Não
tenho outras palavras,
exceto
estas, gastas, que trago no costume.
Sei,
entretanto, poder renová-las desde seu cerne,
como
dizer calçada e ver o caminhar dos
transeuntes,
os
sentimentos todos atravessando as horas.
Palavra
é meio, transito, panela onde se coze,
cadeira
onde se senta, até a interjeição no cartaz que pede Silêncio!
na
emergência de um hospital, lugar onde as palavras doem,
ainda
que envolvidas em penicilina, gaze e procedimentos singulares.
A
palavra jardim não dá flores, diz-me o passante
(ironizando
uma minha possível inocência).
Ao que
direi ver dela despencarem cheiros e lembranças,
rostos
e possibilidades, flores que a imaginação fabrica.
│Poema
da Série “Palavra” – Autor: Webston Moura│