domingo, 13 de abril de 2025

A Espera




88. VA 17 (1988) - Jurgen Partenheimer



Há uma espera no ar. Não uma esperança, mas uma espera. Há uma desconfiança e uma vigilância. Há os rumores, as narrativas, o esvaziamento da realidade em palavras e opiniões. Há a troca de insinceridades elegantes e sorrisos amarelos. Há toda uma espera de que o dia amanheça e o mundo seja outro, melhor. Ou que, ao menos, os discordantes amansem suas iras. Há um cansaço mal-disfarçado ou nem tanto, até assumido, a que os especialistas, com óculos limpos e dentes brancos, chamam de "Síndrome de burnout", sem nada resolverem. E debaixo de tudo, ganindo, há uma espera, uma longa espera, amarrotada espera, com os dias passando, insolentes, indiferentes, o sol brilhando sem qualquer piedade.



|Autor: Webston Moura|

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Webston Moura
, administrador deste blog, é Tecnólogo de Frutos Tropicais, poeta e cronista. Natural do Ceará, Brasil, mora no município de Russas, na região do Vale do Jaguaribe. Aprendiz de Teosofia, segue a Loja Independente de Teosofistas - LIT. Tem apreço por silêncio, música, artes plásticas, bichos e plantas. É também administrador dos blogs O Caderno Livre e Só Um Transeunte.
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