O
slogan do Djavan bem poderia ser “CADA VEZ MELHOR”, tal é a notória evolução de
sua arte no tempo. Neste disco, “Novena” (Sony, 1994), a primeira música, “Limão”,
inicia-se assim: “O véu luminoso do sol na bruma / Cobre a Serra molhada / Por
um buraco na névoa / Vara a espada de luz / Libertando a terra, ao tocá-la”. Poesia, sua letra,
mas não apenas. Poesia em tudo, em todos os aspectos, o que inclui a maneira
com que Djavan canta. Em “”Aliás”, “Existem coisas que o amor diz / Com aquela
coisa a mais / De quem é feliz / Joias caras produzidas no coração / Tiaras sem
fim / Guardo essas luzes pra te servir”. Precisa mais? Sim, precisa ouvir, se é
que já não ouviu. E, se ouviu, já guardou na alma.
domingo, 13 de maio de 2018
SUA IMAGEM PLANTADA NO SILÊNCIO
Já vai
alto o sol, mas ainda é manhã.
Hoje,
dia de ócios, os homens se recolhem.
Seus
pensamentos crescem e se afundam.
Uns,
tristes; outros, serenos e leves.
Aqui,
rua mais adentro,
onde,
por sorte, não há bares,
nem outros
quaisquer divertimentos,
apenas
discretos pássaros chegam.
E os
cães, com olhos mansos, nos olham.
Este é
o tempo-ilha,
longinquidades,
léguas
de sertão,
aquela
casa de alpendres brancos
que se
divisa e se deseja,
sua
imagem plantada no silêncio
e seu
todo desapego.
│Autor:
Webston Moura│
Fonte
da Imagem: Google Imagens
UMA GAIVOTA REPENTINA
(Pois
que uma gaivota invade
o
espaço e os nossos olhos seguem o voo
até ela
sumir-se no escuro)
Como nunca
os vemos,
dizemos
ser a chuva e o tempo os nossos obstáculos.
Aqueles
homens, invisíveis assim aos nossos olhos,
olhos desgastados,
verdade se diga,
o que
são, pois, para nós?
Os nomes
aborrecidos que conseguirmos em nossas bocas.
E
seguimos nós com os nossos secretos silêncios.
(Até
vimos uma gaivota onde ela não poderia!)
│Autor: Webston Moura│
Fonte da imagem: Google Imagens
SECRETOS SILÊNCIOS
A rua
deserta, chuva leve, noite.
Mas há
um homem à beira do poste.
A luz o
cobre, mas não o revela.
Por um
instante, imagino sobre.
A
singularidade, aquela vida.
Que
história dali se poderia?
Casado?
Solteiro? Gente de bem?
Pai? De
longe? De perto?
Há mais
homens em ruas desertas
e em
quantas chuvas demoradas, embora leves.
E não
os vemos senão secretos silêncios intransponíveis.
Nunca
os vemos.
│Autor:
Webston Moura│
Fonte
da imagem: Google Imagens
sábado, 12 de maio de 2018
AQUELE INSTANTE ANTES DA CHUVA
[Enquanto escuto o lindo
Bright Size Life (1976),
de Pat Metheny,
especialmente a faixa “Sirabhorn”]
...............
Ao
alto, o som da água caindo,
como se
relógio fosse,
a caixa
d’água no escuro,
madrugada
úmida.
Vai
chover.
Há
calor espalhado, abafamento,
densidade
crescente no ar.
Porém,
estou protegido.
Decifro,
a partir de uma antiga arte,
uma figura
em vermelho, O Fantasma,
sua
companheira, Diana Palmer,
e seu
cão, Capeto.
Quadro a
quadro, uma estória,
um lugar
distante,
males
que precisam de combate,
os
ardis e, por fim, o desfecho.
Fantasia.
Perco o
tempo, dizem,
pois, com
esses passatempos de demoras tolas,
não
estou a erguer os dias onde todos se congregam.
Mas,
pergunto
eu aos homens-força
se já ouviram
os tambores de Bengala na floresta.
Ouviram?
E, de
pé,
com os
olhos fechados,
nus em
seus quartos,
girando
leve,
souberam-se
vivos,
assim
vivos desprovidos de disfarces?
