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quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018

ASA PERDIDA


A ave, livre, voa e vê o que não vemos,
sente o que não sentimos, vive sua singularidade.

Armadilhamos sua vida em gaiolas bem cuidadas,
damos-lhe de comer e de beber e lhe exigimos um canto.

Presa, ela canta o que nossa prisão íntima supõe ser alegria.
Ela canta ─ bem nos disse um bruxo ─ a saudade-dó.

E o que fazemos com o canto-cárcere
que não poderíamos fazer com o voo-dádiva?
Sabe-se lá! Ou, de outro modo, sabe-se, sim:
                             fazemos mando presunçoso,
pois desaprendemos nossas próprias asas.
E nosso canto é farto dó e demasia de exílio.


│Autor: Webston Moura│