sexta-feira, 5 de janeiro de 2024

MANHÃ À BEIRA-MAR



Morning by the Sea (1996) - Maria Bozoky




Manhã à beira-mar.

Longe.

Bem longe!

Com intervalos de percepção
que envolvem várias respirações.

E pensares sem peso.

Uma mulher.
Só.

Sem guerras,
sem mais intenções
que não seja estar.

Estar.
No presente.

Enquanto tudo canta
                           na luz.



|Autor: Webston Moura|




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Webston Moura
, administrador deste blog, é Tecnólogo de Frutos Tropicais, poeta e cronista. Natural do Ceará, Brasil, mora no município de Russas, na região do Vale do Jaguaribe. Aprendiz de Teosofia, segue a Loja Independente de Teosofistas - LIT. Tem apreço por silêncio, música, artes plásticas, bichos e plantas. É também administrador dos blogs O Caderno Livre e Só Um Transeunte.
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PALAVRAS ESTRANHAS NUM LIVRO ANTIGO



Window (1994) - Maria Bozoky




Há esta noite,
             agora.

E nada mais importa.

Pingando na janela,
o tempo finge displicência.

Quando muito,
só o vento e os cães
habitam os ares,
entre insetos e sombras,
entre orvalho e brisa.

A luz,
sem ira,
costura sua lentidão.

                    num livro antigo.



|Autor: Webston Moura|




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Webston Moura
, administrador deste blog, é Tecnólogo de Frutos Tropicais, poeta e cronista. Natural do Ceará, Brasil, mora no município de Russas, na região do Vale do Jaguaribe. Aprendiz de Teosofia, segue a Loja Independente de Teosofistas - LIT. Tem apreço por silêncio, música, artes plásticas, bichos e plantas. É também administrador dos blogs O Caderno Livre e Só Um Transeunte.
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A CHUVA



Imagem: Depositphotos.com




Vem a chuva
com seu trigo e seu joio,
seja sol ou madrugada.

Recupera a terra
exilada do feliz,
ocasiona a queda
do frágil e inseguro,
refaz o sonho da erva.

Vem a chuva
para a criança
e o agricultor,
a preocupação das mães
     e a alegria dos saguis.

Vem a chuva
mudar os horários,
promover atrasos,
adiantar os ansiosos
enquanto lava as calçadas
e faz sonhar as meninas.



|Autor: Webston Moura|


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quinta-feira, 4 de janeiro de 2024

O COMETA



Cometa ISON
(Imagem da NASA: LINK)





Solitário,
o cometa cumpre a sua rota:
vaga na imensidão gelada
das desmesuras do espaço,
ardente coração extasiado em furor
                                               e tristeza.

     Até apagar-se em sofrida poeira,
       cansado da viagem, sem fôlego
               e sem mão que o acalente.

Um dia,
atravessando o céu dalguma cidade,
cai seu rastro nos olhos de um menino,
que o guarda memória adentro,
para nunca mais reencontrá-lo
senão na técnica dos cientistas
         ou no sonho de um poeta.

Solitário,
o cometa cumpre andejar,
como se fugisse de um duro inimigo
ou se procurasse o inencontrável,
por aí, extinguindo-se a cada passo.


|Autor: Webston Moura|



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Webston Moura
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domingo, 17 de dezembro de 2023

Tchaikovsky: Piano Concerto No. 1 | Martha Argerich, Charles Dutoit & the Verbier Festival Orchestra





Por certo, você já ouviu esta música, digo: o que introduz o concerto. Clique no play e confirme o que digo. O canal do qual vem o vídeo é o DW Classical Music - iuu87gters5HBG. E lá, além do vídeo, há um texto (em inglês).

W.J. Solha, no website do Carlos Romero, postou um crônica que fala desta pianista interpretando exatamente esta obra. E, claro, fala de outras coisas. Vá lá: "No meio do caminho houve uma pedra" - https://www.carlosromero.com.br/2023/03/no-meio-do-caminho-houve-uma-pedra.html.

Abraços!

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Webston Moura
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sábado, 2 de dezembro de 2023

EPIFANIA



Moon and Blue Flowers - Ohara Koson





Insistente,
o cão não desfaz
                a valsa.

Tampouco
o louva-a-deus
se altera.

