Não sabe onde toca, dentro de si, o piano.
Escuta-o,
mas não com os ouvidos,
e não
uma só música, que há muitas tocando.
Sabe-se
saudável; não se toma por delirante:
pessoa de
imaginação estendida e aberta, segue.
Como
não encontra a porta que dê para o lugar do piano,
tampouco
o piano diretamente sobre seu nariz, procura.
Lembra-se
─ como não? ─ da casa incendiando-se,
seus tios
correndo, os vizinhos juntos, a rua acesa.
No meio
do fogo, ardendo severo, ia-se o piano.
Faz
tanto tempo, faz tanto tempo, faz tanto tempo.
Tanto tempo!
│Poema
da Série “Objetos Perdidos” – Autor: Webston Moura│