terça-feira, 21 de setembro de 2021
Romagem
SAUDADES
Como é doce o meditar
Quando as estrelas cintilam
Nas ondas quietas do mar;
Quando a lua majestosa
Surgindo linda e formosa,
Como donzela vaidosa
Nas águas se vai mirar!
Nessas horas de silêncio,
De tristezas e de amor,
Eu gosto de ouvir ao longe,
Cheio de mágoa e de dor,
O sino do campanário
Que fala tão solitário
Com esse som mortuário
Que nos enche de pavor.
Então – proscrito e sozinho –
Eu solto aos ecos da serra
Suspiros dessa saudade
Que no meu peito se encerra.
Esses prantos de amargores
São prantos cheios de dores:
– Saudades – dos meus amores,
segunda-feira, 20 de setembro de 2021
A cena mais antiga
Uma cena com porcos nativos da Indonésia é possivelmente a pintura figurativa mais antiga atribuída a seres humanos modernos (Homo sapiens) identificada até o momento. A equipe coordenada pelo arqueólogo Adam Brumm, da Universidade Griffith, na Austrália, encontrou em 2017 o painel em que estão representados ao menos três exemplares do suíno na caverna Leang Tedongnge, que integra o complexo de grutas calcárias Maros-Pangkep, na porção sul de Sulawesi, a maior ilha da Indonésia. A datação de sedimentos acumulados sobre a pintura indica que tenha sido realizada há pelo menos 45,5 mil anos. Na interpretação dos arqueólogos, a imagem, produzida com pigmentos à base de óxido de ferro, que lhe dão o tom avermelhado, retrata um exemplar de porco verrugoso de Sulawesi (Sus celebensis), suíno de porte médio endêmico da região. A cena é composta por ao menos mais dois exemplares do animal, que estão incompletos por causa da esfoliação da parede da gruta (Science Advances, 13 de janeiro). Anos atrás o grupo de Brumm havia encontrado uma pintura de porco datada em 43,9 mil anos em outra caverna da região. Essas representações seriam as evidências mais antigas da presença de seres humanos modernos nas ilhas que compõem a atual Indonésia. Na Espanha, existem pinturas rupestres mais antigas, com idade estimada em 65 mil anos. Elas, no entanto, são atribuídas aos neandertais (Homo neanderthalensis), uma espécie de seres humanos arcaicos, e não são figurativas.
Este texto foi originalmente publicado por Pesquisa Fapesp de acordo com a licença Creative Commons CC-BY-NC-ND. Leia o original aqui.
domingo, 19 de setembro de 2021
CALIGEM
|Autor: Webston Moura|
O MOTOQUEIRO DO SÁBADO
|Autor: Webston Moura|
sábado, 18 de setembro de 2021
Crepuscular
as acácias
(cálices dourados
onde a tarde bebe
o vinho mais puro).
Anjos lá no céu
guardam seus arados
porque o olhar do sol
está perdendo o brilho.
— Mas, segue no escuro
|Autora: Lenilde Freitas|
O VIAJANTE
sexta-feira, 17 de setembro de 2021
DENTRO DO SILÊNCIO
a cor, mas, antes, a luz, ela mesma,
fogo da vida,
o que se pode além das palavras
e, ainda assim, capaz de a tudo dizer.
Um Pássaro
Apenas eu o observo, seu voo no azul,
singularidade da qual nada diriam,
dada a pressa cega do viver.
A vida urge, não se pode pasmar por voos,
nem de pássaros, nem de outros! — haveriam de repetir.
Mas, eu, nesse instante, só, em silêncio, sob vento e sol,
o vejo, um pássaro em seu voo,
magnificência da vida,
simplesmente.
Eco
transpõe a tua voz.
Mais simples celebrar a tão efémera
certeza de estares vivo.
tu sabes que é assim,
que os dias correm céleres, não tentes
perseguir o seu rasto – repara
como em abril as aves são felizes.
deixa que o sol responda à flor da tarde
e esquece-te do mundo.
|Autor: Fernando Pinto do Amaral