domingo, 8 de setembro de 2024

Nem Tudo Faz Sentido



G-1 (1985) - Emil Schumacher


Há quem não goste desse tipo de arte. Refiro-me à pintura que você vê aí na postagem,  a tela G-1, de Emil Schumacher. Eu digo o contrário, digo que gosto, pois gosto tanto do que é figurativo como de outras formas, o que inclui esta maneira de pintar, que se chama Taquismo.

Ah, mas o que ela quer dizer? Não sei. Isso fica por conta dos estudiosos, de quem vai atrás. A mim, como pessoa que simplesmente se emociona, basta-me a comoção, o encantamento.

sábado, 7 de setembro de 2024

Infância e Futebol



Futebol - Mario Zanini


Não era bem meu interesse fazer aquilo. Desde que me entendo por gente, sou assim um tanto desligado, mais pensativo que prático. Mas ali estava eu, manhã já findando, os meninos jogando, a bola correndo.

Ficamos, uns poucos, depois que a aula acabou. Era o horário da manhã. A escola, que era grande, com espaço de sobra, era também agradável. E permitia que ficássemos, ainda que fosse além do horário. Se não sempre, mas aqui e ali, permitia.

quinta-feira, 5 de setembro de 2024

Parece Que Foi Ontem



Old and young - Mikhail Nesterov


Os jovens têm uma vida longa pela frente. Até descobrirem que a vida não é longa, que longa - larga e arrojada - é a esperança que se têm no vigor da idade. E o mais, o depois, é um mistério que só se sabe vivendo mesmo.

Acho que todo ex-jovem carrega certa melancolia. A juventude tem seus "azares", mas é um momento aonde tudo parece que vai dar certo. De alguma maneira, mais vai.

quarta-feira, 4 de setembro de 2024

Reencontro



Rosace II (1941) - Otto Freundlich




Fazer as pazes com o passado

Sem passar a limpo 
Decifrar os borrões
E achar bonito 
Os percursos que foram feitos 
Tudo travessia.

Descobrir
Memórias antigas e perdidas 
De mim mesma 
No esforço do outro 
Em não esquecer

Não esquecer e negar nada
Passado Passado 
Sob pena de se perder
Na amnésia seletiva
Daquilo tão precioso quem somos
Fazer as pazes com o Passado




|Autora: Rozane de Freitas Alencar
|Post do blog Flor de Toda Cor: https://rozaflor.blogspot.com/
|Rozane de Freitas Alencar é psicóloga



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Webston Moura
, administrador deste blog, é Tecnólogo de Frutos Tropicais, poeta e cronista. Natural do Ceará, Brasil, mora no município de Russas, na região do Vale do Jaguaribe. Aprendiz de Teosofia, segue a Loja Independente de Teosofistas - LIT. Tem apreço por silêncio, música, artes plásticas, bichos e plantas. É também administrador dos blogs O Caderno Livre e Só Um Transeunte.
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quarta-feira, 28 de agosto de 2024

Muitas Coisas Não Sei



Atmosphère chromoplastique Nº 872 (2007)
- Luis Tomasello




Muitas coisas não sei.
Sei que existem.
Mas não as conheço,
digo, por dentro.

Elas estão por aí,
em redor,
perto e longe,
múltiplas, várias,
infindáveis.

São como esse colibri,
que, vez ou outra,
sobrevoa a minha vida,
detém-se no cume das flores,
preciso em movimento,
colhendo néctar.

São como essas pedras,
essas que encontro nos caminhos,
umas bonitas, outras acanhadas,
todas mudas, de olhos escondidos
           e murmúrios insondáveis.

São como essas pessoas que passam na rua,
sem que eu dê conta de um qualquer detalhe
de quem sejam, suas origens, algum sonho
                                          (ou perda),
uma alegria,
um confete que tenham ao bolso, se possível,
nada, nada, nada sei.

E eu sigo assim,
sem saber destas tantas coisas,
digo, por dentro,
sem provar o gosto de suas almas,
sem chance de me sentar com elas
e tomar um chá, conversar,
                   ouvir e falar.

