É triste o cão na rua. A fome e a sede o tomam. Seus secos olhos doem. Anda devagar, tem medo. Sua fragilidade atrai os agressores. Vive assim desde sempre. Abandonado, vai e vem. Encontra aqui uma comida. Ou o que restou de uma. Bebe a água que lhe dão. Ou a que, suja, encontra. Em geral, não o vemos. Ou fingimos. Ele é a denúncia de que nos tornamos fracos. Fracos porque insensíveis e cínicos. Ele, se pudesse, seria o nosso cão. Seria mais, seria irmão. Ele, se pudesse, faria do abandono apenas uma palavra, nada mais que uma palavra.
|Autor: Webston Moura|
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Imagem: Depositphotos
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Webston Moura, administrador deste blog, é Tecnólogo de Frutos Tropicais, poeta e cronista. Natural do Ceará, Brasil, mora no município de Russas, na região do Vale do Jaguaribe. Aprendiz de Teosofia, segue a Loja Independente de Teosofistas - LIT. Tem apreço por silêncio, música, artes plásticas, bichos e plantas. É também administrador dos blogs O Caderno Livre e Só Um Transeunte.
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