quinta-feira, 12 de dezembro de 2024

O Caminho



Untitled (1957) - Jimmy Ernst



A vida é eterna, diz-nos a sabedoria. E esse instante, que é esta vida aqui que estamos agora vivendo, é parte da eternidade. Isto nos faz pensar em algo sagrado e iluminado.

Gosto de acreditar nisso, mas não como uma ideia de "fuga da realidade", como se costuma dizer. Gosto de acreditar, pois, para mim, não faz sentido que tudo exista sem propósito, pois, se assim fosse, qualquer um de nós poderia escolher, sem culpa, qualquer caminho, qualquer verdade, qualquer coisa e transformar isto no seu (desastroso) propósito.

Gosto de pensar em níveis de evolução, níveis que envolvem a tudo, do inorgânico ao orgânico, com o espiritual ao fundo.

Gosto de pensar que nossas agonias e dores não serão eternas. E que, num instante adiante, especial instante, não teremos mais em nossas consciências - em nosso SER, digamos assim - os grilhões que agora nos prendem à ignorância.

Há os que acreditam que tudo é uma cilada, uma simulação. Não os incomodo. Todos nós teremos tempo para encontrar o caminho.


|Autor: Webston Moura|

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Webston Moura
, administrador deste blog, é Tecnólogo de Frutos Tropicais, poeta e cronista. Natural do Ceará, Brasil, mora no município de Russas, na região do Vale do Jaguaribe. Aprendiz de Teosofia, segue a Loja Independente de Teosofistas - LIT. Tem apreço por silêncio, música, artes plásticas, bichos e plantas. É também administrador dos blogs O Caderno Livre e Só Um Transeunte.
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quarta-feira, 11 de dezembro de 2024

A Chave




Fração n 4369 - Larry Bell


O segredo está no detalhe.
O detalhe, na dobra.
A dobra, no oculto.
O oculto, no escuro.

O segredo está na costura,
na intenção da origem,
sem fáceis mapas. 

O segredo está aonde teus olhos
ainda não criaram costume.

O segredo é o mistério que se esconde
no ordinário, no vulgo, no (supostamente)
banal, na fração do grão de realidade
que te escapa.

O segredo está dentro de ti
e na ameba, no raio de luz
                      da estrela
que não passa no teu céu.

O segredo é a chave
pela qual teu coração anseia.

|Autor: Webston Moura|

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Florescer



Florescer (1964) - Marc Vaux



Há um tempo para florescer,
dar obras ao mundo,
repartir a força.

Depois, se puder,
descansar os olhos
e as mãos,
lavrar o silêncio
e as sutilezas.

Há um tempo para sonhar
(ainda que em exagero),
correr mais veloz,
sofrer quedas da verde idade.,
gastar o excesso que o corpo pode.

Depois, se puder,
ler poemas, ouvir canções,
saber da intimidade das árvores,
das estrelas, das cores e das distâncias.



|Poema da Série "Tempo e Vida" - Autor: Webston Moura|

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segunda-feira, 9 de dezembro de 2024

O Ourives



Work (1957) - Tsuruko Yamazaki


O ourives tece a abelha em sua beleza e esplendor. Faz do trabalho o milagre. O ourives sabe do informe e da forma, detém o furor das mãos e organiza o resultado. O ourives fabrica o futuro e a luz, erige o dia e escolhe o ângulo. É como o arquiteto e o agricultor. Ou o artilheiro do futebol. O ourives busca o cálculo e o domar da emoção, antes que tudo pereça a seus olhos e nada reste da obra. Ele sabe da espera, da respiração e do esforço e, por certo, também sabe da perda. O ourives é esta nossa humana parte que luta contra a queda.


|Autor: Webston Moura|

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domingo, 8 de dezembro de 2024

A Louça Lavada



Intersuperfície Curva (1966) - Paolo Scheggi


Gosto de quando tudo fica simples e possível. Gosto de tocar a possibilidade de findar a tarefa e, de fato, findá-la. Gosto de ver a louça lavada, o chão varrido, o silêncio feito. Gosto do rosto aberto, o sorriso claro, a mão sem artifício de segundas intenções, as almas desarmadas de egoísmo. Gosto das pessoas felizes,  não-mesquinhas, caminhando à luz da manhã. Gosto de lembrar que só existe, de fato, a verdade, só ela existe, como dizia Mahatma Gandhi, e que todo tumulto da existência é passageiro, ainda que não pareça. Gosto de imaginar que você entende isso tanto quando eu.

|Autor: Webston Moura|

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Pequenos Mundos



Mundos Pequenos (1922 - Wassily Kandinsky



Pequenos mundos,
estes que guardamos
em nossos sentimentos.

Com mãos zelosas,
nós os escondemos
da ira geral que nos rodeia.

Que há com as consciências,
agora perdidas no caos?

E estas bocas,
a falar em demasia
razões insanas
contra tudo e todos?

Pequenos mundos,
estes de um poema a outro,
como também os das canções
compartilhadas na amizade,
entre risos e abraços
que haviam em abundância.

|Autor: Webston Moura|

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Silenciosamente



Quiet (1965) - John Ferren



Senão inteiramente,
como o são as rochas,
mas, sim, silencioso.

O lago,
antes instigado pelo vento,
agora espelha o céu,
um céu de um azul sem nuvens,
                           silencioso.

O envelope lacrado,
a mão que o suspende,
a ação de o abrir,
tudo em silêncio
       - ou quase.

O olhar nulo,
vago de luz,
sobre o nada,
descanso.

O estábulo sem o cavalo,
os retratos e as luzes no infinito,
longe.

|Autor: Webston Moura|

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