terça-feira, 17 de dezembro de 2019

TRAÇOS INSTIGANTES



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por: Tânia Du Bois

Tomo como exemplo a fotografia das crianças sentadas de frente para o mar. Elas estão totalmente integradas à paisagem. A sensação que essa imagem produz, é a de serem “engolidas” pela paisagem, de tão pequenas que se tornam diante do mar; verdadeiros traços instigantes.

A mesma imagem permite outra revelação, a de que a paisagem é tão ampla que a minha imaginação se apresenta num tempo onde há o jogo entre o sentimentalismo e a hora do clik, permitindo admirar no espaço a bela imagem do ser diante da paisagem, enquanto arte, e a perceber a diminuição do ser, enquanto traços instigantes.

Momento artístico, descrito através da imagem como movimento, também encontrado na literatura nos traços instigantes da poesia. Alguns poetas descrevem a paisagem e homenageiam a grandiosidade do momento, como Douglas Mansur: “...fotografo com os olhos / revelo no pensamento / Amplio no coração / Distribuo com os lábios e com as mãos / Eternizando os momentos da história”.

A hora do clik registra traços instigantes em que considero o tempo como o melhor momento, porque, sem amarras, junta o passado ao presente na expectativa de que o futuro seja construído com suas verdades.

Busco nos traços instigantes respostas, em diferentes campos e, assim, emocional e culturalmente me fortaleço ao nutrir equilíbrio entre a paisagem e a reflexão da imagem, como relevância e suporte à mente e ao valor que a arte tem na posteridade; não como doação e sim pela qualidade que desempenha em minha vida. Douglas Mansur revela: “Fotografo no claro / Revelo no escuro / Amplio na luz vermelha / Na luz do passado vejo a história”.

Interessante como as pessoas interpretam de maneira diferente uma mesma paisagem. Enquadram a imagem com o objetivo mobilizador do pensamento, dando o toque pessoal à fotografia.

Atualmente, quando vista em paisagem considerada interessante, a imagem é registrada através do aparelho celular e, imediatamente, colocada nas redes sociais. Essa é uma das variantes do mundo moderno. No entanto, há a tendência de que o uso do celular para fotografar e divulgar traços instigantes estigmatiza comportamentos ditos despojados, não sendo algo culturalmente relacionado à arte, o que seria comprovado apenas pela sensibilidade de cada um.

Traços instigantes: imagem versus paisagem, ganha como o aliado o aparelho celular nos possibilitar desvelar com habitualidade o momento da contemplação. É impacto que põe em xeque a motivação versus arte, emoção versus momento. Que, sem rotulações abre portas para a imaginação em leque de possibilidades para atribuir significados aos traços diferentes, esculpidos através da vivência, com o poder transformador das artes, como escreveu Margarida Reimão. “Uma realidade marcada na moldura de um quadro...”

│Crônica constante de Arte em movimento (Projeto Passo Fundo, 2016), de Tânia Du Bois.

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Leia também:
- Jogo Emocional (I)
- Chamas
- Poemas de Pedro Du Bois
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