sábado, 21 de outubro de 2023

Golinha



Golinha





Golinha,
vejo-te aí,
repentinamente,
pequeno e ágil.

Através de ti,
vejo o tempo passar,
o que ficou para trás,
fechado em páginas
de dias, anos, vida.

Vejo minha infância,
sua força verde
brotando na manhã
que não mais existe.

Sinto a legítima lágrima
que rola em meu rosto
sob a candeia voraz do
persistente relógio.


|Autor: Webston Moura|


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Leia outros poemas do autor:





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Webston Moura
, administrador deste blog, é Tecnólogo de Frutos Tropicais, poeta e cronista. Natural do Ceará, Brasil, mora no município de Russas, na região do Vale do Jaguaribe. Aprendiz de Teosofia, segue a Loja Independente de Teosofistas - LIT. Tem apreço por silêncio, música, artes plásticas, bichos e plantas. É também administrador dos blogs O Caderno Livre e Só Um Transeunte.
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quinta-feira, 19 de outubro de 2023

"Amar", de Simone Bittencourt





Do melhor que ouvi em minha vida cito a Simone Bittencourt, que, no passado, fez muito sucesso. Tocava no rádio quando as rádios brasileiras tocavam boa música. Sua música sempre expressou, e ainda expressa, sensibilidade, força, graça e tudo o mais que faz uma arte de respeito. O disco em questão, "Amar", conforme se vê no vídeo/áudio acima, data de 1981. Gosto especialmente da segunda música, "Pequenino Cão".

|CANAL do vídeo: RARIDADE MUSICAL: https://www.youtube.com/watch?v=w-9sF2wv6QA


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Webston Moura
, administrador deste blog, é Tecnólogo de Frutos Tropicais, poeta e cronista. Natural do Ceará, Brasil, mora no município de Russas, na região do Vale do Jaguaribe. Aprendiz de Teosofia, segue a Loja Independente de Teosofistas - LIT. Tem apreço por silêncio, música, artes plásticas, bichos e plantas. É também administrador dos blogs O Caderno Livre e Só Um Transeunte.
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domingo, 15 de outubro de 2023

CORPO



Kungka Kutjarra (2000) - Makinti Napangka





Oculto no mistério das roupas,
não sei de sua carne viva, cores
que esparge quando nu e completo.

O corpo,
aquele de quem
         passa,
pessoa da qual nem
sei o nome

Oculto,
apenas imaginado,
calor e luz sobre a chama da alma.


|Autor: Webston Moura|



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Webston Moura
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Nunca



Still Life (1960) - Giorgio Morandi



Em tempo algum,
rastro que o seja,
vírgula que se diga,
suspiro pálido,
nada.

Em qualquer dimensão
- passado, agora, depois -,
sombra de lágrima
ou asa de inseto
que se veja,
nada.

Nunca!

E o muro é só isto,
o silêncio de pedra,
dizendo-se repetidamente,
negando a sede que a garganta grita,
torcendo a mão de volta
à sua intenção,
        proibindo,
           sem fim.



|Autor: Webston Moura|



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Webston Moura
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COISA EM FALTA



The lost love (c.1870) - Auguste Toulmouche







"Não sei de amor senão o não ter tido
teu corpo que não cesso de perder"
- Manuel Alegre



À sombra do que passa,
um caramujo, por exemplo,
ou, de repente, a janela
que se abre a meus olhos,
tudo isso a supor uma falta.

Em cada canto, então,
o amor perdido se põe
a ver, a contragosto
de quem o sente ainda ali,
coisa em falta, vazio.




|Poema da Série "Sob Inspiração de Manuel Alegre" - Autor: Webston Moura|




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Webston Moura
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quinta-feira, 12 de outubro de 2023

Roteiro Sobre Como Estudar Teosofia


Muitos Leem Sobre Filosofia Esotérica,
Nem Todos Sabem Como se Aprende de Fato

Carlos Cardoso Aveline





Apresentamos a seguir uma sequência de lições a ser administrada pelo próprio estudante. A ideia é que o interessado assuma a responsabilidade pela sua própria aprendizagem e seja seu próprio mestre e seu discípulo, com base no material que fornecemos.
 
Ao contrário da falsa segurança de obedecer a um “professor”, oferecemos um processo autodidático. O estudante deve decidir, por exemplo, se lerá duas lições por semana, ou sete. A voz da consciência será o mestre.
 
 

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O artigo “Roteiro Sobre Como Estudar Teosofia” foi publicado nos websites associados dia 29 de setembro de 2020.
 
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quarta-feira, 11 de outubro de 2023

DESENHO DE CAVALO





Study of horses (c.1490) - Leonardo da Vinci





Cavalo é aquilo
gerado pelas águas
e éguas do Nilo.

É chama do traço
que gorjeia num
desenho de Picasso.

Cavalo é muito pouco
do que se sabe
do seu trote barroco.

É a trama das léguas
tecidas pelas crinas
e o cio das éguas.

Cavalo é um sistema
de artérias onde circula
o sangue do poema.

