sábado, 26 de novembro de 2016

POEMAS DE LEONAM CUNHA


poema viscoso

Observei o espectro profético:
a lesma desbrava o dia
idosamente
─ sem pressa nem medo do fim

Em verdade, em verdade vos digo:
aquele que tem ânsia de lesmas
caminha canino comigo.



jaculatória

Só tenho intenções
perto da linha do horizonte.
Assim ─ distante ─
saboreio a pretensão do crepúsculo
em ser noite.
Ser noite é muito pesado.
Eu avoo.
Minha reza
é mais ou menos:
se eu pudesse ter braços de palha,
balançaria no vento;
eu desejo conduzir tempestades.



dia-rio (parte dois)

Conheci uma mulher-noite.
Que tinha olhos de voo.
E dentes de quem quer mais.



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Poemas constantes de "Condutor de tempestades" (Sarau das Letras, 2016)






Leonam Cunha [Areia Branca, RN] publicou, em 2012, seu primeiro livro de poesia, “Gênese”, e em 2014, “Dissonante”, ambos pela Sarau das Letras. “Condutor de tempestades” é seu terceiro livro.
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