terça-feira, 6 de agosto de 2024

As Tão Presentes Coisas Invisíveis



Sunday (1926) - Edward Hopper


Edward Hopper fez pinturas como esta que você vê acima. E o título, "Domingo", sugere aí folga e tédio, possivelmente, também, cansaço. Vê-se apenas um homem sentado na calçada, perto do meio-fio, com uma atitude tristonha, parada. Excetuando-se a presença dele, a rua está deserta, sem passantes.

As cores, como em outras pinturas do artista, são claras, objetivas, unindo, simultaneamente, um realismo a algo artificial, como percebemos bem, já que não é uma foto, mas uma pintura, óleo sobre tela, isto fica claro, apesar do realismo da expressão.

Alguém perguntaria: "Mas por quê pintar cena tão comum?" Bem, porque o comum, que aqui vemos como banal, é o que mais acontece. E acontece de tal modo, que de tanto o vermos e o vivermos, cegamos para ele, deixamos de perceber. Ele existe, mas já que não mais o percebemos, deixa de existir, embora esteja presente o tempo inteiro.

Pintar ou escrever sobre o comum/banal é trazê-lo de volta à vista das pessoas ("cegas"), para que novamente voltem a perceber a sua existência. Como quando se fala de chuva, de uma borboleta e ou de um homem qualquer que mora numa rua sem graça, como forma de ressaltar o que, na vida, vai ganhando invisibilidade.

O "Domingo" de Hopper não representa, obviamente, os domingos de todas as pessoas. Mas é comum que, ao menos às vezes, sejam os nossos, um dia estranho que chega depois de todos os dias de luta e cansaço, aonde nos enfurnamos no fundo do quarto ou, como o cidadão da pintura, paramos a olhar a rua, meio vazia ou vazia inteiramente, e nos apercebamos de pensar um pouco sobre o que estamos fazendo de nossas vidas em meio às tão presentes coisas invisíveis.




|Autor: Webston Moura|

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Webston Moura
, administrador deste blog, é Tecnólogo de Frutos Tropicais, poeta e cronista. Natural do Ceará, Brasil, mora no município de Russas, na região do Vale do Jaguaribe. Aprendiz de Teosofia, segue a Loja Independente de Teosofistas - LIT. Tem apreço por silêncio, música, artes plásticas, bichos e plantas. É também administrador dos blogs O Araibu e Só Um Transeunte.
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