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por: Tânia Du Bois
A
música é suspiro efêmero, mágica elevada aos céus e ao inferno: relembra momentos
e embala meu corpo no ritmo no prazer e da dor da saudade. Como em Geraldo
Vandré, no Festival da Canção de 1968, “caminhando
e cantando e seguindo a canção / Somos todos iguais braços dados ou não / Nas
escolas, nas ruas, campos, construções...”.
A
vida é feita de opostos que se completam: tendo a lembrança, como esquecê-la?
Na música encontro o reconforto pelo que passou e restou apenas na sonoridade
sentida como recordação. Por isso, reinvento o viver, musicalmente, para sentir
o presente. Assim, na música Alegria,
Alegria, de Caetano Veloso, “Caminhando
contra o vento / Sem lenço e sem documento...// Eu tomo uma Coca-Cola / Ela
pensa em casamento / E uma canção me consola / Eu vou // Sem lenço e sem documento
/ Nada no bolso ou nas mãos / Eu quero seguir vivendo o amor...”; marco do
movimento tropicalista ao ser apresentada, em 1968, no Festival da TV Record.
Quando
escuto músicas, sou tomada pelo jogo emocional em cenas de luzes, cheiros e
sabores, onde meu pensamento se alia ao tempo que se amplia, fosse mar de
sentimentos.
Os músicos constroem “arquiteturas” exuberantes, pois, conseguem retratar meu “clima
envolvente” em cada canção, refletindo a alegria e a tristeza como momentos
únicos, onde interiormente grito minhas saudades.
São
inúmeras as vezes em que a música me ilumina em tons, que me permitem “fingir" que estou revivendo o jogo emocional; assim, o show de Bossa Nova, em 1960, intitulado A Noite do Amor Do Sorriso e Da Flor,
apresentado nas dependências da UFRJ, com a participação de João Gilberto;
Ronaldo Bôscoli anunciou que “Esta é a
noite do amor, do sorriso e da flor. E este é realmente o primeiro festival de
bossa nova mesmo. Não se espantem...”.
Sei
o valor da música na vida; nela navego nos braços dos sentimentos; vejo o por
do sol se refletir nas águas do mar, deixando claro esta vida de sombras.
Então, sinto a importância da música, porque ela dá a sensação de poder
envolver o passado nas lembranças presentes; como acontece quando escuto
Elizeth Cardoso, na comemoração dos 50 anos de Bossa Nova, em Chega de Saudade: // “Chega de saudade / Vai minha tristeza e diz a ele / Que sem ele não
pode ser...”.
Momentos
em que, ao resgatar detalhes do meu viver, sinto vontade de estar novamente
dançando pelo tempo e ouvindo a alegria do coração, como proposta para capturar
as “imagens” como jogo emocional. Evinha bem refaz, cantando // Eu vou voltar aos velhos tempos de mim /
Vestir de novo meu casaco marrom / Tomar a mão da alegria...”
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