A cidade de Russas necessita de um ABRIGO PÚBLICO PARA ANIMAIS ABANDONADOS, com clínica e profissionais adequados aos cuidados. Apoie essa ideia e exija dos nossos representantes políticos ações efetivas! A cada ano, dezenas de animais nascem e morrem, sem que haja uma política pública adequada que os proteja. Não podemos deixar que isso continue!
Mostrando postagens com marcador Série "Palavra". Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Série "Palavra". Mostrar todas as postagens

sexta-feira, 10 de novembro de 2023

TOPÁZIO AMARELO






Topázio,
a palavra,
soa-me bem,
como aquamarina
ou indonésia,
             maçã,
nó.

Topázio amarelo,
expressão e imagem,
soa-me bem,
como coisa
que acalma,
organiza,
desanuvia.

Em nossa boca
as palavras nascem
e, com o tempo,
ganham ferrugem,
adquirem durezas,
intolerâncias.
         Até que,
         com esforço,
         possamos renová-las
         e, deste modo,
         fazê-las crianças,
         recriando a vida.

Topázio,
sânscrito,
caramelo,
roda gigante,
ameixa:
              nomes e coisas,
              dança.




|Poema da Série "Palavra" - Autor: Webston Moura|



|Imagem: stocke.adobe.com


..................................
Leia outros poemas do autor:



.....................................................................
Webston Moura
, administrador deste blog, é Tecnólogo de Frutos Tropicais, poeta e cronista. Natural do Ceará, Brasil, mora no município de Russas, na região do Vale do Jaguaribe. Aprendiz de Teosofia, segue a Loja Independente de Teosofistas - LIT. Tem apreço por silêncio, música, artes plásticas, bichos e plantas. É também administrador dos blogs O Caderno Livre e Só Um Transeunte.
..............................................................................




sexta-feira, 7 de julho de 2017

O VENTO SOBRE AS ÁGUAS



Guardo as palavras, assim desejo.
O que falo é repertório econômico.

Observando tudo que não fala na minha língua,
descubro os obscuros idiomas da vida.
Por exemplo, o intervalo de uma hora específica,
seu correr leve, as coisas engendradadas,
tudo que meu coração disto captura.
Quando o vento passa sobre as águas,
escuto as palavras que não sei dizer.


│Poema da Série “Palavra” – Autor: Webston Moura│

CAVALO

Eu te amo.
Meu corpo sobe à palavra e transborda.
Mas, meu corpo é matéria, quer transgressão.
E transgressão é uma palavra-cavalo.
Eu te amo, então, com todos os cavalos.
As palavras, pois, quando te amo,
diluem-se em arfares, gemidos e relinchos.


│Poema da Série “Palavra” – Autor: Webston Moura│

TEUS NOMES



Perdi-te, palavra, nome de mulher,
que as cartas rasguei.
Dei de perder-te, por necessitar.
Quebrei os discos do Roberto Carlos
e chorei o que pude num último choro.

Deixaste-me, ainda,
um dicionário de arcanas pronúncias,
palavras as quais não sei desmontar,
tampouco dar uso.


│Poema da Série “Palavra” – Autor: Webston Moura│

terça-feira, 28 de março de 2017

PALAVRA

Não tenho outras palavras,
exceto estas,  gastas, que trago no costume.
Sei, entretanto, poder renová-las desde seu cerne,
como dizer calçada e ver o caminhar dos transeuntes,
os sentimentos todos atravessando as horas.

Palavra é meio, transito, panela onde se coze,
cadeira onde se senta, até a interjeição no cartaz que pede Silêncio!
na emergência de um hospital, lugar onde as palavras doem,
ainda que envolvidas em penicilina, gaze e procedimentos singulares.

A palavra jardim não dá flores, diz-me o passante
(ironizando uma minha possível inocência).
Ao que direi ver dela despencarem cheiros e lembranças,
rostos e possibilidades, flores que a imaginação fabrica.


│Poema da Série “Palavra” – Autor: Webston Moura│

PALAVRAS SECAS

Havia sonhado um poema.
Iria construí-lo água jorrando.
Perdeu-se debaixo de uma pá carregadeira,
entre as notícias nervosas do jornal primeiro
e o vozerio dos gentios ante o incerto.

Aqui, momento bem depois,
cá estou a deslizar o lápis no branco da angústia,
catando palavras que digam andiroba e catuaba,
palavras que possam domar touros e ventanias.

E tudo o que me toma é ausência e sono.
Como são fortes as palavras secas.


│Poema da Série “Palavra” – Autor: Webston Moura│

LI POESIA

Pão é uma palavra cheia.
Amor, idem, ainda que em falso.
Agora, pressa que acossa a ênfase imperativa.

Deseja-se paz, mas a lavoura é de cupins.
Aqui e acolá, tua boca pela minha, pronúncia grávida de desnexos.
Dai-me, Pollok, uma linha para ler tuas tintas!
Concede-me, Pessoa, a honra desta dança contra
                                                                         as coisas
                                                                           que nos
                                                                          caem do
                                                                          coração!

Abre-te, Sésamo, que acabo de cometer ócio explícito
na engenharia ardente das tarefas inoperantes do cotidiano:

li poesia & desejei ser.


│Poema da Série “Palavra” – Autor: Webston Moura│