O corpo
passou; a pedra, não.
E como
pode este homem ainda a levar?
É que a
pedra é sua reza inarredável,
sua
insubmissa amante, a que lhe come a carne.
A casa
mudou, enrugou-se;
a
oiticica, defronte, deita seus velhos galhos;
o
silêncio ocupa as imagens rotas nos retratos;
e este
homem, velho, ainda a carregar a pedra,
uma amada irresolução, uma porta bem aferrolhada.
É seu
coração, que de todo não é só pedra,
mas que
da pedra, esta que fere, muito vive,
sofre,
teima, ilude-se e, por fim, há de morrer.
│Poema
da Série “Tempo e Vida” – Autor: Webston Moura│
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Webston Moura, administrador deste blog, é Tecnólogo de Frutos Tropicais, poeta e cronista. Natural do Ceará, Brasil, mora no município de Russas, na região do Vale do Jaguaribe. Aprendiz de Teosofia, segue a Loja Independente de Teosofistas - LIT. Tem apreço por silêncio, música, artes plásticas, bichos e plantas. É também administrador dos blogs O Caderno Livre e Só Um Transeunte.
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