sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

Ruminar

O alimento é pretexto
para triturarmos aflições
maturarmos pensamentos
mastigarmos ilusões.

A digestão é escusa
para remoermos
atávicas lembranças
em longa maceração
cujo ritual
impregna de jejuns
outros desejos.


│Autor: David de Medeiros Leite



David de Medeiros Leite (Mossoró-RN, 1966) é professor da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte – UERN. Doutor pela Universidade de Salamanca – USAL – Espanha. Sócio efetivo do Instituo Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte (IHG-RN)  e do Instituto Cultural do Oeste Potiguar (ICOP); sócio-correspondente da Academia Apodiense de Letras (AAPOL), além de pertencer à Academia Mossoroense de Letras (AMOL). Publicou os seguintes livros: Companheiro Góis – Dez Anos de Saudades (Coleção Mossoroense, 2001); Os Carmelitas em Mossoró (em coautoria com Gildson Souza Bezerra e José Lima Dias Júnior) [Coleção Mossoroense, 2002]; Ombudsman Mossoroense (Sebo Vermelho, 2003); Duarte Filho: Exemplo de Dignidade na Vida e na Política (em coautoria co Lupércio Luiz de Azevedo) [Sarau das Letras, 2005]; Incerto Caminhar (Premiado no II Concurso de Poesia em Língua Portuguesa, promovido pela Universidade de Salamanca – USAL e pela Escola Oficial de Idiomas de Salamanca – Espanha) [Sarau das Letras, 2009]; Cartas de Salamanca [Sarau das Letras, 2011]; Presupuesto participativo em municípios brasileños: aspectos jurídicos y administrativos [Editorial Académico Española, 2012]; Casa das Lâmpadas [Sarau das Letras, 2013]; Mossoró e Tibau em Versos (em coautoria com Edilson Segundo) [Sarau das Letras, 2014]. O presente poema consta de Ruminar [Sarau das Letras & Salamanca: Trilce Edições, 2015].

SOBRE UVAS

Esbagaço a uva
      esmago o grão
      devolvo a casca ao solo.

            Agradeço o sumo
            e me despeço
            em cálices de adivinhações.

Deixo amadurecer o grão
fermentado. Ensolarado
adocica o sentido
contraditório da urgência.

       Esbagaço o corpo e dedico
       o tempo a retirar
       o espaço entre os grãos.


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│Autor: Pedro Du Bois
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Pedro Du Bois, poeta e contista. Passo Fundo, RS, 1947. Residente em Balneário Camboriú, SC. Vencedor do 4º Prêmio Literário Livraria Asabeça, Poesia, com o livro Os Objetos e as Coisas, editado pela Scortecci Editora, SP. Tem publicado pela Corpos Editora, Portugal, A Criação Estética; Pela Sarau das Letras, Mossoró, RN, Seres; Pelo Projeto Passo Fundo, Brevidades, Via Rápida, Iguais e Em Contos; Pela Editora Penalux, O Senhor das Estátuas. Blog [http://pedrodubois.blogspot.com.br/]. O presente poema consta de O Livro Infindável (Sarau das Letras, 2015).
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Árido

O meu verso ─ pouquíssimo importa,
A vida sim importa.
As carnaubeiras dão asteriscos verdes
           ao ar ido,
sem nunca me terem lido.
Árido não será isto:
           a solidão de uma planta
numa paisagem rude.
Áridos serão meus versos
             que nunca produzem palmas.
Todos vivem.
Poetas resumem
E é só isso o que eles fazem.



│Autor: Carlos Nóbrega


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Carlos Nóbrega é natural de Fortaleza-CE. Poeta dotado de imensa sensibilidade e bom humor, além de muita sutileza, é autor de: A Sono Solto; Outros Poemas (I Prêmio Osmundo Pontes/Academia Cearense de Letras); Breviário (Prêmio Estado de Minas de Cultura); Árvore de Manivelas; A grande peleja eletrônica (com Orlando Queiroz); O quanto sou; 8Verbetes (I Prêmio Nacional Gerardo de Melo Mourão/Ideal Clube – Menção Honrosa); Lápis Branco. O presente poema consta de Canto Aceso. Nóbrega faz d’Os Poetas de Quinta [http://poetasdequinta.blogspot.com.br/].
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