│Autor: Webston Moura│
Fonte
da imagem: Google Imagens
AINDA BEM QUE TOCOU ESSA MÚSICA SUAVE
Sim,
eu também tenho o meu “lado brega”, como se costuma dizer de todo aquele que,
mesmo de modo leve, gosta do Roberto Carlos. Considero bons e agradáveis todos
os discos dele do início da carreira até o final dos anos 1970. E este que
comento é de 1978, quando eu era uma criança e seguia minha mãe nesta viagem
sentimental naquelas manhãs em que ela ligava a velha radiola e colocava o
vinil tocando alto. O álbum leva o nome do autor, como outros, coisa de rei,
não é? Aos primeiros acordes de “Fé”, lá estava eu envolvido pela música. Com o
passar do tempo e o amadurecimento, pude crescer meu coração para apreciar, com
ternura, “A Primeira Vez” (canção que me lembra a primeira namorada), “Música
Suave” ─ “Ainda bem que tocou / Essa
música suave ? Eu posso dançar com você / Como no passado” ─, o clássico “Café
da Manhã” e a misteriosa “Por fin Mañana”, onde se ouve: “Por fin, mañana / Tendré la dicha / De Tomarte entre mís brazos”. Meus
caros amigos, caso possam, escutem, que hoje é sábado, um dia para relaxarmos
um pouco e, quem sabe, reencontrarmos doces lembranças. Este disco é muito bom
para isso. Acho que tem no youtube.
OBS.: O título do post é, por certo, versos de "Música Suave"
Fonte da imagem: Google Imagens
INSÍDIA
Invisíveis,
como os
perfumes
ou os
sentimentos,
aquele
não-sei-quê
que
alho não é,
tampouco
laetitia indiana antiga,
ainda
menos a docilidade das brisas,
estes
todos venenos que a lei permite e o mercado impõe.
Para a
nossa saúde & bem-estar.
│Autor: Webston Moura │
_________________
NOTA DO AUTOR:
Poema inspirado num post do Greenpeace, lá no Facebook, cuja imagem peguei de empréstimo (a que se vê acima), e cujo texto (do post, obviamente) reproduzo a seguir:
"Esses deputados
querem colocar mais veneno em nosso prato! O Ministério Público Federal diz que
o PL 6299/2002 é inconstitucional. A ANVISA, a Fiocruz, o INCA, o IBAMA e o
Conselho Nacional de Direitos Humanos repudiam o projeto. Mais de 100 mil
pessoas e 300 organizações da sociedade civil são contra. Mas eles preferem
ignorar a opinião dos cidadãos! Entenda e confira quem é a favor deste absurdo
>> https://act.gp/2rAWy2P"
DE MÃOS VAZIAS
De mãos
vazias,
como uma
criança em primeiros passos,
para receber
o susto que os trovões dão,
a
surpresa dos ciclos naturais,
a
paciência eficaz das lagartas sobre o milho.
De mãos
vazias,
como uma
criança domingando o tempo inteiro,
para
viver ─ adultos dizem descobrir ─ e nada mais.
De mãos
vazias:
assim,
teus olhos me chegarão
e eu
não terei analgésicos contra,
nem customizarei
qualquer cor erguida espontânea.
│Autor:
Webston Moura│
Fonte da imagem: Google Imagens
sexta-feira, 11 de maio de 2018
ÁSPEROS RUÍDOS
Gritos.
O
branco da parede.
A
luz que se vai crescendo, dia a dia.
Os
sons, tantos sons, tantos, de onde chegam?
(De
repente, tudo escuro)
Quem
está aí?
A
mão, estranha mão de homem escondido
nas bem cuidadas folhas do Estado.
(Agonia)
Amanhã,
quem sabe não haja uma chuva imensa,
chuva
que derrube estas paredes e me leve,
me devolva aos olhos de quem deixei?
Era
uma segunda-feira normal quando fui abduzido.
Que
dia é hoje?
Em
que ano estamos?
__________
NOTA:
Este
despretensioso poema, escrito ainda hoje, veio-me por conta da matéria que
vi sobre novas revelações acerca de execuções de presos políticos no período da
Ditadura Civil-Militar (1964-1985), em especial durante o Governo do presidente
Geisel. Afirmo que não devemos esquecer, pois assim podemos evitar repetir.
Apesar das falhas, que são muitas, VIVA A DEMOCRACIA! Para
mais, acesse o website MEMÓRIAS DA DITADURA: http://memoriasdaditadura.org.br/
terça-feira, 1 de maio de 2018
segunda-feira, 23 de abril de 2018
"CONTOS DE AREIA", de Chico Alves d'Maria
O
poeta e contista David de Medeiros Leite enviou-me, via Correios, este bonito
livro do Chico Alves d’Maria, sua estreia em contos. Boas estórias,
com o sabor das coisas nordestinas!
Chico
Alves d’Maria é o atual pseudônimo de Francisco Alves Filho, nascido em Areia
Branca-RN, 1955. É engenheiro, poeta, escritor, compositor, letrista, cantor e
ator. Com o nome artístico de Kiko Alves, participou de vários festivais de
música, como o Festival do SESI, FORRAÇO, FMPB, promovido pela FM Universitária
e MPBeco, gravou dois discos autorais e teve participação em vários outros
discos. Como ator, participou de espetáculos teatrais pela Stabanada Cia De Teatro
e em comerciais de televisão, tendo também atuado como figurante no filme “O
duelo”, lançado em 2015. Como poeta, publicou em 2016 o livro “Ancoradouros”.
