domingo, 15 de dezembro de 2019

Importância


Penso na importância
dada aos fatos
(agora) irrelevantes

lembrados momentos
decisivos: risíveis
                   agora

- água turva da sujeira
  entornada ao poço -

restada importância
pela mediocridade
na vida diária
das miudezas
que dão sentido.


│Autor: Pedro Du Bois - http://pedrodubois.blogspot.com/



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Outros poemas de Pedro Du Bois:



│Resenha de W.J. Solha sobre livro de Pedro Du Bois:

│Resenha de W.J. Solha sobre livro de Pedro Du Bois:

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terça-feira, 9 de abril de 2019

Reencontro



Untitled (1962) - Edward Avedisian 



Novamente, busco no bolso o papel:
a rua está certa; o número, idem.
Devagar, aproximo-me da porta,
uma porta antiga, mas ainda forte.
Hesito. Respiro.
Três toques. Espera.
Quem abre, uma menina.
Meus olhos naqueles,
o mesmo lábio torto do lado direito,
a textura dos cabelos,
o andar,
um sinal outro semelhante.                          
─ Pois não!
Uma lágrima a seus pés,
                       minha,
a voz embargada.
(Será que ainda caibo nesta crescida vida?)


|Autor: Webston Moura|

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Webston Moura
, administrador deste blog, é Tecnólogo de Frutos Tropicais, poeta e cronista. Natural do Ceará, Brasil, mora no município de Russas, na região do Vale do Jaguaribe. Aprendiz de Teosofia, segue a Loja Independente de Teosofistas - LIT. Tem apreço por silêncio, música, artes plásticas, bichos e plantas. É também administrador dos blogs O Caderno Livre e Só Um Transeunte.
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Aquele Navio



Melancholy (1894) - Edvard Munch





Teus olhos,
ondas,
o sal crestando,
vapor,
areia,
vivo calcário,
roupa leve,
um beijo.

Agora,
aquele navio
naufragado,
coberto de lodo,
guardando toda a louça que não lhe serve.




│Autor: Webston Moura│



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Webston Moura
, administrador deste blog, é Tecnólogo de Frutos Tropicais, poeta e cronista. Natural do Ceará, Brasil, mora no município de Russas, na região do Vale do Jaguaribe. Aprendiz de Teosofia, segue a Loja Independente de Teosofistas - LIT. Tem apreço por silêncio, música, artes plásticas, bichos e plantas. É também administrador dos blogs O Caderno Livre e Só Um Transeunte.
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NUM DIA DE ABRIL







Sim, sei que as águas são muitas,
reinauguram o mundo.
Na beira deste riacho,
pedras lisas por onde meus pés se vão,
vida fresca sob o mais limpo azul,
peixes prata, esverdeados e cor de estrelas.
Bem parece que o mundo é só este.
Dou na sombra de uma árvore,
afastada um pouco,
vida antiga, mãe de outras.
Escuto pássaros e assobios,
o vento é manso, mas presente.
Aqui não nascem desdoiros.

* Imagem: Google Images

│Autor: Webston Moura│


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Webston Moura
, administrador deste blog, é Tecnólogo de Frutos Tropicais, poeta e cronista. Natural do Ceará, Brasil, mora no município de Russas, na região do Vale do Jaguaribe. Aprendiz de Teosofia, segue a Loja Independente de Teosofistas - LIT. Tem apreço por silêncio, música, artes plásticas, bichos e plantas. É também administrador dos blogs O Caderno Livre e Só Um Transeunte.
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sexta-feira, 29 de março de 2019

Estrela



Space Painting - Maria VB




Estrela,
vi-te nos meus oito anos!
E nos dez, doze, catorze e adiante.

Estás a mesma,
alegre azul na noite escura,
brilho imorredouro no silêncio.

Eu, não! Eu passei.
E, estrada e mais estrada, continuo seguindo.

Alguém disse que somos irmãos, estrela!
Então, talvez, essas rugas áridas em meu rosto
sejam os sinais da transformação do meu ser em luz.

Aí, nos reencontraremos na sem-idade do amor,
fraternos de um sempre que só o céu concebe.



│Autor: Webston Moura│


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Bicho



Paysage Surréaliste (1938) - Valentine Hugo





O homem é um bicho, diz-se.
Comprova-se até; a Ciência o sabe.
Mas, deveria menos empenhar-se nisto.
Ao menos, se só seu lado inculto é ênfase.
E, talvez, o devesse mais em seu lado puro,
como o vento lambendo molhados
depois de uma tarde chuvosa.


│Autor: Webston Moura│


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Arraias








Não tive sorte na arte de soltar arraias.
Pouca paciência empenhada.

Mas, ainda assim, as acompanhava,
movimentos de lá e cá no azul.

Aquela liberdade, hoje, me dói.


│Autor: Webston Moura│


|Imagem: Depositphotos


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Webston Moura
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CONFISSÃO QUASE À TOA OU QUEIXA ACALMADA ENQUANTO TEMPO HÁ


Dei de nascer neste tempo veloz.
Nele cresci e o sofri em cada parte de mim.

Hoje, bem depois dos primeiros estalos,
observo os naufrágios em flor sob o sol.

E nada posso fazer.


│Autor: Webston Moura│

De Soslaio



Young Woman at the window (1888) - Paul Gauguin




Da janela, olha-me, de soslaio.
E eu nem sei seu nome.

Eu, velho que estou,
não lhe avivo,
por certo,
ânsias jovens.

Com meu passo,
devagar,
talvez lhe sugira apenas
curiosidade ou algo menor.

Seus olhos,
mesmo em esguelha,
parecem-me dois bichos,
eletricidade de inícios,
quando todos somos verdes
e, portanto, abertos aos abismos
e à sinceridade das flores.


|Autor: Webston Moura|

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