O que
significa o rio,
a pedra, os lábios da terra
que murmuram, de manhã,
o acordar da respiração?
a pedra, os lábios da terra
que murmuram, de manhã,
o acordar da respiração?
O
que significa a medida
das margens, a cor que
desaparece das folhas no
lodo de um charco?
desaparece das folhas no
lodo de um charco?
O
dourado dos ramos na
estação seca, as gotas
de água na ponta dos
cabelos, os muros de hera?
de água na ponta dos
cabelos, os muros de hera?
A
linha envolve os objectos
com a nitidez abstracta
dos dedos; traça o sentido
que a memória não guardou;
dos dedos; traça o sentido
que a memória não guardou;
e
um fio de versos e verbos
canta, no fundo do pátio,
no coro de arbustos que
o vento confunde com crianças.
no coro de arbustos que
o vento confunde com crianças.
A
chave das coisas está
no equívoco da idade,
na sombria abóbada dos meses,
no rosto cego das nuvens.
na sombria abóbada dos meses,
no rosto cego das nuvens.
│NUNO JÚDICE, in MEDITAÇÃO SOBRE RUÍNAS (Quetzal,1999)
│Ilustração - Kris Aro Mcleod
│Da página Quem lê Sophia de Mello Breyner Andresen:
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