Madrugada.
Vem o motoqueiro desordenar o sono.
Sobe e rua, desce a rua, some-se, volta,
como se a procurar objeto impossível.
Só lhe sabemos o som
de sua máquina furiosa,
escape desengasgado
rasgando o silêncio,
acordando gente
e assustando os cães.
Deve ser solitário,
sem mulher e filho.
(Arrasta um dor
ou finge ter uma?)
Não nos fala língua
de dar-e-receber.
Só nos quer em vigília
de uma sua aflição.
|Autor: Webston Moura|
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