Agora, lança o seu primeiro trabalho em prosa, “Contos de Areia”. De sua
autoria, lei os poemas neste link: https://arcanosgravidos.blogspot.com.br/2016/11/poemas-de-kiko-alves.html.
SERVIÇO:
Contos
de Areia
Chico
Alves d’Maria
Sarau
das Letras
Contatos da Sarau das Letras:
Clauder Arcanjo: clauderarcanjo@gmail.com
David de Medeiros Leite: davidmleite@hotmail.com
Contatos da Sarau das Letras:
Clauder Arcanjo: clauderarcanjo@gmail.com
David de Medeiros Leite: davidmleite@hotmail.com
domingo, 22 de abril de 2018
GÁBOR SZABÓ
Há
anos conheci este excelente guitarrista de jazz, Gábor Szabó, natural da
Hungria. Digo: ouvi sua música ─ e gostei muito! Em tempos de internet, com
websites e blogs específicos sobre o assunto, poupo-me de oferecer a biografia
do mesmo, pois o leitor (e ouvinte, obviamente) interessado há de encontrar
referências. Minha breve nota enfatiza apenas a ideia de divulgar um pouco o
músico e sugerir: escutem aí, amigos, este disco, o Belsta River (busquem no
youtube). E vejam que música maravilhosa! Aqui e ali, sugerirei algo das
músicas e músicos que aprecio e, se preciso, fazei algum comentário.
sexta-feira, 20 de abril de 2018
POEMA DO "RIO DO FOGO", DE BRUNO LACERDA E DAVID DE MEDEIROS LEITE
ESCRUTÍNIO
Nossos
pés
se
encontram
em
águas rasas.
Os
meus,
vindos
do mar
:
mareados.
Os
seus, da terra
:
azoados.
No
apear,
escrutinamos
abastanças
e arrastados.
..........................................
ESCRUTINIO
Nuestros
pies
se
encuentran
em
aguas bajas.
Los
míos
venidos
del mar
:
mareados.
Los
suyos, de tierra
:
aturdidos.
Em
el parar,
escudriñamos
abundancias
y arrastrados.
..........................................
SERVIÇO:
Rio
do Fogo
Bruno
Lacerda (Fotografias)
David
de Medeiros Leite (Poemas)
Juan
Angel Torres Rechy (Tradução p/
Espanhol)
8
Editora & Sarau das Letras
Contato:
David de Medeiros Leite: davidmleite@hotmail.com
Contato:
David de Medeiros Leite: davidmleite@hotmail.com
QUATRO POEMAS DO PEDRO DU BOIS
http://www.projetopassofundo.com.br/ |
Reconstruo:
retiro do ar
a momentânea
oferta
de paz.
Movo o corpo
em sacrifício
e individualizo
o ser:
no amanhecer
o canto
da noite
se desfaz
em cores.
Ao
amanhecer gestos
trocados
na madrugada
se eternizam.
Poema de
número 24, da segunda parte da secção “A Construção do Gesto”, página 24.
..........................................
Sob
medida diz o alfaiate
cortando
o pano
milimétrico:
as mangas
o colete
o cós
as calças
o forro
o lenço
no bolso
da lapela.
Tempos
idos.
Novidade
refeita
em livros escolares.
A
maldade atira
a bola
de papel
dentro do
chapéu
sobre a
mesa.
Não há
medida responde
o ancião.
Não há ancião.
Velho
homem desprotegido
em idades ultrapassadas.
Poema
número 1 da secção “A Medida do Peso”, página 49.
.............................................
A
primeira cidade
inesquecível:
nascimento
e morte
entrelaçados
no parto.
Cordão cortado
e o
curativo.
O
umbigo cicatriz
a
história não vivida.
O leite
materno
na escura
noite
despercebida
em dias
e meses
de mesmas coisas.
A
cidade avessa
em comportamentos.
Poema
de número 2 da secção “Cidades”, página 66.
..........................................
Desce
as escadas:
oficina
aberta em tipos.
preenche
o quadro
entinta
a peça
demora
a pressão
sobre o
papel.
o escrito
umedecido
da
consciência
desfeita
em obras
concretizadas.
Poema
de número 14 – Secção “Consentimento”, página 109.
...............................................
SERVIÇO:
A
Construção do Gesto & outros poemas
Pedro
Du Bois
Projeto
Passo Fundo
Sobre
Pedro Du Bois, acesse o blog: http://pedrodubois.blogspot.com.br/
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