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segunda-feira, 27 de novembro de 2023

PÉTALAS VERMELHAS



Red Petals (1967) - Sam Gilliam



Pétalas vermelhas
sobre o chão.

As formigas virão
levar a beleza
para dentro da terra.

O que, agora,
nossos olhos veem
como flor despedaçada
e brilho perdido,
restado está à praticidade
da fome das formigas,
a necessidade por cima do sonho.

Pétalas vermelhas sobre o chão,
sem cheiro, sem cio, só refeição.


|Autor: Webston Moura!


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Webston Moura
, administrador deste blog, é Tecnólogo de Frutos Tropicais, poeta e cronista. Natural do Ceará, Brasil, mora no município de Russas, na região do Vale do Jaguaribe. Aprendiz de Teosofia, segue a Loja Independente de Teosofistas - LIT. Tem apreço por silêncio, música, artes plásticas, bichos e plantas. É também administrador dos blogs O Caderno Livre e Só Um Transeunte.
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SALAMANDRA



The Salamander (1984) - Vasile Dobrian





Há muitos lugares nos esperando.
Há muitas pessoas nos esperando.

Não sabem, mas são
pacientes lonjuras,
com seus corações tentando
                    saber os idiomas
que nossas bocas sabem.

Entre nós
e os que esperam
há esta salamandra ilusória,
medo ardente a nos guiar.

Não fosse isto, amigo,
este cismar no quarto,
esta mão trêmula na manhã,
partiríamos de trem,
como nos filmes antigos,
e seríamos felizes.



|Autor: Webston Moura|


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Webston Moura
, administrador deste blog, é Tecnólogo de Frutos Tropicais, poeta e cronista. Natural do Ceará, Brasil, mora no município de Russas, na região do Vale do Jaguaribe. Aprendiz de Teosofia, segue a Loja Independente de Teosofistas - LIT. Tem apreço por silêncio, música, artes plásticas, bichos e plantas. É também administrador dos blogs O Caderno Livre e Só Um Transeunte.
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APREÇO



Window Still-Life (1915) - Vanessa Bell




Gosto do que vejo
só porque é bonito,
ao menos aos meus olhos.

Pode ser nada,
como todas estas coisas
que se tem por corriqueiras.

O pão no silêncio da mesa,
a xícara repousada no armário,
a sandália a um canto do quarto.

Gosto de ver o que sobra
depois de todo o barulho,
aquilo que se aquieta
em minha possível paz.

Gosto de ver,
num filme,
a poeira e o sol,
o que se escolhe dizer
ou, então, só se insinua.

Gosto de ver uma lágrima,
um sorriso, a moça à porta,
a frase inconcluída,
beijo, janela, estrada.

Imagine um catavento
em hora e meia da tarde,
com um milharal dançando
no fundo da tempestade!


|Autor: Webston Moura|


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Webston Moura
, administrador deste blog, é Tecnólogo de Frutos Tropicais, poeta e cronista. Natural do Ceará, Brasil, mora no município de Russas, na região do Vale do Jaguaribe. Aprendiz de Teosofia, segue a Loja Independente de Teosofistas - LIT. Tem apreço por silêncio, música, artes plásticas, bichos e plantas. É também administrador dos blogs O Caderno Livre e Só Um Transeunte.
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quinta-feira, 16 de novembro de 2023

ALGUM LUGAR



Paisagem - Georgina de Albuquerque





Algum lugar que se leva
na alma.

Os aromas
o provam.

A rua
em que se morou,
                feliz,
na infância,
a casa dos avós,
a mata de abelhas
          e fantasia,
a praça da pequena cidade,
a escola dos primeiros anos.

