O que
me desorganiza, é esta borboleta.
Não é
outra, semelhante, mas esta,
uma
borboleta estranha e, como todas, paciente,
capaz
de estacionar, imóvel, de parar o espaço que ocupa,
de
hipnotizar o ar em redor e ocultar a duração do tempo.
Não há néctar
nas cortinas,
nem nos
móveis,
tampouco
nos livros.
Assim,
por que ela não some?
O azul
de suas asas, forte e denso, é pétreo.
Nunca o
vi, sequer o imaginei.
Noutro
tempo, havia candeeiros, muitos,
como
num enxame, luzes infinititas.
Peixes
deslizavam no ar, luziam cores ácidas.
Loreena McKennitt cantava “Stolen Child”.
E não havia esta
borboleta
─ que incide e subleva,
sem dar clareza dos porquês.
│Autor: Webston Moura│