quarta-feira, 25 de julho de 2018

SINGRAR



Ponho o barco à disciplina do vento.
Meço o mês, as estrelas, a experiência.
Navego outro começo, reinauguro mão e senda.
Tudo é luz, sol repleto por sobre a Terra.
E eu, ainda que pouco por sobre as águas, vou-me,
                                                      um tanto de pássaro,
                                                          um tanto de medo,
                                                           um pouco por dia,
até me esquecer do tempo.


│Autor: Webston Moura│

Alvorada

Bárbara luz,
um sabiá cantando a graça de si.

Onde os homens não endinheiram,
o mato rasteiro avança.

Livre, uma vaca pasta o gratuito.

Como no primeiro dia do mundo,
as águas nascem e caminham.

É sempre manhã,
onde esperançamos infâncias.


|Autor: Webston Moura|




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Webston Moura
, administrador deste blog, é Tecnólogo de Frutos Tropicais, poeta e cronista. Natural do Ceará, Brasil, mora no município de Russas, na região do Vale do Jaguaribe. Aprendiz de Teosofia, segue a Loja Independente de Teosofistas - LIT. Tem apreço por silêncio, música, artes plásticas, bichos e plantas. É também administrador dos blogs O Caderno Livre e Só Um Transeunte.
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quarta-feira, 11 de julho de 2018

Enquanto o Orvalho me Toma



Mornig Dew (1907) - Igor Grabar



Arredio a más notícias,
carrego uma esperança quieta.
Não a quero em alardes,
mas como roupa ao corpo.
Tenho serena alegria
sob uma dor apaziguada,
mãos mais suaves e ternas
e um olhar mais demorado.

Mas, ainda que melhor,
gostaria de uma casa
mais para dentro do mato,
onde pudesse esquecer
de toda essa demasia,
excesso de tudo-tudo,
páginas que o fogo devora
nesta pressa de desvios
que me degredam de mim.



│Autor: Webston Moura│


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terça-feira, 3 de julho de 2018

CONSTATAÇÃO ÁCIDA NA HORA DO CAFÉ



É verdade, é muito verdade:
somos umas ilhas, agoniadas ilhas.

A quem nos dirigimos, cantos nervosos, nesses falares?

É verdade, é muito verdade:
estamos frágeis, por isso, armados,
armados de medo e de sobreavisos;
contando os prós, contando os contras;
perdendo a conta, o sono, a hora.

É verdade, é muito verdade:
o débito; a falta; o quase; o tudo
           ─ esta coisa de mil nomes
                        ardendo nas mãos,
             vida, seu chamado e sua insuportabilidade.


│Autor: Webston Moura│

CONFISSÕES NO DOCE DESERTO DA NOITE


Alma antiga, lembranças, tempo fluido:
este moço, agora envelhecendo, sou eu.
Há uma janela imaginada, mas muito clara,
donde olho, docemente, o que me acalma o sangue.
Fecho os olhos e sigo; sei que deve ser assim.
É o que sou, uma passagem, uma travessia alerta.

Escuto a noite, inteira noite,
coisa livre e oculta aos homens.
É quando, com total paz,
percorro Artur Verocai, 1972, sublime.
A música me toma.

À tarde, passeando com meu cão, pequeno cão,
observo sua alegria, que é como a minha.
A alegria sem soberba, a alegria simples.
Como meu cão, o ato de estar já me basta.
Estar entre as mansas coisas que me acolhem.
Como aquelas nuvens que o vento tange,
a gratuidade de suas existências.

Existir deveria ser sem muita intenção,
apenas ir-se estrada sob o sol, sendo.


│Autor: Webston Moura│

quinta-feira, 28 de junho de 2018

REVISTA PROPULSÃO (2018.1)


MENSAGEM DOS EDITORES DA REVISTA PROPULSÃO DIVULGANDO A MAIS RECENTE EDIÇÃO

Com alegria anunciamos a nova edição da
REVISTA PROPULSÃO: Prosemas, Mostrares e Artesanias.
ESTÁ NO AR, PESSOAL!


Neste número:
Alan Mendonça - Alves de Aquino - Amanda Vaz - Ana Cristina Moraes - Ana Novaes - Angela Caporaso - Blanca Varela - Cesar Garcia Lima - Dércio Braúna - Deribaldo Santos - Diogo Fontenelle - Ed Silva Quenoa - Emerson Bastos - Fátima Vale - Felipe Franklin - Gabriel Stroka Ceballos - Gleanne Rodrigues - Henrique Beltrão - Henrique Marques Samyn - Izabella Zanchi - Leticia Copatti - Liciany Rodrigues - Lílian Martins - Lúcio Flávio Gondim - Mailson Furtado - Manoel Carlos - Mônica Serra Silveira - Nonato Nogueira - Nuno Gonçalves - O Poeta de Meia-Tigela - Panfletári(x) Anônim(x) - Patrícia Gonçalves Tenório - Paulo Avelino - Raisa Christina - Ravena Monte - Raymundo Netto - Renan Dias - Renato Barros - Rosa Maria Mano - Rosana Piccolo - Silas Correa Leite - Suellen Lima - Tarcia Freitas Alcântara - Thayane Braide - Thaís Barbosa - Valdemar Neto Terceiro - Virgina Hiromi Fukuda Viana - Webston Moura



domingo, 13 de maio de 2018

NOVENA






O slogan do Djavan bem poderia ser “CADA VEZ MELHOR”, tal é a notória evolução de sua arte no tempo. Neste disco, “Novena” (Sony, 1994), a primeira música, “Limão”, inicia-se assim: “O véu luminoso do sol na bruma / Cobre a Serra molhada / Por um buraco na névoa / Vara a espada de luz / Libertando a terra, ao tocá-la”. Poesia, sua letra, mas não apenas. Poesia em tudo, em todos os aspectos, o que inclui a maneira com que Djavan canta. Em “”Aliás”, “Existem coisas que o amor diz / Com aquela coisa a mais / De quem é feliz / Joias caras produzidas no coração / Tiaras sem fim / Guardo essas luzes pra te servir”. Precisa mais? Sim, precisa ouvir, se é que já não ouviu. E, se ouviu, já guardou na alma.