Sempre,
a partir das três, este cão me aparece.
Olha
pela porta de vidro, faz sinal, ladra.
Dou-lhe
alguma comida e água.
Ele
come, bebe, demora-se um pouco e some.
Nunca
soube para onde vai quando vira a esquina.
Do
que me acontece, o fato sem rumo é
apenas este,
o
cão cujo nome ou origem não sei, nunca soube.
Dou
de imaginar uma casa de onde ele foge
e
vem desordenar, ao menos um pouco, minha rotina.
Este
cão é a interrogação a que me obrigo pensar,
a
pedra no sapato de meu pequeno reino de ordem e paz.
É
o que me desestrutura e me põe no meio do inesperado,
como
se uma pluma me tomasse as rédeas da razão e saísse ao vento.
Virá
o dia em que ele desparecerá da minha vida.
Aí,
que farei da hora vazia diante da porta?
│Poema
da Série "Incidentes" – Autor: Webston Moura│
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Webston Moura, administrador deste blog, é Tecnólogo de Frutos Tropicais, poeta e cronista. Natural do Ceará, Brasil, mora no município de Russas, na região do Vale do Jaguaribe. Aprendiz de Teosofia, segue a Loja Independente de Teosofistas - LIT. Tem apreço por silêncio, música, artes plásticas, bichos e plantas. É também administrador dos blogs O Caderno Livre e Só Um Transeunte.
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