Cavalo é o que torna
a infância do potro
no ventre da forma.



|Autor: Francisco Carvalho
|Poema constante da página 74 de "A Concha e o Rumor", 2000, copyright by Francisco Carvalho
|Imagem: Study of horses (c.1490) - Leonardo da Vinci



Francisco Carvalho
[Russas-CE, Brasil - 1927-2013]| Poeta, ocupou a cadeira 31 da Academia Cearense de Letras - ACL. Ex-funcionário da Universidade Federal do Ceará - UFC. Ganhador do Prêmio Nestlê de Literatura Brasileira, em 1982, com o livro Quadrante Solar. Com Girassóis de Barro, de 1997, ganhou o Prêmio da Fundação Biblioteca Nacional. Autor dos Livros: Cristal da Memória (1955); Canção Atrás da Esfinge (1956); Do Girassol e da Nuvem (1960); O Tempo e aos Amantes (1966); Dimensão das Coisas (1967); Memorial de Orfeu (1969); Os Mortos Azuis (1971); Pastoral dos Dias Maduros (1977); Rosas dos Eventos (1982); Quadrante Solar (1982); As Visões do Corpo (1984); Barca dos Sentidos (1989); Rosa Geométrica (1990); Exercícios de Literatura (1990); O Tecedor e sua Trama (1992); Crônica das Raízes (1992); Flauta de Barro (1993); Galope de Pégaso (1994); Sonata dos Punhais (1994); Artefatos de Areia (1995); Textos e Contextos (1995); Rosas dos Minutos (1996); Raízes da Voz (1996); Os Exílios do Homem (1997); Girassóis de Barro (1997); Romance da Nuvem Pássaro (1998); A Concha e o Rumor (2000); O silêncio é uma Figura Geométrica (2002); Centauros Urbanos (2003); Memórias do Espantalho (2004); Corvos de Alumínio (2007); Mortos Não Jogam Xadrez (2008). O cantor, compositor cearense Raimundo Fagner, em seu disco "Os Donos do Brasil", musicou os poemas "O Bicho Homem", "Esse Touro Vale Ouro", "Cesta Básica" e "Reino/Minueto da Porta". O falecido teatrólogo Antonio Abujamra recitou, algumas vezes, em seus "Provocações" (TV Cultura), poemas de Francisco Carvalho (vide busca no Google e no Youtube). A página do poeta no Jornal de Poesia, do Soares Feitosa, encontra "aqui". No website Alguma Poesia também há publicados poemas seus "aqui". Assim como no portal do Antonio Miranda "aqui". A página do poeta na Academia Cearense de Letras está "aqui".



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Webston Moura
, administrador deste blog, é Tecnólogo de Frutos Tropicais, poeta e cronista. Natural do Ceará, Brasil, mora no município de Russas, na região do Vale do Jaguaribe. Aprendiz de Teosofia, segue a Loja Independente de Teosofistas - LIT. Tem apreço por silêncio, música, artes plásticas, bichos e plantas. É também administrador dos blogs O Caderno Livre e Só Um Transeunte.
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BIOGRAFIA DA CHUVA




Haystack under a Rainy Sky (1890) - Vincent van Gogh






A chuva é uma noiva
com seu vestido de renda
bordado de vagalumes.

Semeia o ar de acalantos
vai contemplar as lavouras
de legumes e relâmpagos.

Vagueia pelos caminhos
para escutar os arrulhos
das núpcias dos passarinhos.

Planta flores nas estacas
transforma em leite a paisagem
na memória das vacas.

Vai ao celeiro de espigas
polir o ouro do milho
nas entranhas das formigas.

Deita-se a chuva na cama
e logo começa a arder
a relva de quem se ama.

A chuva é mais importante
do que todos os encantos
da Beatriz de Dante.



|Autor: Francisco Carvalho
|Poema constante da página 20 de "Centauros Urbanos", 2003, copyright by Francisco Carvalho
|Imagem: Haystack under a Rainy Sky (1890) - Vincent van Gogh


Francisco Carvalho
[Russas-CE, Brasil - 1927-2013]| Poeta, ocupou a cadeira 31 da Academia Cearense de Letras - ACL. Ex-funcionário da Universidade Federal do Ceará - UFC. Ganhador do Prêmio Nestlê de Literatura Brasileira, em 1982, com o livro Quadrante Solar. Com Girassóis de Barro, de 1997, ganhou o Prêmio da Fundação Biblioteca Nacional. Autor dos Livros: Cristal da Memória (1955); Canção Atrás da Esfinge (1956); Do Girassol e da Nuvem (1960); O Tempo e aos Amantes (1966); Dimensão das Coisas (1967); Memorial de Orfeu (1969); Os Mortos Azuis (1971); Pastoral dos Dias Maduros (1977); Rosas dos Eventos (1982); Quadrante Solar (1982); As Visões do Corpo (1984); Barca dos Sentidos (1989); Rosa Geométrica (1990); Exercícios de Literatura (1990); O Tecedor e sua Trama (1992); Crônica das Raízes (1992); Flauta de Barro (1993); Galope de Pégaso (1994); Sonata dos Punhais (1994); Artefatos de Areia (1995); Textos e Contextos (1995); Rosas dos Minutos (1996); Raízes da Voz (1996); Os Exílios do Homem (1997); Girassóis de Barro (1997); Romance da Nuvem Pássaro (1998); A Concha e o Rumor (2000); O silêncio é uma Figura Geométrica (2002); Centauros Urbanos (2003); Memórias do Espantalho (2004); Corvos de Alumínio (2007); Mortos Não Jogam Xadrez (2008). O cantor, compositor cearense Raimundo Fagner, em seu disco "Os Donos do Brasil", musicou os poemas "O Bicho Homem", "Esse Touro Vale Ouro", "Cesta Básica" e "Reino/Minueto da Porta". O falecido teatrólogo Antonio Abujamra recitou, algumas vezes, em seus "Provocações" (TV Cultura), poemas de Francisco Carvalho (vide busca no Google e no Youtube). A página do poeta no Jornal de Poesia, do Soares Feitosa, encontra "aqui". No website Alguma Poesia também há publicados poemas seus "aqui". Assim como no portal do Antonio Miranda "aqui". A página do poeta na Academia Cearense de Letras está "aqui".



