1 Alugo
o corpo ao personagem
e sou
incorporado ao discurso plástico
da
inverdade. Sou deus e demônio
personificados
nas contradições. Besta
e
pomba. Homem despossuído
de
razões. A aparente calmaria antecede
a
tormenta e a neve desce a montanha.
Sou
outras gentes. Gentios
e crentes.
A plateia estática na ação
do
palco. O finalizar da música
no
arrastar das cadeiras.
2 Ser
além do personagem
o mito.
História
em sua
criação na apropriação
da
ideia.
A luz
ilumina o palco
com palavras
apostas
no papel.
A
aposta sobrevive ao instante
da criação.
A aposta se conforma
ao
espaço preenchido de oportunidades.
3
Repito o texto
realizo
o gesto
materializo
a palavra.
a palavra.
Permaneço.
4
Avesso ao comum
imortalizo
a cena.
O aplauso
contém o
ressentimento
da realidade.
Retorno
e aprofundo
a vida
em verdades.
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Poemas constantes de "Poemas" (Projeto Passo Fundo, 2016)
NOTA DO EDITOR DO BLOG: O livro "Poemas", de Pedro Du Bois, o qual tive o prazer de fazer a apresentação, dividi-se em oito partes (secções), a saber: "Caminhar". "Iniciação ao Trabalho"; "Personagem"; "O Dia Empedrado"; "Sobre Leituras e Desentendimentos"; "Habitar", "Sob(re) o Melhor dos Mundos"; "A Indeterminação da Certeza". São dezenas de poemas, mas não estão distribuídos aleatoriamente, posto que, de conjunto em conjunto, formam uma unidade densa e complexa. O próprio título do livro, "Poemas", sugerindo o óbvio sobre o que ali se espera, é algo a se pensar no que diz respeito às sutilezas tantas, riquezas todas. É uma poesia que nos convida a trabalhar. Os três poemas deste post constam da secção "Personagem". Sobre o autor, visite seu blog: http://pedrodubois.blogspot.com.br/.
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Caro amigo Webston, mais uma vez, gratíssimo, quer pela sua participação no livro, quer, agora, pela divulgação. Abração.
ResponderExcluirDisponha, Pedro! Forte abraço!
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