Com um
facão cortei o mamoeiro morto.
Saiu,
abrupta, de seu caule oco, uma água,
estranha
água aquela, esbranquiçada,
resto
de seiva perdida,
que a
terra haveria de sorver.
Eu
tinha doze anos e um carneiro branco:
as
coisas decadentes não cabiam em meu mundo.
Por
isso, a imagem última do mamoeiro me amedrontou,
ao passo
que também me comoveu não poder tomá-lo nas mãos
e sarar
alguma ferida sua, trazê-lo de volta ao verde.
Estranho
dizer, talvez, mas o mamoeiro, aquele, ainda que árvore,
era meu
amigo, como o carneiro que, adiante, eu também perderia.
│Poema
da Série “Árvores” – Autor: Webston Moura│
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