domingo, 16 de março de 2025

A Perfeição




Verde Abstrato (1966)
- Gebre Kristos Desta



Como expressão de algo exato e impossível de falha, a perfeição não existe em nós. Assim sendo, não somos perfeitos como uma engrenagem que, funcionando, nunca atingisse o erro. O erro em nós é algo mais que comum, de modo que deveríamos ter uma educação que entendesse bastante do que é o erro, para que nos instruísse, desde cedo, à aceitação de sua existência e, assim, nos levasse a um crescimento interior adequado.

Porém, se observarmos a riqueza de tudo, a partir do que somos, corpo e alma, haveremos de ver aí algo a que chamaremos de perfeito. No sentido de bem construído, bem projetado por sábia engenharia. E disso retiraremos um bom aprendizado tanto quanto uma alegria clara. Da mesma forma, a natureza terrestre e o universo como um todo são essa perfeição, beleza extrema. Em verdade, estamos cercados de beleza - e, de certa forma, de perfeição -, apesar dos pesares. E deveríamos compartilhar mais isso, não o contrário. Deveríamos contemplar melhor toda essa gratuidade em vez de nos envenenarmos nos nossos (mesquinhos) desejos.


|Autor: Webston Moura|

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Webston Moura
, administrador deste blog, é Tecnólogo de Frutos Tropicais, poeta e cronista. Natural do Ceará, Brasil, mora no município de Russas, na região do Vale do Jaguaribe. Aprendiz de Teosofia, segue a Loja Independente de Teosofistas - LIT. Tem apreço por silêncio, música, artes plásticas, bichos e plantas. É também administrador dos blogs O Caderno Livre e Só Um Transeunte.
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sexta-feira, 14 de março de 2025

Ser e Significar




Impression, sunrise (1872)
- Claude Monet



"O grande trabalho da evolução ocorre de dentro para fora.
A Alma é o Observador; ela olha diretamente para as coisas.
A ação da vontade flui através das ideias.
As ideias dão as direções."


Navego, e é tudo.
As particularidades se expressam,
mas são apenas formas distintas da mesma
coisa.

Grande é o rio.
Meu coração,
ao ver as águas,
tenta saber para onde.

Ontem, menino,
corria sob o céu nublado
e não mensurava o tempo.

Hoje, dentro do calor da idade,
tento saber o caminho, fazendo-o.

Há uma estrada escura.
Não é o medo, mas o mistério!
Há uma hesitação posta,
mas sei que devo seguir.

Observo meus conviventes.
Eu os aguardarei na luz
quando, enfim, juntos estivermos,
longe de todo desvio.

Quero não apenas existir,
mas ser e significar.



|Autor: Webston Moura|

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, administrador deste blog, é Tecnólogo de Frutos Tropicais, poeta e cronista. Natural do Ceará, Brasil, mora no município de Russas, na região do Vale do Jaguaribe. Aprendiz de Teosofia, segue a Loja Independente de Teosofistas - LIT. Tem apreço por silêncio, música, artes plásticas, bichos e plantas. É também administrador dos blogs O Caderno Livre e Só Um Transeunte.
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Nunca Estamos Sós




Composição (1923)
- Janos Mattis-Teustsch



"Segundo a teosofia, portanto,
não há matéria morta no universo,
e a consciência cósmica permeia tudo o que existe."


Nunca estamos, de fato, sós, já que estarmos sós significaria, em suma, estarmos isolados. E se tudo é vida ao redor de nós, então sempre temos - e teremos - companhia.

Saber disso nos serve de que? Serve para compreendermos que fazemos parte de uma família enorme, colossal, a VIDA toda do universo e todo o mistério que isso encerra. E também nos serve para, enxergando isso, percebermos um alto propósito, que é o propósito da vida como um todo. Nossa condição nos faz, a nosso modo, especialmente conscientes disso. Nossa condição nos convida à uma evolução consciente.

|Autor: Webston Moura|

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Existir




Existência 1985) - Manabu Mabe



Existir e saber:
ser esta marca no real.
Da pérola no escuro da ostra
ao hidrogênio disperso no universo,
existir.

Meus olhos veem,
meu corpo todo sente,
meu inteiro ser sabe.

Existir e saber:
riscar o papel geral da vida,
falar uma língua própria,
mas mais: designar
e aceitar o jogo cego da estrada.

Existir e saber:
perto de tudo, sim,
embora sem a tudo decifrar.

Existir e saber:
ser de tudo contemporâneo,
do peixe extinto ao brilho do Sol.


|Autor: Webston Moura|

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quarta-feira, 12 de março de 2025

Estas Linhas




Brodway Boogie Woogie
- Piet Mondrian



Estas linhas que não são um rosto,
que não são um pássaro,
eu também as gosto.

Estas linhas que expressam regularidade
e determinada monotonia,
linhas diferentes da música do oceano,
eu também as gosto.

Como gosto da lua e do pintassilgo,
do vestido limpo no corpo lindo,
da palavra sincera e do respeito mútuo,
do arroz quente no ar frio da cozinha
e da marcha do trem na estrada de ferro.

Porque gosto do que,
com esforço,
traz beleza ao mundo.

Meu ser é faminto
de flor e riso,
de trovão e lago.


|Autor: Webston Moura|

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Os Detalhes




Orange and White (1962)
- William Scott



O caminho não existe, disse o pensador. Existe a realidade. O caminho é obra do caminhante dentro da realidade. Anda-se, cai-se, levanta-se, aprende-se. Até que outra luz, melhor, brilhe na alma. A vida é possível, se desejada na corrente do que é sábio. Os detalhes estão por aí, convidando-nos a um olhar. Os detalhes importam muito no arranjo de tudo.


|Autor: Webston Moura|

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