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domingo, 20 de fevereiro de 2022

VARIAÇÃO CELESTE










Colhi a flor de um relâmpago
de entre os teus seios juntos, e quando
estremeceste foi como se uma estrela
tivesse vacilado nos ombros
da manhã.
.

Pus essa flor no negro
lago dos teus olhos, e as suas
raízes estenderam-se pelo fundo
da tua memória até esse dia em que
a lava do início te inundou.
.

E percorri com o tempo
de uma vela de moinho o arco
das tuas sobrancelhas, procurando
na sua margem o pórtico
dos teus lábios.



NUNO JÚDICE, in A CONVERGÊNCIA DOS VENTOS (D. Quixote, 2015)
*FOTOGRAFIA: Eclipse, de ©Eric Kellerman





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"Não há religião (ou lei) mais elevada que a verdade"
ALGUNS TEXTOS SOBRE TEOSOFIA: O Símbolo do Movimento TeosóficoNão Há Religião Mais Elevada Que a Verdade,  70 Itens Para Uma Vida NaturalO Que é Teosofia?A Prática do Estudo TeosóficoA Arte de Estudar TeosofiaA Arte de Fazer AnotaçõesA Leitura Torna o Homem PerfeitoA Arte de LerA Biblioteca da AlmaA Necessidade de Reconstruir a Si PróprioA Pedagogia do AutoconhecimentoOs Mestres e o Futuro da Humanidade A Pedagogia TeosóficaAprendendo a AprenderO Perfil da Loja Independente Examinando Sete PerguntasA Força Magnética dos LivrosAs Quatro Proteções do GuerreiroA Arte da SimplicidadeA Arte de Julgar PessoasA Doutrina SecretaO Que é um Teosofista?Os Andes e o FuturoO Ser Absoluto e o Progresso InfinitoA Lei do Carma e a CompaixãoConvivendo Com as ImperfeiçõesAutoimagem e AutoconhecimentoA Firmeza de PropósitoA Lei da DificuldadeA Metafísica é a Alma do ProgressoA Sabedoria de O.S. MardenA Teosofia É Uma Religião?A Vontade de AvançarO Poder de Mudar o MundoO Que é um Teosofista?A Filosofia do AikidôA Psicologia do Saber TeosóficoOs Ciclos dos HábitosOs Mestres e o Discipulado
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domingo, 30 de janeiro de 2022

BALANÇO










Uma noite, entre chegada e partida,
matámos a solidão que nos separava.
Chovia; e para cá dos vidros era a vida
que escorria, húmida, e nos tapava.
Outra noite, ouvi-te respirar
como se o teu sono me acolhesse:
maré que inundaria a baixa mar
até que o mundo desaparecesse.
Tantas noites, já, por nós repartidas
e tantas que ficaram por viver.
Conto esses dias, de tardes perdidas,
e ouço neles teu coração bater.



NUNO JÚDICE, in O ESTADO DOS CAMPOS (P. D. Quixote, 2003)
* Imagem: Acrílico sobre tela: Pink Passion, de Megan Ducanson



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sábado, 1 de fevereiro de 2020

ESCOLA






O que significa o rio,
a pedra, os lábios da terra
que murmuram, de manhã,
o acordar da respiração?

O que significa a medida
das margens, a cor que
desaparece das folhas no
lodo de um charco?

O dourado dos ramos na
estação seca, as gotas
de água na ponta dos
cabelos, os muros de hera?

A linha envolve os objectos
com a nitidez abstracta
dos dedos; traça o sentido
que a memória não guardou;

e um fio de versos e verbos
canta, no fundo do pátio,
no coro de arbustos que
o vento confunde com crianças.

A chave das coisas está
no equívoco da idade,
na sombria abóbada dos meses,
no rosto cego das nuvens.



NUNO JÚDICE, in MEDITAÇÃO SOBRE RUÍNAS (Quetzal,1999)

Ilustração - Kris Aro Mcleod

│Da página Quem lê Sophia de Mello Breyner Andresen:

quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

POEMA DE AMOR




O Céu, as linhas de luz na água, 
caminhos diferentes para o coração. 
A queda de sons diversos na atenta coincidência 
dos ouvidos. A relação de uma límpida tarde 
com um movimento de ombros junto do teu corpo, 
na luminosa sequência da tua voz. 
Um andar divino de transparente espectro 
sobre o fundo de árvores; 
o acentuar da impressão dos teus olhos 
na quente atmosfera estagnada. 
Mas o súbito levantar do vento dissipou 
a primitiva aparência. Um canto lívido 
de mortas recordações apenas subsistiu, 
o indefinido desgosto dos teus braços, 
o remorso de gestos incompletos 
que a memória suspende. 
Nem me espanto já com a tua proximidade. 
Bem vindos, decompostos lábios! 
O ranger da cama sobrepõe-se 
ao ruído das cigarras.



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# Poema constante de POESIA REUNIDA [(1967-2000) Pub. D.Quixote, 2000)]
# Originalmente, publicado na página Quem lê Sophia de Mello Breyner Andresen (Clique AQUI)

│Autor: Nuno Júdice
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