PEQUENOS
DEUSES
Repara
na tarde que te guarda (na vida
que
te escapa, cada polegada por
segundo): o que nela não é senão essa
confusa
distribuição de seda e péssimo?[18]
Vês aquelas crianças: contra a
púrpura
da tarde, sobre suas velhas
bicicletas
(como pequenos deuses em aparição),
não dirias que todo futuro será
fabuloso?
...................
O CREPÚSCULO POR SOBRE AS COISAS
Mas as
nuvens alaranjadas do crepúsculo
douram
todas as coisas com o encanto da
nostalgia;
até mesmo a guilhotina,[19] até
mesmo
essas futuras bestas que, sobre
suas
idílicas bicicletas, não imaginam
(poderiam?)
a esplêndida atrocidade
que suas
pequeninas mãos guardam. ―
Eis o milagre sumário das coisas.
Eis o milagre sumário das coisas.
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NOTAS
(Conforme enumeradas no próprio livro, Metal
sem Húmus):
18.
CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE, Claro enigma –
“Contemplação no banco” (Rio de Janeiro: Record, 2006, p. 38).
19.
MILAN KUNDERA, A insustentável leveza do
ser (São Paulo: Companhia das Letras, 1999, p. 10).
# Poemas
constantes de Metal sem Húmus
(7Letras)
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