Muitas coisas não sei.
Sei que existem.
E só.



|Autor: Webston Moura|

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, administrador deste blog, é Tecnólogo de Frutos Tropicais, poeta e cronista. Natural do Ceará, Brasil, mora no município de Russas, na região do Vale do Jaguaribe. Aprendiz de Teosofia, segue a Loja Independente de Teosofistas - LIT. Tem apreço por silêncio, música, artes plásticas, bichos e plantas. É também administrador dos blogs O Caderno Livre e Só Um Transeunte.
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sexta-feira, 23 de agosto de 2024

O Poeta e a Pedra



A Cavern near Saint Agnese without the Porta Pia (1778)
- Thomas Jones



"Sim, escrevo versos,
e a pedra não escreve versos."
- Alberto Caeiro



Mas em mim e na pedra o Universo está inscrito, como a Vida nas vidas em que vive e se mostra. E se a pedra não escreve versos, ainda mais misteriosa é, sua língua de escuro e distância é o que não alcanço.



|Autor: Webston Moura|

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quinta-feira, 22 de agosto de 2024

BBC News Brasil: "Quanto o país arrecadaria com um novo imposto sobre os super-ricos brasileiros?"





"Se você não tem um patrimônio de pelo menos 13 milhões de reais, você não faz parte do grupo de brasileiros que menos pagam impostos no país. Os 0,2% mais ricos são os únicos no Brasil que pagam menos de 2% da sua riqueza em imposto de renda. Quanto dinheiro o país poderia arrecadar se esses multimilionários pagassem tanto imposto quanto os outros brasileiros?"

Veja o vídeo!

Reportagem em texto: https://www.bbc.com/usyrtsgres


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terça-feira, 20 de agosto de 2024

Venusto Vermelho



Red Canna (1923) - Georgia O'Keeffe



Vermelho.

Algures
isto há
à mão,
para os olhos em deleite,
em jardins ou nas silveiras afora,
quase um fruto que se come no pé.

Canna L.,
avidez de existir,
como se fosse um tigre
ou um rio na juventude.

Vermelho!

Venusta flor,
capricho ardente,
amor e mais, mais, mais!



|Autor: Webston Moura|

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segunda-feira, 19 de agosto de 2024

Os Unicórnios




The Unicorns Came Down to the Sea



Não existem unicórnios. Mas não posso provar. Digo que não existem porque não quero que existam. E não quero que existam porque não acredito que existam. E, se acredito que não existem, desejo estar certo, ao dizer que não existem. E isto me leva a me imbuir de um humor aflito.

Os unicórnios desceram para o mar, diz a pintura, seu título. Foram se encontrar com os cavalos-marinhos, imagino. E, se posso imaginar, isso já se torna, de algum modo, verdade. Não uma verdade positiva, mas uma verdade do sonho. E o sonho cumpre algo de nossa essência, algo que, sem o qual, não seríamos quem somos, humanos. Então, se só assim, através do sonho, posso fazer existir unicórnios, e isto passa a ser uma verdade, que o seja. Como os que desceram para o mar.



|Autor: Webston Moura|

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No Cais, Pastando as Horas




Solarization (1937) - Maurice Tabard




Quem vem lá?

O escuro do corpo
no escuro da noite.

A noite: ideia fragmentada
embalada no engano.

Quando jovem
isto não via.

Não assim
tão verdadeiro.

É inadiável a verdade
quando se envelhece.

Ou a ilusão dourada
nos consome, sem piedade.

Quem vem lá?

Talvez amiga mão
de distante amigo.

Um sonho sem ásperos,
água sem ardis.


|Autor: Webston Moura|

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domingo, 18 de agosto de 2024

A Solidão



Loneliness (1927) - Carlos Saenz de Tejada



Diz a banda Engenheiros do Hawaii, na música "Nau a Deriva": "Meu coração é um porta aviões / Perdido no mar, esperando alguém chegar / Meu coração é um porto sem endereço certo / É um deserto em frente ao mar".

É a solidão. E, neste caso, a solidão de alguém que se diz à deriva, perdido, desconectado dos outros ou, quem sabe, e mais especialmente, necessitado de alguém como uma namorada. Ou um bom amigo, simplesmente.

O poeta Vinícius de Moraes, no texto "Da Solidão", diz: "A maior solidão é a do ser que se ausenta, que se defende, que se fecha, que se recusa a participar da vida humana."