Nada trai
a sua mecânica.

Enquanto desfaço a razão
lua e flores azuis
percorrem meu olhos.


|Autor: Webston Moura|






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IMPERECÍVEL



Horse in a Landascape (1910) - Franz Marc




Um violino à distancia
             do apreço meu.

Um cavalo em uma paisagem.

Vento.

Aqui,
até a ferrugem,
a corroer sua presa,
            parece doce.

E eu sei que isso é,
de alguma forma,
imperecível.


|Autor: Webston Moura|


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Roberto Crema e Marcus Viana - KABIR - O Vaso






"Kabir é um dos grandes nomes da poesia milenar da Índia. "O Vaso" foi o nome dado a este fragmento poético escolhido por Roberto Crema para compor o cd de Música e Poesia realizado com Marcus Viana. Este cd acompanha seu livro Mensagens do Deserto. O cd, além de Kabir, também traz poemas de Tagore, Rumi, Fernando Pessoa e do próprio Crema."

|Vídeo do canal Sonhos e Sons: 7ytr0o23

|Website de Roberto Crema: https://robertocrema.com.br/
|Website de Marcus Viana: https://marcusviana.com.br/


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sexta-feira, 1 de dezembro de 2023

LABIRINTO



Anabisis (1988) - Bernard Schultze





Meandro
por onde entro
e não te encontro.

Apenas o rastro,
ou seu suposto,
a me desviar.

Máquina do real,
teia de logros,
idioma perdido
onde a distância
sempre existe.

Embaraço de braços
e bocas equivocados
sob a lua falsa do dia
falho.

Cipoal de olhar
       e palavra.

Peixe azul no azul
da cumeeira: cansaço.



|Autor: Webston Moura|






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NATUREZA MORTA



Seme Print - Giada Fossa



Inertes,
ao gosto de curiosos,
o copo e a fruta
bonitos de cores,
mas sem vida.


Tinta, tela e empenho:
pintura.

Em redor,
o que o homem degenera:
           florestas e animais,
águas, horizontes,
futuro.

Destruição.




|Autor: Webston Moura|


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quinta-feira, 30 de novembro de 2023

Musgos são grandes sumidouros de carbono


Com extensão quase igual à da China, área de solo coberta pelo vegetal retira da atmosfera 6,43 bilhões de toneladas do gás por ano


Os musgos foram uma das primeiras plantas a conquistar
o ambiente terrestre, há quase 500 milhões de anos
Lyou Yin/Wikimedia Commons


por: Guilherme Eler | edição 329 - julho de 2023 | Revista Pesquisa FAPESP


Solos cobertos por musgos absorvem da atmosfera anualmente 6,43 bilhões de toneladas de carbono a mais do que ambientes terrestres não revestidos por esse tipo de vegetação. O valor, calculado por um estudo internacional publicado em maio na revista científica Nature Geoscience, equivale a mais de seis anos de todas as emissões globais de carbono associadas a mudanças no uso da terra, como a transformação de trechos de florestas em áreas agrícolas ou de pastagens. Como todos os vegetais, os musgos captam, por meio da fotossíntese, dióxido de carbono (CO2) e contribuem para diminuir o nível desse gás na atmosfera, principal responsável pelo aumento do efeito estufa, que provoca o aquecimento do clima global.

O trabalho, que contou com a participação de pesquisadores radicados no Brasil, também calculou a área do planeta ocupada por esse tipo de vegetação: 9,4 milhões de quilômetros quadrados (km²), território quase igual ao da China. Essa extensão foi projetada a partir da coleta de amostras de musgos de 123 ecossistemas de todos os continentes.

Ao contrário das chamadas plantas vasculares (árvores, arbustos, ervas e samambaias), os musgos são um tipo de vegetal, do grupo das briófitas, que não apresentam reforço de lignina em sua parede celular. Por isso, eles não dispõem de partes lenhosas, rígidas. Os musgos foram uma das primeiras plantas a conquistar o ambiente terrestre, há quase 500 milhões de anos. São especialmente importantes nos lugares onde as plantas vasculares não sobrevivem e podem forrar o chão de florestas e campos, além de crescer no tronco de árvores e rochas. Hoje abrangem pelo menos 12 mil espécies vegetais, espalhadas por todos os continentes.