sábado, 28 de setembro de 2024

Significativas Sombras




Untitled (1930) - Kensuke Yamamoto



Sempre que se fala em surrealismo, fala-se em sonho. E ainda se diz "foi um movimento" quando, na verdade, os ainda surrealistas dizem que não foi simplesmente um movimento e que nunca acabou, pois continua aí, como uma forma de se ver e de ver o mundo, as ideias, as coisas, os sentimentos.

E o sonho?

Bem, quem sou eu para tratar realmente disso? Então, se posso, apenas digo: o sonho é algo de ordem secreta, dado que extrapola à razão e, ainda assim, quando acontece, tem nexo, sentido, cumpre uma necessidade nossa, real. O sonho é misterioso e nos desafia. Tudo o que em nós foge ao racional ou, simplesmente, nele não se traduz, nos assusta. De certo modo, é assim.

Surrealismo, como o nome indica, vai além do real, este real consensual que temos a aceitamos. A pintura, como a que ilustra este post, a poesia, outras formas, há maneiras de expressar algo por este caminho. Valoriza-se o inconsciente humano. Daí, às vezes, não encontrarmos sentido fácil no que os artistas surrealistas escrevem.

Na Agulha Revista de Cultura, do cearense Floriano Martins, encontrei algo que bem diz:

"O surrealismo és uma mística da revolta. Revolta do artista contra a sociedade convencional, sua estrutura fossilizada ou seu falso sistema de valores; revolta contra a condição humana, mesquinha e sórdida. O artista resulta assim o paladino do homem em seu ardente protesto contra o mundo; o protesto do homem submetido a coerções por aqueles que detêm o poder e pretendem lhe impor a aceitação dessas coerções como a ordem natural. O surrealismo aparece como uma sistematização do inconformismo." [Link]

Mas o que me trouxe a este assunto? A pintura acima, sem título, do Kensuke Yamamoto. Repare! Tem forma, mas não informa claramente sobre algo. Não é óbvia, mas excepcional, fora da ordem geral do que costumeiramente vemos. E nem por isso deixa de ser expressiva e bonita. Eu diria, inclusive, que ela é desafiadora da nossa percepção, da nossa forma de pensar. Ela nos diz que, apesar de todos os esforços, somos cegos para muitas realidades e conexões. É mais ou menos como falei no texto "Nem Tudo Faz Sentido".

E por quê "Significativas Sombras"? Porque tudo que está além da luz (reducionista) da razão, está na sombra, é uma sombra. Se significativa, aí vai de quem percebe, varia deste para aquele indivíduo.

Você está ficando doido?

Não! Eu estou só pensando.

Ou não!


|Autor: Webston Moura|

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Webston Moura
, administrador deste blog, é Tecnólogo de Frutos Tropicais, poeta e cronista. Natural do Ceará, Brasil, mora no município de Russas, na região do Vale do Jaguaribe. Aprendiz de Teosofia, segue a Loja Independente de Teosofistas - LIT. Tem apreço por silêncio, música, artes plásticas, bichos e plantas. É também administrador dos blogs O Caderno Livre e Só Um Transeunte.
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