Deita-te
comigo.
É tão
longa a noite.
Apagaram-se
os brilhos
do tecto
do dia claro,
ficou a
iridescência nas
vidraças
dos teus olhos
que
bebo ou recuso.
A casa
respira o sussurrar
das
águas, se quiseres, ou
silencia
e abafa todos os gritos
da
solidão partilhada.
Ao
alcance do teu gesto fico,
nascente,
leito ou deserto.
Por ti
me farei cascata ondulante
ou,
como barro, me unirei
às
reentrâncias absurdas das águas.
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# Poema constante de "Evocação das águas" (Seda Publicações, 2015), com desenhos de Carmo Pólvora.
Lília Tavares (1961) é
psicóloga clínica, há 24 anos a trabalhar na reabilitação de jovens e adultos.
Casada e mãe de dois filhos, frestas de luz que a vida lhe deu. Unida à Poesia
desde os treze anos, publicou em 1979 Fusão Crepuscular e
outros Poemas em edição de autor. Participou, a convite,
numa antologia de poetas do Baixo Alentejo, dois anos mais tarde. Natural de
Sines, traz consigo o aroma das marés vivas de Setembro. De extremos, ama o
aroma das terras, o sol, as alfazemas em Junho. Criadora e co-autora da
Página "Quem lê Sophia de Mello Breyner Andresen", Lília é co-autora da Página "Poesia com Artes" e, neste âmbito, realiza Encontros de
Poesia e Artes em Oeiras. Tem criado eventos,
prefaciado, participado e/ou apresentado diversos livros de poesia
de outros autores. Participou com outros onze autores em Rio de Doze Águas(Coisas de Ler, 2012), antologia prefaciada por
Joaquim Pessoa. Publicou Parto com os Ventos (Kreamus, 2013), prefaciado por Carlos Eduardo Leal,
RJ, e ilustrado com esculturas de arame de Simone Grecco, SP. Ama as pequenas
coisas. Prende o olhar numa lágrima, num amigo, numa estrela.