quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

POEMAS DE PEDRO DU BOIS

1 O exemplo determinado
ao fato ─ inaudito ─ repele
a mão do feitor. A liberdade
temporária na indefensável
manobra de arrependimento: não
se pertence. Obreiro determinado
              no que não lhe ocorre
escorre pelo corpo o suor.


2 Desde criança
sabe do atrevimento no abordar
o motorista e o carro. Estender
                             a mão e entregar
                             ao pai à mãe
                             ao padrastro
                             ao irmão
                             ao chefe
                             o saber acumulado
                             em pouco dinheiro.

A dor não repartida em fome
de noites mal dormidas
na subserviência e medo.


3 Brinca inocências. Joga ao alto
a bola ultrapassada.
Dribla e arremessa.
Rebate e bate.

Apanha na luta
durante o recreio. Chora
                                    mesmices.

O objetivo da revanche
no primeiro estágio da revolta.

                       Trabalho
                       recém-começado.


│Autor: Pedro Du Bois
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Acima os três poemas iniciais do tomo “Iniciação ao Trabalho” do livro “Poemas” (Projeto Passo Fundo, 2016). Sobre o autor, visite seu blog: http://pedrodubois.blogspot.com.br/.

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UM POEMA DE LÍLIA TAVARES



Que fazer do álamo do teu sorriso
Se perdi a voz das
Folhas do teu rosto?

Que ouvir do eco da tua voz
Se o portão pesado da
Memória nos devolve
Apenas os ramos nus
Das tardes sem sentido?

Quem vou beijar quando a pele
Do meu desejo
Frágil e líquida se evapora entre os dedos?



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Poema que abre o tomo “Desaguar do Desejo” do livro “Evocação das Águas" (Seda Publicações, 2015). O livro, em capa dura, tem ainda ilustrações de Carmo Pólvora e apresentação de Carlos Eduardo Leal.

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# LEIA TAMBÉM:


# Contatos com autora podem ser feitos através de seu perfil no Facebook [https://www.facebook.com/lilia.tavares.3] ou na página Quem Lê Sophia de Mello Breyner Andresen [https://www.facebook.com/QLSMBA]

# Lília Tavares consta da segunda edição de Kaya [revista de atitudes literárias]:
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É UM POETA ANDANDO DE BICICLETA

Tudo é política!
─ brada o apaixonado.

E o que é todo esse espaço
adensado de sem-nome?

É um poeta andando de bicicleta!
─ responde a moça ruiva da janela azul.


│Autor: Webston Moura
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