sexta-feira, 10 de novembro de 2023

Topázio Amarelo






Topázio,
a palavra,
soa-me bem,
como aquamarina
ou indonésia,
         maçã,
nó.

Topázio amarelo,
expressão e imagem,
soa-me bem,
como coisa
que acalma,
organiza,
desanuvia.

Em nossa boca
as palavras nascem
e, com o tempo,
ganham ferrugem,
adquirem durezas,
intolerâncias.
         Até que,
         com esforço,
         possamos renová-las
         e, deste modo,
         fazê-las crianças,
         recriando a vida.

Topázio,
sânscrito,
caramelo,
roda gigante,
ameixa:
              nomes e coisas,
              dança.




|Poema da Série "Palavra" - Autor: Webston Moura|



|Imagem: stocke.adobe.com


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Webston Moura
, administrador deste blog, é Tecnólogo de Frutos Tropicais, poeta e cronista. Natural do Ceará, Brasil, mora no município de Russas, na região do Vale do Jaguaribe. Aprendiz de Teosofia, segue a Loja Independente de Teosofistas - LIT. Tem apreço por silêncio, música, artes plásticas, bichos e plantas. É também administrador dos blogs O Caderno Livre e Só Um Transeunte.
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quinta-feira, 9 de novembro de 2023

BLANDÍCIA



The Calma Sea (1869) - Gustave Coubert




Bonança,
a vida sugerida
neste horizonte.

O vento é seu canto.

Sobre a pele
o que não prende,
               nem fere,
nem pronuncia não!

Ouve-se sereias,
uns chegam a dizer.
Mas, a bem da verdade,
é apenas sonho de poeta
                 e de navegante

De todo modo,
calmo mar,
azul de origem
dalgum lugar bendito,
                   cá estamos
                   sem horas,
                 sem aflição,
                 sem armas,
sem posses.




|Poema da Série "Mar" - Autor: Webston Moura|


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Webston Moura
, administrador deste blog, é Tecnólogo de Frutos Tropicais, poeta e cronista. Natural do Ceará, Brasil, mora no município de Russas, na região do Vale do Jaguaribe. Aprendiz de Teosofia, segue a Loja Independente de Teosofistas - LIT. Tem apreço por silêncio, música, artes plásticas, bichos e plantas. É também administrador dos blogs O Caderno Livre e Só Um Transeunte.
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PENITÊNCIA



Constant Variation (1958) - Kay Sage




A cigarra insiste
seu canto obstinado.

Na tarde comum
aos homens-desgaste,
a monotonia de existências
sob o reincidente canto.

Enquanto o sol castiga
nenhum sonho é possível
          e tudo é penitência.


|Autor: Webston Moura!



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terça-feira, 7 de novembro de 2023

Historiador dos números



Ubiratan D’Ambrosio ampliou o alcance do ensino da matemática
por meio do diálogo com contextos culturais diversos


Ubiratan D’Ambrosio durante evento no auditório do Instituto de Filosofia
e Ciências Humanas (IFCH) da Unicamp, em 2007
Imagem: 
Antonio Scarpinetti - SEC - Unicamp


por: Christina Queiroz, em 19 de maio de 2021

Teórico da educação matemática e pioneiro na área da etnomatemática, campo de estudos que analisa a aplicação do conhecimento matemático em diferentes universos culturais, Ubiratan D’Ambrosio morreu no dia 12 de maio, aos 88 anos, em São Paulo. Era professor emérito da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e docente do Programa de Pós-graduação em Educação Matemática do Instituto de Geociências e Ciências Exatas da Universidade Estadual Paulista (Unesp), campus de Rio Claro. Deixa a mulher, Maria José, um filho, quatro netas e duas bisnetas.

Paulistano, D’Ambrosio graduou-se em matemática pela Universidade de São Paulo (USP) em 1955. Defendeu o doutorado em matemática pura, em 1963, na mesma universidade. Também foi professor na Escola de Engenharia de São Carlos, na Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas) e na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Rio Claro. Ao longo de sua trajetória profissional, lecionou no Programa de História da Ciência da PUC-SP, no Programa de Pós-graduação da Faculdade de Educação da USP e foi professor visitante no Programa Sênior da Universidade Regional de Blumenau (Furb).

sábado, 4 de novembro de 2023

Estalo



Poppies an Butterflies (1890) - Vincent van Gogh



Só e suave,
borboleta da tarde.

Sabe-não sabe:
seu voo em gotas.

Ante o calor
que derrete o pensar
o incerto instante
em que percebo a cor.



|Autor: Webston Moura|



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LUZES DA CIDADE



City Lights - Margareta Sterian




Luzes,
luzes da cidade:
em meu espanto,
naquele começo de noite,
nascia outra criança,
a que se faria mundo
                      em mim.

Eu via as ruas,
as avenidas,
as casas,
as pessoas,
um bar,
uma bodega,
a solidão que ainda
não expressava
seu completo pulsar.

Luzes,
luzes da cidade:
nascia ali o futuro,
destino inevitável
aos que, como eu,
haveriam de decifrar labirintos.



|Autor: Webston Moura|



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sexta-feira, 3 de novembro de 2023

O MOINHO



Mill in the evening (1905) - Piet Modrian





Quando nenhuma luz se excede,
e todo corpo, em sua estrita forma,
se mostra: vultos e lampejos
entre a névoa que os olhos
possibilitam saber.

Por isso mesmo,
a beleza de sua toda solidão,
um moinho, uma visagem,
a visita do extraordinário
entre pássaros, estrelas, sonhos.


|Autor: Webston Moura|


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quinta-feira, 2 de novembro de 2023

PAISAGEM ARDENTE E TERNA



Sunset over the River (1655) - Aelbert Cuyp




Ainda há o rio,
o que dele restou.
E o sol, a se pôr,
             também.
A natureza não se finda
- se repete.

Nós é que não,
             não ali.

Os dias se passaram,
os meses, os anos.
O tempo levou nossas vidas
e nos deixou estas rugas
e memórias, o cheio do rio
e os tons em vermelho e laranja
daqueles fins de tarde,
paisagem ardente e terna
vagando suave em nosso sangue.


|Autor: Webston Moura|


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segunda-feira, 23 de outubro de 2023

DEUSES CAÍDOS



Untitled - Paul Jenkins




Para mudar o mundo,
          pouco podemos.

A Realidade é secreta.

Só de pouco em pouco
- e com esforço -
aprendemos
o mistério da água
e o destino dos astros.

Somos deuses caídos
tentando o retorno.


|Autor: Webston Moura|



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A LAGOA



Simplistic Beauty Painting - Sandaruwan Perera





Olho a lagoa.
A água escura
é dos esgotos
que ali vão dar.
Mas, para o que quero
- perdido em meu silêncio -,
                   isso não importa.

Olho a lagoa,
como se nada mais importasse.
(Atrás de mim, na via pública,
carros e motos fazem a cidade).

Alheio ao resto,
olho a lagoa,
sem desejá-la útil,
sem querê-la,
dalgum modo,
engarrafada,
tornada grife,
feita consumo.

Olho a lagoa
bruta, selvagem,
despida da mão humana,
como em remoto tempo
ela se pôs rica e inteira,
            viço e plenitude.


|Autor: Webston Moura|



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