transdisciplinares em áreas como desenvolvimento sustentável e tecnologias digitais, além de ampliar a articulação entre o conhecimento científico e a formulação de políticas públicas. Hackmann esteve em São Paulo em maio para participar da reunião do Global Research Council (GRC), um encontro anual de agências de fomento de todo o mundo.