Com o tempo,
tudo isso dói.
É uma dor lá no fundo,
cheirosa a guardado,
sem maiores danos,
mas, ainda assim, uma dor,
a que nos acusa de termos provado
a felicidade neste mundo cão.



|Autor: Webston Moura|


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Webston Moura
, administrador deste blog, é Tecnólogo de Frutos Tropicais, poeta e cronista. Natural do Ceará, Brasil, mora no município de Russas, na região do Vale do Jaguaribe. Aprendiz de Teosofia, segue a Loja Independente de Teosofistas - LIT. Tem apreço por silêncio, música, artes plásticas, bichos e plantas. É também administrador dos blogs O Caderno Livre e Só Um Transeunte.
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terça-feira, 14 de novembro de 2023



Untitled - Zdzislaw Beksinski




O que sorri,
ainda existe,
para, depois,
ir-se ao pó.

A pessoa,
o carrapicho,
a branda noite,
o coração do poço.

Rígel,
brilhando poderosa
na constelação de Órion,
há de apagar-se, um dia,
consumidos o seu tempo
e sua magnífica beleza
       de grandioso azul.

A vaidade que nos consome
                  o labor e o desejo,
                                       idem.

A alegria,
o tédio,
o projeto,
a libido,
o poder,
tudo em passagem
no mistério da jornada:
pó.





|Autor: Webston Moura|


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Nota: Sobre Rígel, uma superestrela, visite a página da NASA: https://science.nasa.gov/resource/help-from-orion/


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segunda-feira, 13 de novembro de 2023

ROMANCE



Green Lovers (1915) - Marc Chagall




Enamora-se da lua,
seu azul atraente
sobre a brisa do aberto.

Enquanto nada erra
em seu dia, vive um riso
                             interno,
como se tudo no mundo
estivesse dando certo.

Para todos.

Enamora-se da
que outrora ouvia
e que, agora, retorna
tal a um sopro necessário
em sua vida de luta.

Enamora-se da lua
e de tudo o que não lembra
a contagem do tempo.



|Autor: Webston Moura|


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domingo, 12 de novembro de 2023

COISA








Coisa,
o que se usa,
          diz-se:
algo inanimado.

Mas, se tudo
é feito de energia
         (uma alma),
   coisa é também
                       vida,
diga-se:
natureza outra
além do biológico.

As estrelas,
na noite escura,
estão vivas.
            A pedra,
o vento em redor,
 o sol e os outros
                    fogos,
os rios, o oxigênio,
Saturno e seus anéis,
                    tudo está
vivo!

Coisa fica sendo,
então,
uma nossa falha de
               percepção,
uma limitação   ou,
e isto não é bom,
      uma escolha.



|Autor: Webston Moura|



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sábado, 11 de novembro de 2023

MILAGRE



Tender Drops (2015) - Lana Kanyo




Água,
suas sílabas
se evaporando
sob o sol.

Até restar o cinza do não.

O passarinho,
sedento,
cata o que pode.

Dentre a folhagem,
os insetos se misturam
                          às gotas,
devagar,
                vidas mínimas
                em seu labor invisível.

A nuvem,
coalho-casulo,
             cresce,
recebendo o vapor,
até pesar e cair
      tempestade
sobre a cidade.

Molhada,
uma criança corre
pelas ruas;
seu cão a segue.



|Poema da Série "Por Ocasião da Chuva" - Autor: Webston Moura|


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sexta-feira, 10 de novembro de 2023

ESTRANHOS PASSAGEIROS



Three passengers and two birds (1993) - Alfred Fred Krupa





Pego a imagem na rua:
passantes comuns
buscam seus destinos.

Estamos em silêncio,
eu e eles,
agora.

Não me olham,
cuidado que se tem
quando se vai ou vem
(ou pudor/medo
de incorrer em indiscrição).

Estranhos passageiros do mesmo tempo,
não nos tocamos, sequer nos falamos,
absortos em nossas intricadas vidas.

Penso no futuro,
o meu e o deles,
se mais para frente
ou se nem tanto.

Um carro de som vira a esquina
e anuncia, aos berros, a maquinaria nervosa
das vendas imperdíveis a que devemos louvar.

Distraio-me da reflexão existencial
e me vejo, novamente, engolido
pelo caos da urbe elétrica em que
                         supostamente vivo.




|Poema da Série "Tempo e Vida" - Autor: Webston Moura|




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