Diz-se
que o homem,
mesmo em multidão,
é criatura
só e de destino trágico.
Pela
Terra, vagando, ilusões o acompanham
desde
os remotos aos atuais dias.
E ele
sofre, danado em sua cabeça,
enlouquecido
em seu corpo.
Chegaram
então os dias de hoje
com essas
máquinas de juntar olhares,
para
que pudessem sofrer juntos,
sem solução a vista.
Chegou
o tempo do desespero ampliado.
E vieram
igrejinhas e capitalizações,
nova ordem,
venenos antigos repaginados,
entretenimentos,
miragens
e a
fera (sempre) refeita em cada um,
para
que se operasse o milagre da
autodestruição
coletiva.
Não
seria o caso, ainda que com pouca ênfase,
de se
dar uma chance de estarmos errados
quanto aos vaticínios de fim de mundo?
Não
seria o caso de vermos nosso olho mesmo
como a
máquina modeladora do que, em nós, sangra, dói-se e agoniza?
Por um
instante, só por um instante,
se luminoso
for tal instante,
abrindo o horizonte,
pode o
indivíduo não salvar a embarcação,
mas,
com efeito, aumentar a luz aos olhos
dos que ainda querem ver
e seguir.
Causa e consequência,
o coração é a terra a ser domada,
sempre.
O Eu é
o Senhor do eu;
poderia haver um senhor mais elevado?
Quando o homem domina bem
o seu eu,
ele encontra um Senhor que é muito difícil de encontrar.
─ O
Dhammapada
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