quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

MAIS ALÉM DO ALTAR DOS CORDEIROS



Não nascemos para o massacre.

Não é aí que reside a centelha forte.
O livro dos livros
destes senhores que erguem estas torres
                                (pedra imensa alteada)
não pode ser lido sob esse (signo) deserto.
O chão antigo dos dias sob o sol,
mais além do altar dos cordeiros
e dos primogênitos
é habitação das heras e dos sândalos,
do trigo e da erva-sem-nome ─
essa a que o homem dará cultivo:
com elas ervará os ares
odorados do sangue incendiado
que sobe ao deus
                       (decrépito signo deserto)
dos senhores que erguem torres
contra os céus das manhãs.


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# Poema constante de "Aridez lavrada pela carne disto" (Confraria do Vento, 2015)

│Autor: Dércio Braúna

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