As árvores finalmente despertam.
Uma claridade nova rodeia já
a ameixoeira vestida de noiva
e as trovas em seus ramos
não tardarão a arrancar-nos das mãos
a insensibilidade fria do inverno.
Seremos então, amor, um rumor
alegre de água, a correr
no lugar das mágoas que já não são.
E falaremos de nós deslumbrados
apenas porque
uma brisa de março
subitamente nos tange o coração.
│Da página Quem lê Sophia de Mello Breyner Andresen
│LÍDIA BORGES, in GARÇAS (Poética,
2019)
│Ilustração ©Gemma Capdevila