quinta-feira, 12 de setembro de 2024

Mirar



Painting (1925) - Joan Miró


Não dizemos mirar. No sentido de ver e observar, não. Mas é tão bonito! Mirar. A mim me parece mais se apossar daquilo que se observa, tendo-se, talvez, alguma intenção de se aproximar. É mais íntimo. Sensual até. Claro, isso é subjetivo de minha parte.

quarta-feira, 11 de setembro de 2024

As Ilhas



Corfu (1989) - Patrick Proktor



As ilhas são exílio,
dimensões outras
do espaço nosso.

Como Corfu,
ilha Jônica
de azulíssimo céu
e águas claras.

As ilhas,
como Corfu,
se assim olhadas,
são auto-desterros
que podemos usar,
se é que podemos.

Quem nelas nasce, de tédio vive,
por ser dali acostumado.

As ilhas são exílios,
a que nos damos,
se o pudermos.
Se não pudermos,
nós mais sonhamos,
se assim nos cabe.

Como Corfu,
esta que toco,
mas só com os olhos,
sem me dar mais
destes tão-longes
de sonho e paz.





|Autor: Webston Moura|

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Webston Moura
, administrador deste blog, é Tecnólogo de Frutos Tropicais, poeta e cronista. Natural do Ceará, Brasil, mora no município de Russas, na região do Vale do Jaguaribe. Aprendiz de Teosofia, segue a Loja Independente de Teosofistas - LIT. Tem apreço por silêncio, música, artes plásticas, bichos e plantas. É também administrador dos blogs O Caderno Livre e Só Um Transeunte.
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segunda-feira, 9 de setembro de 2024

O Imaginário



Untitled - Wols



"No More Lonely Nights" é uma canção do Paul McCartney, constante do álbum "Give My Regards to The Broad Street", de 1984. David Gilmour, da banda britânica Pink Floyd, está presente nas guitarras. É um exemplo do que eu ouvia no rádio quando era adolescente. Sem a necessidade de que cantores e bandas tentassem me deixar excitado com letras "picantes" e dançarinas se esforçassem em rebolados, exibindo bundas, como hoje se vê, abundantemente.

domingo, 8 de setembro de 2024

Um Leopardo Prata



Ecriture No. 050520 - (2005) - Park Seo-Bo


Não sei disso o alfabeto, o caminho, a sinalização clara que diga para onde. Não sei disso mais que o estalo no ar, a presença viril, como um caju no cajueiro ou um lagarto sobre uma rocha. Não sei disso a reentrância do desejo, a intimidade molhada das coisas que, só íntimas, assim o são. Não sei disso de tomarmos café juntos e partilharmos as derrotas ou as conquistas. Disso sei como sei do andar da mulher na rua, pisando com sua elegância o olhar de quem estanca o passo e observa, sem revelar o coração ou o passado. Disso sei como quem sabe de um leopardo prata no escuro da noite, correndo, sozinho, total.



|Autor: Webston Moura|

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, administrador deste blog, é Tecnólogo de Frutos Tropicais, poeta e cronista. Natural do Ceará, Brasil, mora no município de Russas, na região do Vale do Jaguaribe. Aprendiz de Teosofia, segue a Loja Independente de Teosofistas - LIT. Tem apreço por silêncio, música, artes plásticas, bichos e plantas. É também administrador dos blogs O Caderno Livre e Só Um Transeunte.
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Cegueira



O cego (1913) - Egon Schiele




"Por vezes tudo se ilumina.
Por vezes sangra e canta."
- Herberto Helder, Poemacto - II



Entretanto,
se não vês,
é como se nada ocorresse,
é como se estivesses trancado
a uma jaula numa ilha remota,
sob a vigilância de teus algozes,
é como se dormisses na embriaguez
de quem sequer levantou a cabeça
para olhar o sol brilhando sobre as coisas.



|Autor: Webston Moura|

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Nem Tudo Faz Sentido



G-1 (1985) - Emil Schumacher


Há quem não goste desse tipo de arte. Refiro-me à pintura que você vê aí na postagem,  a tela G-1, de Emil Schumacher. Eu digo o contrário, digo que gosto, pois gosto tanto do que é figurativo como de outras formas, o que inclui esta maneira de pintar, que se chama Taquismo.

Ah, mas o que ela quer dizer? Não sei. Isso fica por conta dos estudiosos, de quem vai atrás. A mim, como pessoa que simplesmente se emociona, basta-me a comoção, o encantamento.

sábado, 7 de setembro de 2024

Infância e Futebol



Futebol - Mario Zanini


Não era bem meu interesse fazer aquilo. Desde que me entendo por gente, sou assim um tanto desligado, mais pensativo que prático. Mas ali estava eu, manhã já findando, os meninos jogando, a bola correndo.

Ficamos, uns poucos, depois que a aula acabou. Era o horário da manhã. A escola, que era grande, com espaço de sobra, era também agradável. E permitia que ficássemos, ainda que fosse além do horário. Se não sempre, mas aqui e ali, permitia.