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Webston Moura
, administrador deste blog, é Tecnólogo de Frutos Tropicais, poeta e cronista. Natural do Ceará, Brasil, mora no município de Russas, na região do Vale do Jaguaribe. Aprendiz de Teosofia, segue a Loja Independente de Teosofistas - LIT. Tem apreço por silêncio, música, artes plásticas, bichos e plantas. É também administrador dos blogs O Caderno Livre e Só Um Transeunte.
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ODE À ÁRVORE



The large tree (1889) - Paul Gauguin



Deusa vegetal
de copro límpido.
Madre das raízes
matriz das matrizes.
Árvore, medusa
de cabelos verdes.
Ó noiva morganática
do sonhos dos relâmpagos.
Catedral do vento
e das liturgias da paz.
Pátria dos pássaros
pórtico de ouro
do solar do crepúsculo.
Senda de murmúrios
sem segredo, de
palpitações em surdina.
Guardiã dos córregos
e dos veios da vida.
Pastora da montanha
e da fecundidade.



|Autor: Francisco Carvalho
|Poema constante da página 20 de "Galope de Pégaso", 1994, copyright by Francisco Carvalho
|Imagem: The large tree (1889) - Paul Gauguin
|Leia também deste autor: "Minibiografia" e "Lições de Eternidade"



Francisco Carvalho
[Russas-CE, Brasil - 1927-2013]| Poeta, ocupou a cadeira 31 da Academia Cearense de Letras - ACL. Ex-funcionário da Universidade Federal do Ceará - UFC. Ganhador do Prêmio Nestlê de Literatura Brasileira, em 1982, com o livro Quadrante Solar. Com Girassóis de Barro, de 1997, ganhou o Prêmio da Fundação Biblioteca Nacional. Autor dos Livros: Cristal da Memória (1955); Canção Atrás da Esfinge (1956); Do Girassol e da Nuvem (1960); O Tempo e aos Amantes (1966); Dimensão das Coisas (1967); Memorial de Orfeu (1969); Os Mortos Azuis (1971); Pastoral dos Dias Maduros (1977); Rosas dos Eventos (1982); Quadrante Solar (1982); As Visões do Corpo (1984); Barca dos Sentidos (1989); Rosa Geométrica (1990); Exercícios de Literatura (1990); O Tecedor e sua Trama (1992); Crônica das Raízes (1992); Flauta de Barro (1993); Galope de Pégaso (1994); Sonata dos Punhais (1994); Artefatos de Areia (1995); Textos e Contextos (1995); Rosas dos Minutos (1996); Raízes da Voz (1996); Os Exílios do Homem (1997); Girassóis de Barro (1997); Romance da Nuvem Pássaro (1998); A Concha e o Rumor (2000); O silêncio é uma Figura Geométrica (2002); Centauros Urbanos (2003); Memórias do Espantalho (2004); Corvos de Alumínio (2007); Mortos Não Jogam Xadrez (2008). O cantor, compositor cearense Raimundo Fagner, em seu disco "Os Donos do Brasil", musicou os poemas "O Bicho Homem", "Esse Touro Vale Ouro", "Cesta Básica" e "Reino/Minueto da Porta". O falecido teatrólogo Antonio Abujamra recitou, algumas vezes, em seus "Provocações" (TV Cultura), poemas de Francisco Carvalho (vide busca no Google e no Youtube). A página do poeta no Jornal de Poesia, do Soares Feitosa, encontra "aqui". No website Alguma Poesia também há publicados poemas seus "aqui". Assim como no portal do Antonio Miranda "aqui". A página do poeta na Academia Cearense de Letras está "aqui".


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Webston Moura
, administrador deste blog, é Tecnólogo de Frutos Tropicais, poeta e cronista. Natural do Ceará, Brasil, mora no município de Russas, na região do Vale do Jaguaribe. Aprendiz de Teosofia, segue a Loja Independente de Teosofistas - LIT. Tem apreço por silêncio, música, artes plásticas, bichos e plantas. É também administrador dos blogs O Caderno Livre e Só Um Transeunte.
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