sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

A MOÇA DE MANNHEIM

Tarde.
Acácias pra lá e pra cá.
No terreno ao lado
patos e galinhas.

O carteiro, de repente,
um pequeno envelope.
Dentro, um cartão
(um recorte urbano,
uma moça e seu sorriso).
E a mensagem dizia:
Não moro no Rio,
sou viajante do mundo.
Felicidades!

Acostumado a cheirar papéis,
tomei o envelope mais o cartão
e os cheirei.

Assim, procuramos pelas pessoas,
pelas suas trilhas.
Ainda animais, embora enternecidos,
farejamos.

E ninguém reduza o cheiro dos papéis
a alguma coisa numa cadeia de carbono.
A moça de Mannheim não merece esse tratamento.



OUTROSSIM - Ao longo do tempo e o que as cervejas empossam. As travessias feitas e outras por chegar. O dia que está nascendo na cidade talvez. As palavras que nunca mais gostaria de ver nos sentidos viciados em que estão empregadas pelos gentios ─ esquecê-las. E, quem sabe, mais tarde há de chover. Olhos fechados, um cais com uma moça de branco acenando um lenço, onde se lê o tempo é uma oferta sem devolução. Elishebha, sua raiz. Beija-me, agora!


│Autor: Webston Moura
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