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por:
Tânia Du Bois
Dia
após dia sinto-me estranha. Não enxergo o horizonte, nem escuto os pássaros.
Escuto as vozes em tom baixo e sem força. Meu dia é longo, curta a noite. As
cortinas estão fechadas. Estaria passando pela minha intransparente solidão? Nas palavras de Álvaro Pacheco, “...Na minha vida que passa / eu passo do
reencontro / dos tempos que me matei: / não cumpro as missões jacentes / dos
fatos de alegrar-me: / minha sina é entristecer-me...”.
Escuto
na insônia o lamento da vida, quando minhas outras vozes meditam no escuro do
quarto. Traço linhas; escrevo sobre o silêncio que espreita a minha vida entre
tentativas infrutíferas de bem estar.
Estranho
é o mistério quando sigo minhas ruínas até o tempo remontar meu pequeno sonho:
seguir as luzes para poder distinguir nas sombras a hora da verdade. Ainda em
Álvaro Pacheco, “...Apenas a solidão / se
comunica conosco: / é sofrer nas almas / esse meio e fim / (e sobreviver, ah,
sobreviver)”.
É
necessário resistir à estranheza temporal que diz que fui conquistada: minhas
forças estão fracas. A vida me leva em altos e baixos nas várias cores da
solidão. Ás vezes, penso em não mais ficar sem quem me convença a procurar parâmetros
que multipliquem meus sentidos, para marcar o tempo e determinar as causas do
estranhamento nos meus dias. Estaria nas pequenas coisas a grandeza da vida? Ou,
como Álvaro Pacheco reflete, “...a vida
nos desgasta / nessas repetições cruas / não não / nos habituamos jamais”.
│Crônica
constante de Na Sombra dos Sentidos (Projeto Passo Fundo, 2019), de Tânia Du
Bois.
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Leia também:
- JOGO EMOCIONAL (I)
- TRAÇOS INSTIGANTES
- AUTÓPSIA DO INVISÍVEL
- O REFLEXO COMPLEXO EM SI...
- A LUMINOSIDADE DO ESCURO
- MOSAICO DE RUÍNAS
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Caro Webston,
ResponderExcluirmuito, muito obrigada pelas publicações.
É prazeroso participar do seu espaço.
Forte abraço,
Tânia.
Eu que agradeço, Tânia, pela gentileza e os livros! Abraços!
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